sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

DIÁRIO DE UM BECADERO. Relatos na primeira pessoa.




Aqui estão compilados todos os relatos editados no blog até à data, são relatos reais das minhas jornadas de caça à Bela Dama, umas melhores outras piores, umas mais outras menos memoráveis mas todas sem excepção na companhia dos meus fiéis companheiros e de grandes Amigos.




Basta clicar em cada Link que se segue para aceder ao diário.

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sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

O Sabor da Dama.

Outrora exclusiva de ser degustada por Reis e Nobres, nos tempos que correm é degustada apenas com prazer por, caçadores ou verdadeiros apreciadores com carteiras abastadas, que podem pagar verdadeiras fortunas por uma refeição de Galinhola num ou outro exclusivo e requintado restaurante, que faz desta ave um prato de elaborada preparação e de finíssimo aspecto que embeleza uma mesa e distingue uma carta de menu.

Este espaço é dedicado ás inúmeras receitas de confeccionar Galinholas, vamos aqui trocar ideias sobre às formas diferentes de preparar um bom prato de Galinhola.

Venham de lá essas receitas.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Diário de um Becadero. 2008/09 parte 3

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Um dia sem Baguinho.

30/11/2008
Poderá parecer estranho, mas a realidade é que caçar sem o Baguinho naquele pinhal não é o mesmo, não só porque a imensidão me dispersa ou porque frequentemente me perco, sendo meu guia o pequeno GPS que me acompanha, mas sobretudo porque aprendi a apreciar a sua companhia, os seus ensinamentos, creio ele não se aperceber da importância que tem a sua presença ao meu lado nas jornadas becaderas. Sem Baguinho a jornada foi estranha, andava sem rumo, apesar de tudo dei com pássaros, nenhum dos quais dos muitos vistos por nós na quinta-feira. O Faruck depressa me faz um rasto a grande velocidade, lia no cão uma galinhola andarilha pela frente, que larga se levanta e voa para a zona mais conhecida, deixo-a para o regresso, foi assim que o Baguinho me ensinou! Mais á frente o cão faz um novo rasto naquela velocidade alucinante que o caracteriza, fica parado e a Dama sai, larga não atiro. Sabia onde tinha mais ou menos pousado, o cão, esse tem nariz e sabe muito de pássaros, ouço rapidamente o beeper a tocar, corro o mais que posso, ofegante mal me acerco do cão ele guia por debaixo de um tojo, ela sai, boa, tão boa que a errei com um único tiro, obviamente fiquei desiludido, o cão tinha feito um trabalho lindíssimo e eu não conseguira completar o lance da melhor forma. Subo o cabeço tendo a certeza que ela estaria ali, o cão esse nem precisou de indicações e, já se ouvia novamente o beeper, sai-me tapada com um pinheiro, erro-a novamente, não estava em mim, sai depois sozinha para nunca mais a ver. Meu Deus, que dia complicado. Fui então ao eucaliptal, mas infelizmente nada, apenas mais água caída do céu para me refrescar o humor. Era tempo de ir ver da primeira, como Baguinho me ensinara, sai sim mas larga, atirada depois por um “taliban” dos coelhos, ouviram-se 3 tiros, mas penso, ou pelo menos rezo para que não a tenha abatido. Espero outra oportunidade, mas desta vez com o meu Amigo Baguinho, para me orientar nas voltas e me acalmar nos momentos complicados de pássaros falhados, que me deixam um pouco mal disposto apenas comigo mesmo.


Muitas é pouco, tantas penso que também…

(01/12/2008)

