A roda dos ventos é algo que desde muito cedo manda e desmanda nas minhas paixões e nas minhas ilusões, muito cedo através da Caça-Submarina o Vento Leste tinha uma mística anormalmente forte, pois ele trazia-me aguas limpas e mar calmo na costa norte que por força da natureza estava vedada à prática deste nobre desporto até que o vento Leste se dignasse a soprar, com ele nasciam as prévias expetativas de grandes jornadas subaquáticas, na véspera sonhava com os buracos que não visitava há muito, aquela baixa que não era visitada por qualquer ser terrestre há várias semanas, aquele cantinho que de um dia para outro passava de adamastor a mágico, tudo isto apenas possível porque um vento leste soprava trazendo com ele a chave da terra dos sonhos.
Curiosamente este mesmo vento que me sopra paixões de infância insiste em perseguir-me, é ele quem eu continuo a esperar que sopre e que traga com ele as Galinholas, a mais recente Paixão. Estes dias que muitos acham frios a mim aquece-me a alma, faz-me novamente sonhar, penso e repenso no que poderá este vento trazer, de onde vem ele, vasculho notas antigas para saber se soprou assim outros anos nesta mesma data, se trouce com ele Galinholas, se está mais ou menos frio de outros anos, é desta forma que engano a alma, que acalmo os nervos e que sossego ansiedades!
Pois bem, no ano passado vi a primeira Galinhola dia 1 de Novembro dia da abertura, tinha soprado uma lestada fria semelhante a esta que estamos a sentir estes dias, será que este ano é idêntico, será que elas vão entrar para entreter caçadores e experimentar cães novos, será, será... logo se vê no domingo até lá há que sonhar, pois os sonhos comandam a vida.