Pouco faltava para as quatro da manhã quando me levantei para fazer a habitual viagem anual de Abertura ás Galinholas. O destino era o Algarve, desta vez sozinho, pois o Jorge já lá estava, tinha ido de véspera. A viagem foi longa, numa noite escura de chuva e frio, levava como inerte companhia o Frick e a Uva que fizeram todo o caminho dormindo, também me acompanhavam as minhas ideias, pensamentos e memórias do ano transacto onde naquele local tinha visto muitas Galinholas, na minha cabeça pairavam duvidas e perguntas, “será que haverá pássaros? Será que vai chover demasiado que nem saímos dos carros? Será que a cadela é mesmo boa nestes terrenos onde cresceu e se fez becadera? Será, será, será…” tantas eram as minhas duvidas quantos os quilómetros a percorrer, sozinho no carro era normal que um apaixonado pela Dama tivesse tantas questões que punha a si mesmo. Devo dizer que as minhas expectativas eram pela primeira vez esta época altas, a zona é do mais belo que conheço, um nicho, um microclima inacreditável que as galinholas elegem todos os anos, aliado a isto o facto de só abrir em Dezembro, o que significa que há lá aves que já lá estão há mais de 3 semanas, já dominam o seu território, já conhecem os cantos á casa, o que por vezes dificulta o trabalho dos cães mas que sem duvida embeleza os lances, que são quase sempre precedidos de um trabalho de rasto de rara beleza, culminando com belas paragens num cenário surreal, ali tudo se conjuga, ali tudo é perfeito!
Cheguei meia hora mais cedo ao local de encontro habitual, um café numa estação de serviço, pouco depois as caras do costume começam a chegar, velhos becaderos especialistas nesta caça, que mesmo antes de eu ter nascido já eles andavam naquelas terras em busca da Bela Dama, um a um vão todos chegando, a jornada prometia para já ser concorrida, certamente com muita gente a caçar num espaço tão reduzido.
Pouco passava das 8 horas quando entramos na mancha, desta vez de mãos soldadas ao ferro e com muitas expectativas. Poucos minutos depois começam a soar os primeiros tiros, muitos, havia alturas que parecia uma jornada de tordos, o coração acelerava inevitavelmente, passo a passo lá ia penetrando na mancha, devagar pois a progressão é complicada para os caçadores, os cães nem por isso, o terreno é limpo junto ao chão, com muitas folhas secas caídas, tão do agrado da Dama. Os tiros soavam, o tempo passava e não via nenhum pássaro, não me espantava, apenas eu não conhecia o terreno, apenas eu olhava para onde pisava, apenas eu tinha de ter um olho na cadela e outro a tentar desvendar o melhor refugio das Galinholas, ao contrário de todos os outros que iam de crença em crença. A cadela estava no seu quintal, brincava ali, estava alegre e muito caçadora como nunca a tinha visto, como uma criança que brinca com os brinquedos em casa dos avós, com muito mais vontade! Numa clareira colada a um caminho a cadela dá sinal, um breve deslize e fica parada, sai a primeira Galinhola, completamente tapada, ainda atiro numa réstia de esperança que um tiro louco a deitasse por terra, mas por terra ficaram as minhas expectativas daquele abate, vejo-a esgueirar-se longe já, por entre emaranhados de todas as espécies botânicas possíveis.
Não tardou a parar outro pássaro com o mesmo resultado, saindo tapadíssima, esgueirou-se também a um tiro feito á mancha e não ao pássaro.
Ouço atrás de mim um disparo, olho para cima e o vislumbre do dia e de uma vida, uma galinhola passa por cima das copas dos pinheiros novos, mesmo sobre a minha cabeça, contemplo-a maravilhado, vejo-a a voar de bico para baixo, talvez ela também em tenha visto, maravilhosa imagem, não fui capaz de disparar, não era justo.
Com tanta gente no meio daquela mancha fechadíssima, caçadores em todo o lado, ouvia chocalhos em qualquer das direcções, sentia-me uma presa e não um caçador, resolvi por segurança sair dali e fazer a extrema da mancha, os pássaros mexidos no meio costumam ficar nas extremas. A Uva fica então parada fora da mancha nuns matinhos razinhos ladeados por um pinheiro manso e uma pequena aglomeração de estevas, sai o pássaro largo da cadela, tinha-a parado a uns 30 metros, mais uma vez atiro mas com canos 61 cilíndricos, a coisa é complicada, decido então descer e procurar a Dama que não podia estar longe, visto não haver nada muito elaborado por ali onde ela se pudesse esconder, pouco depois a Uva novamente parada, mais uma vez saía larga, antes de eu puder atirar, desta vez o voo foi maior e, para a zona onde tinha saído pela primeira vez. Começa tudo de novo, a cadela fica-me novamente parada junto a umas estevas, mas depressa desmancha e guia até dentro das estevas, lá dentro fazia o seu papel bem feito, estava realmente no seu meio. Ouço então a galinhola a bater as asas dentro das estevas, a cadela não desarmava e fazia o rasto que a ave deixara dentro das estevas, vejo-a então sair larguíssima, desta vez pensei “não te vejo mais!” o cenário para onde ela tinha ido era de manchas infindáveis de estevas. A cadela sai das estevas e de cabeça no ar a apontar para o céu faz-me algo que nunca tinha visto um cão fazer, segue a emanação que a Galinhola tinha deixado no ar, ao voar a não mais de 3 metros de altura, a distancia foi enorme, talvez mais de 300 metros, até um velho pinheiro manso, pouco depois mete o nariz em baixo e fica novamente em mostra, a galinhola sai de umas estevas que faziam companhia e aqueciam os pés ao velho pinheiro, que desta vez deu guarida rápida ao pássaro, ainda atirei mas o pinheiro aceitou para si o chumbo que não lhe era destinado, vejo o pássaro mandar-se para o chão para umas estevas do outro lado do pinheiro, a cadela novamente em mostra, a Galinhola como que rendida, sabendo que as estevas mais novas não lhe dariam o coberto necessário para uma fuga vitoriosa, levanta e fica como que parada no ar, de bico a apontar ao chão e asas para o céu, um tiro certeiro e um cobro magnifico da Uva. Estava radiante, aquela Galinhola deu luta, deu-me algo que nenhum outro pássaro me tinha dado antes, foi um longo duelo, intenso de igual para igual, onde a cadela desequilibrou, não estava em mim, estava maravilhado com a cadela, agora percebia o porquê do Jorge ter querido tanto comprar esta cadela, que por portas e travessas era agora a minha cadelinha.
Vou então trocar de cão, o Frick tinha agora a oportunidade de caçar, não demorou muito a ele ficar também parado com uma Galinhola, que saiu numa zona fechada a voar junto ao chão, apenas a vi porque me baixei rápido e vi-a deslizar a uns escassos 30 cm do chão, as coisas não estavam mesmo de feição para mim.
Mudámos de mancha e a Uva pára-me mais uma Galinhola, numa zona demasiado fechada, vejo-a já no ar, fora da mancha a voar na extrema, não mais a vi, o Paulinho ainda viu nessa zona 3 mas complicadas. Os meus companheiros tinham feito o cupo, cada um tinha as 3 de lei, além de belos lances com os seus cães.
A manhã estava no fim era hora de regressar, com apenas um pássaro, mas com muitos lances na cabeça, daqueles que me dão razão para adorar os meus cães, muitos acham-me maluco de fazer 650km para abater um pássaro tão pequeno, mas há algo mais que estas pessoas não entendem, a verdadeira razão de se ser becadero.

Pontapé na moita.

(04/12/2008)

Poderíamos achar repetitivo, 6.45h no local do costume, mas falando por mim, eu neste momento e nesta época do ano, enquanto a maioria do comum dos mortais anda entretido nas compras próprias da época, embuido num espírito Natalício, eu e alguns Amigos andamos mais num espírito Becadero, ansiamos que os dias passem para que cheguem os dias em que temos jornadas marcadas ás Galinholas, portanto pouco ou nada tem de repetitivo uma jornada Becadera, não há dois dias iguais, não há dois lances iguais.
Poderia achar que o começo da jornada seria mais do mesmo, mais uma vez a volta feita já vezes sem conta, mas não. Baguinho delineara uma estratégia diferente desta vez, talvez uma noite dedicada ao pássaro e num ou outro lance ali perdido, Baguinho pensara detalhadamente como se uma jogada de xadrez se tratasse.
Assim foi, a estratégia era então do mais simples e lógico possível, ou seja fazermos a extrema da mancha de frente um para o outro. Mas talvez a Dama adivinhasse, ou tivesse naquela manhã um sexto sentido que a levou a perceber o nosso plano, pois não deu resultado.
Apenas mais à frente vejo um pássaro sair, largo e sem me deixar chegar, vi para onde ela foi, faço sinal ao Baguinho que ia uma à nossa frente, chegado ao cimo vejo o Faruck parado, mas o rabo a dar lentamente dizia-me que tinha já saído, Baguinho vê sair já larga, deixamo-la então para o regresso como costume.
Noutro local onde o cão me tinha parado um pássaro no domingo, sinto que ali haveria algo, num caminho vejo o cão remontar e ficar parado, o beeper toca, acerco-me do cão e já larga sai o pássaro que roda para trás, erro um primeiro tiro distante e acerto um segundo e ultimo muito largo, o pássaro cai, o cão rapidamente cobra, não estava ainda a crer que tinha mandado a baixo aquele pássaro tão difícil e tão longe, mas por vezes caem nestes tiros distantes.
Andamos mais um pouco e começa a chover, Baguinho tinha-se esquecido do encerado no carro, decidimos ir lá busca-lo e aproveitava-mos para ver da que andava a monte, não estava uma mas sim duas, uma errada por cada um de nós, pássaros estes que não mais os vimos.
Vamos por comum acordo procurar um pássaro que o Jorge encontrara e falhara assim como o Baguinho que num outro dia também a tinha falhado.
Novamente uma nova estratégia se estava a delinear na cabeça do Baguinho. Chegados ao local, ele sugere que façamos a extrema do terreno e que procuremos a Galinhola de baixo para cima, pelo lado oposto ao que a tínhamos habituado, concordei pois era uma estratégia que me agradava. Fizemos então a extrema, rodamos até ficarmos pela frente com a zona onde achávamos que estaria o pássaro, não demorou muito até o Faruck ficar parado, chego-me ao cão ele começa a dar ao rabo, percebi que tinha já saído, desmancha a mostra e segue no rasto, não mais de 20 metros até ficar novamente parado, desta vez virado para mim, agora tinha a certeza que ela estava lá, o cão não mexia, numa expressão de muita beleza tinha a ave controlada que estava num tojo pequeno na base de um pinheiro novo, o beeper toca e o Baguinho observava tudo a não mais de 4 metros de mim, ela não sai-a pois o terreno limpo ali à volta era tudo o que uma galinhola não gosta, dou então um pontapé no tojo e o pássaro sai, abatido ao primeiro tiro, “lindo, que lance” exclamei! Baguinho sorridente dá-me rapidamente os parabéns, o lance tinha realmente sido magistral.
Pomo-nos então ao caminho, numa zona por nós conhecida e que já tínhamos comentado que este ano ainda não tinha-mos lá visto pássaros, Baguinho faz-me sinal que tinha visto uma que se levantara larga, diz-me também que era das toureiras, pouco depois erra-a saída aos cães, vejo para onde ela foi, Faruck e Rafael depressa fazem o rasto, ela levanta-se tão devagar, mas tapada, não atiro, os cães não tardam a meterem-na no ar novamente, tapada não atiro, mas Baguinho abate-a ao seu primeiro disparo da Calibre 20 e, diz ao Duque que hesitava em entregar o troféu “Duque dá cá a toureira!” finalmente ele tinha o seu pássaro, inevitavelmente outros olhos apareceram na cara do meu companheiro.
Uma jornada de belos lances, 3 abates e 5 levantes foram o bastante para nos divertirmos.


O toque interminável.

(07/12/2008)

Mais um domingo de Galinholas, a hora foi desta vez alterada, para mais tarde, pois dia a dia o sol tarda em despertar e faz-nos esperar sempre mais uns minutos para irmos ver das nossas Damas, o inverno tem destas coisas.
A noite tinha sido chuvosa, a madrugada estava fria e sem chuva, mas o escuro aqui e ali no céu dizia-nos que a manhã seria sem dúvida mulhada, portanto teríamos de levar na bagagem os impermeáveis.
Entramos na mancha pelo local do costume, numa das boas zonas e nada de pássaros.
Já levava-mos talvez uma hora de caça sem vermos o que fosse de Galinholas, até que o Beeper do Faruck interrompe o silencio do bosque e os meus pensamentos, saio desalmado a correr, mas o cão fez uma daqueles lances tão característicos nele, algo que apesar de o conhecer bem não sei o porquê dele fazer isto, sai disparado em linha recta, de cabeça no ar, quem o visse pela primeira vez diria que ia a fugir de algo, mas não, vai sim longe, directo a uma Galinhola, como se sempre soubesse que ela ali estava, foi assim mais uma vez!
O beeper a tocar intermitentemente, eu a correr, mas ele desta vez estava bem longe, parei uma, duas, três vezes para perceber de onde vinha aquele som mágico, quando me apercebi ao certo, percebo que o beeper se tinha calado, olha para a frente e vinha em pleno voou a Dama, direitinha a mim, mas rodou ao ver-me e pousou num caminho a uns 40 metros, eu a vê-la ali desprotegida no caminho, podia tê-la abatido no chão, mas não fui capaz, aliás, dizendo a verdade nem me passou pela cabeça abatê-la no chão! Ela levantou quando me aproximei, direita ao Baguinho que a erra larga.
Não demos mais com ela, fica o doce som do Beeper que por vários segundos alegrou uma manhã até ali muito igual, Baguinho dizia-me o que eu percebera, que era a Galinhola que vimos um Becadero errar na quinta feira, desta vez foi o Faruck a para-la por demasiado tempo, esperaram por mim cão e pássaro um tempo interminável mas que infelizmente não consegui chegar a tempo de completar um lance fantástico.
Fomos então palmeando terreno em busca de um outro pássaro, um outro pássaro conhecido do Baguinho dava-lhe mais uma vez a volta, saindo larga no momento e no local que ele esperava, também não a vimos mais.
Depois o insólito acontece, o Faruck faz um rasto e fica parado num molho de lenha velha que pousava em cima de um tojo, numa zona limpa em volta, eu mal me apercebo chego-me ao cão mas o pássaro não espera e sai para a frente atirada e errada pelos dois, vimos onde tinha pousado, mas o cão apesar dos tiros não desmancha a mostra, faz um novo rasto e novamente parado no mesmo local, achei estranho e comentei com o Baguinho “deve estar no quente” mas não, sai um outro pássaro do mesmo local, não queria-mos acreditar. Sabia-mos onde estavam duas Galinholas, decidimos ir um a cada uma. Eu á que foi para a frente, Baguinho para a que rodou para trás. O Faruck depressa entra num rasto e pára a Galinhola que não me sai má mas que erro, ouço o tiro do Baguinho, ele matara a dele. Fui novamente atrás da minha, ouço então o beeper do Faruck, corro e lá está ele parado, num aglomerado de pinheiros finos, altos e demasiado juntos, ela sai tapadíssima, atirei mas com a noção que a tinha errado em ambos os tiros, sai tipicamente da forma que bem sabem, aos zig zages por entre os pinheiros. Em tom alto disse uma daquelas asneiradas, não ao pássaro, não ao cão, mas a mim próprio, não queria acreditar que tinha errado um pássaro parado 3 vezes pelo cão.
Pouco depois o Duque levanta uma Galinhola que o Baguinho erra, mas longe dali e na borda de um caminho o Rafael para muito bem, o Faruck paralelo com ele a escassos 4 metros estava também parado no rasto dela, mas a dar ao rabo lentamente, percebi que era o Rafael que a tinha, mas de repente o Rafa começa a dar ao rabo lentamente sem desfazer a paragem, olho para o Faruck e vejo que este agora estava mesmo com ela, o pássaro quis ludibriar o Rafa, mas deu de caras com o Faruck, mas novamente o inverso, ela volta ao local inicial, vejo então o Faruck a começar a dar ao rabo lentamente e o Rafa sem se mexer a fixar a cauda, de repente ela sai e abato-a ao primeiro tiro.
Que espectáculo, a Galinhola tinha tentado dar a volta aos cães, mas estes são demasiado experientes para entrar e picar o pássaro, trabalharam-na tão bem com tanta classe, que eu estava radiante.
A jornada findava pouco depois com bons lances mas apenas 2 abates.


Uma tentativa falhada.

(08/12/2008)


Segunda-feira feriado, fomos dar uma espreitadela numa ZCM que eu costumo caçar todos os anos, numa tentativa de poder-mos ver um ou outro pássaro em locais diferentes do habitual, mas as coisas não correram muito bem!
Depois das inscrições necessárias, lá fomos ao campo, demos de caras na melhor mancha com dois caçadores se é que isso se lhes pode chamar, ás pressas entraram na mancha, como se andassem a caçar para comer, eu chamo o Baguinho e decido mudar de mancha, para outra que bem conheço, pelo caminho um total descampado vejo que vínhamos a “ser seguidos” pelos dois autênticos talibãs, que aceleraram o passo de forma a entrarem na mancha primeiro que nós, com 5 cães para 2 caçadores o que só por si é ilegal, entraram na mancha passando á nossa frente, as coisas não estavam a correr bem, pelo que olho para o Baguinho e sugiro irmos embora, pois aquilo não faz parte da nossa filosofia de ver a caça, não sou assim, não caço para comer, pouco me importa para quem é a caça no final, apenas guardo para mim a beleza dos momentos que não acaba no términos de uma refeição, aliás, tenho ainda Galinholas do ano passado, dei bastantes a amigos que não as caçam mas que as gostam de comer. Andar numa correria para ver quem chega primeiro á mancha e, depois não haver respeito pelos outros não faz parte da minha educação, pelo que me meti no carro e rumei mais Baguinho para o “nosso” couto.
Já em terras que não há deste tipo de gentinha as coisas começaram a correr melhor, pois sai-me uma velha conhecida num local também ele muito conhecido, que a abato num único tiro, mas a fraca beleza do lance e os percalços do inicio da manhã tinham transformado esta manhã de Galinholas em algo sem muita historia e que não desejo recordar!


A mais bela certeza de um becadero.

(13/12/2008)

Sem Faruck, emprestado ao único Amigo que tem o privilégio de desfrutar dele, desta vez para fazer umas filmagens de caça ás Galinholas para o Canal caça&pesca Espanhol, a escolha recaiu no Frick.
A jornada foi no local que mais gosto de caçar ás Galinholas, uma pequena crista de finos pinhos com uns vizinhos eucaliptos que comungam o mesmo solo com tojo, sargaço e poucas estevas novas.
Conheço bem demais este terreno, sei as crenças, sei onde se deleitam as Damas, sei onde as procurar a cada levante, aqui sou eu que dito as regras, não elas.
Começo com a cadela numa zona minúscula de maracha, onde todos os anos alberga um pássaro, mas que desta vez não tinha nada.
Mudo-me então para a zona que mais gosto, onde verdadeiramente desfruto de uma jornada ás Galinholas. Saio com a Uva, em direcção a terrenos de crença, fazendo todos os cantinhos conhecidos capazes de ter uma Galinhola, vejo então na “crença maior” uma galinhola a voar calmamente, fugida do som do chocalho da Uva que nem se apercebeu dela, pois a ave tinha saído muito antes de nós lá chegarmos, permaneci calmo, estava sozinho descontraído a desfrutar da jornada e, acima de tudo tinha a certeza para onde ela fora.
Inteligentemente fiz com a cadela o terreno de onde ela tinha saído, pois não era a primeira vez que me saíam ali duas, mas nada. Decido ir trocar de cão, sei das qualidades e defeitos dos meus cães, tenho a plena noção o que esperar deles, sabia que a Galinhola estava certamente na estrema num bico de tojo, terrenos onde a cadela não está á vontade, não sabe e não gosta de rasgar o vestido no tojo, com o Frick no carro, mais dedicado e trabalhador o tojo não seria problema e sem duvida era a melhor opção.
Troco então de cães, retiro o chocalho ao Frick, esta era demasiado sensível de ouvido, ia agora como diz o Jorge “á paisana” sem beeper e sem chocalho, mal entro no bico da mancha o Frick levanta a cabeça e começa a dar violentamente ao rabo, tinha-a no nariz, seguiu-se um jogo misto de escondidas e apanhada entre uns espinhosos tojos, então ela sai já larga do cão, mas é abatida num disparo certeiro, estava feita a primeira da manhã, abatida facilmente, mas inteligentemente trabalhada.
Vou então ver de mais uma crença, o Frick no meio do eucaliptal fica parado, acerco-me e ele desfaz a paragem sem seguir no rasto, estranhei, palpitava-me que o pássaro tivesse saído momentos antes, marquei a zona e deixei-a para depois de ver uma pequena mancha que estava com demasiado pasto.
No regresso decido investigar melhor a zona da anterior paragem do cão.
O Frick alheio a paisagens sai disparado e em linha recta, até trabalhar rapidamente um rasto e ficar parado a uns 40 ou 50 metros de mim, com o cão parado sai a Galinhola, não me mexo e ela vem direitinha a mim, mais baixa que as copas dos eucaliptos, tão linda, tão facil que já a via no chão, erro-a com 2 tiros e, vi a ir-se embora, não queria acreditar, escandaloso pensei!!!
Era tempo de engolir a saliva que se acumulara na minha boca e tentar encontrar o pássaro. O Frick cada vez mais entusiasmado procurava incansável um pássaro que o dono tinha a obrigação de ter abatido. É jovem ainda não entende que o dono falha muitas vezes aqueles tiros que se julga de extrema facilidade, tem tempo de perceber isso, como eu tenho de melhorar.
Com cabeça tentei fazer a busca da melhor maneira possível, até que o Frick fica novamente parado, mas novamente a desfazer e a não seguir num rasto, talvez tenha saído novamente, pensei para comigo.
Até que num altinho no meio de um todo igual Eucaliptal o cão dá novamente com ela, desta vez já não deu paragem, mas foi morta ao primeiro tiro, apesar de tudo este tiro errado ajudou a ter mais um lance para fazer um cão que cada vez é mais uma certeza, cada vez mais é um cão Becadero!


Mais Frick…

(14/12/2008)

Uma manhã fria e com pouca chuva, começámos como sempre e com a convicção do costume a pisar os mesmos terrenos, Baguinho também como habitual á Esquerda e eu á direita, novidade apenas eu com o Frick e não com o Faruck, que continuava no seu papel de artista a parar pássaros para o filme noutras bandas.
Passado pouco tempo estava já num caminho, esperando que o Baguinho sai-se também ele da mancha, de frente para a mancha vi o Frick um pouco longe de mim entrar novamente para a mancha, ouvia o chocalho cintilar intermitentemente, ouvia também o chocalho do Rafa e do Duque não muito longe do Frick. Pensei então para comigo, “ainda vai sair um pássaro ao Frick e vai passar aqui a jeito…” daqueles pensamentos que se tem, mas que não julgamos passar disso, mas o certo é que o pássaro sai mesmo e passa mesmo á minha frente a cruzar a mancha a escassos 20 cm do topo do tojo, um pouco larga erro-a com 2 tiros, apesar de tudo vejo-a pousar na extrema da mancha, fomos lá mas nada, certamente tinha-se já furtado, não demos com ela.
Decidimos então ir ver uma zona que tinha-mos visto um pássaro e que o Baguinho tinha errado, mas que julgava que eu a tinha abatido depois parada pelo Rafa. Sinceramente nunca tive a certeza que seria o mesmo pássaro, sempre pensei que eram pássaros distintos, ao contrário de Baguinho. Desta vez e não longe do local onde ela saiu ao Baguinho, sai-lhe novamente, com 3 tiros estranhos ela ia-se embora alta, já que a coronha da calibre 20 do meu Amigo tinha ficado presa no oleado não permitindo um tiro limpo. Vejo-a muito alta, mais alta que os pinheiros bravos já velhos, ia direitinha a outra Herdade, até que a uns escassos 30 metros da rede que separa as terras e a mais de 200 metros de onde nos encontrávamos, vejo-a cair seca, grito para o Baguinho, “Baguinho caiu, caiu…” corremos lá, ele não queria acreditar, pois não tinha visto o pássaro cair, ali estava ela no meio de um caminho, o Homem ficou rejubilante de alegria, deixara de ser um pássaro errado e passara a ser um pássaro cobrado.
Ia-mos então ver de um pássaro conhecido, longe dali, pelo caminho deu-me mais um daqueles feelings e, digo que deveríamos cruzar um terreno em vez de irmos pela estrada a encurtar caminho, o companheiro concordou! De seguida vejo o Frick a fazer um rasto muito enérgico e a ficar parado, corro mas antes de eu lá chegar o pássaro sai, da um típico salto de peixe, mas os cães correm a trás e metem-na no ar, calma voa até pousar num alto ali perto, sem correrias vamos ao encontro dela. Baguinho palpitava-lhe a estrada, a mim palpitava-me o interior da mancha, aos cães palpitavam-lhes, bem esses não lhes palpitava nada, apenas procuravam uma emanação que lhe desse a certeza a eles e nos confirma-se a nós os palpites. Depressa o Frick pega num rasto, eu sabia que ele a tinha pela frente, colado ao cão ia vendo aquele espectáculo indescritível, o cão de cabeça no ar, a remontar e a parar, a remontar e a parar, até que percebi que aquilo tinha de acabar ali, pois a seguir havia uma limpa e, mesmo antes da limpa o cão fica parado, percebi que o jogo do Gato e do Rato, ou neste caso do Cão e da Galinhola chegara ao fim, ela sai e abato-a ao primeiro tiro. Que espectáculo, que coisa maravilhosa, o Frick tinha-me dado um lance daqueles que ficam a matutar dias a fio. O pássaro caiu em cima de um tojo, mas o cão com um salto recuperou-o. Baguinho dava-me os parabéns pelo lance e pelo abate.
Não muito longe e com forte convicção, ia-mos ver da baptizada por (Carlos Lopes) pois era um pássaro que tínhamos visto no dia em que ele foi connosco.
Ela sai ao baguinho a escassos 2 metros dele, ele como ouve mal nem a sentiu nem a viu, vejo-a abrir as asas e pousar num buraco enorme cheio de pinhos e mato, ainda a levanto mas demasiado tapada não atiro.
Mais uma jornada magnífica onde o Frick me provou que se houver pássaro, ele está á altura.


Um enguiço quebrado.

(23/12/2008)

Parado no 13 há já demasiado tempo, talvez por culpa minha, talvez por culpa do pássaro, talvez por ser becadero, talvez porque a caça uns dias são dela outros do caçador. O que é certo é que parei no 13º abate e penei para sair dali, mas desta vez as coisas mudaram.
Um dia atípico, a normal quadra de caçadores desmantelou-se por diversos factores, apenas 2 resistentes se mantiveram fiéis à Dama, eu e o Mário Vicente.
Como habitual começamos por volta das 8.30h num local que achávamos que poderia ter pássaros, pelo menos era essa a nossa expectativa, pelo menos foi assim na época transacta. Desta vez apenas uma Galinhola nos brindou com a sua presença, saiu ao Mário. Uma das cadelas pega num rasto e fica parada e sai no rasto, a outra faz o rasto na direcção oposta, o Mário apostou em seguir a cadela mais velha e experiente, apostou mal! Pois quem a tinha pela frente era a cadela mais nova, a mais velha estava a fazer o rasto no sentido errado, Mário ao engano sente a Galinhola sair à cadela mais nova, ainda atira mas não consegue abate-la. Não demos mais com ela.
Depois, bem depois mais um daqueles feelings meus. Ao fazer a extrema junto à rede vejo uma outra mancha de montado com sargaço, com bom tamanho e aspecto e virada a Norte, uma mancha que nunca fazemos mas que me fazia antever algo de bom.
O Mário aceita a minha opinião e fazemos então a mancha. Desta vez saio com o Frick com Beeper e sem chocalho, ao meu estilo. Deixo o Mário escolher a posição que quer fazer, escolhe a direita, fazendo eu a esquerda junta da vedação. Optei por fazer os cabeços em detrimento das covadas com sargaço demasiado fechado, o Mário queixava-se disso mesmo, eu aconselhei-o a subir e fazer antes as cristas e deixar as covas.
Pouco depois o Frick parado à minha beira, numa pequena clareira de sargaço numa depressão no alto de uma crista, o pássaro sai e é abatido. Mais uma vez o Frick a parar-me muito bem parada uma Galinhola, a felicidade que me abandonara por alguns dias, volta a mim, de novo um sorriso becadero instala-se no meu ser. Pode parecer estranho mas quem me conhece sabe da minha paixão e da minha forma de sentir esta caça, a forma intrínseca e dependente que tenho de ver as Galinholas, sabem que uns dias de caça sem pássaros são o suficiente para mexer comigo, para mudar o meu humor, aliado a umas jornadas azaradas de lances perdidos e de pássaros falhados e, a ter o meu Faruck em casa prestes a ser operado, são razões mais que suficientes para que me sinta triste.
Mais à frente novamente o Frick parado, a Galinhola sai direitinha a mim, não quis atirar de frente pois tinha a noção que era demasiado perto, deixei-a passar e errei 2 tiros daqueles impossíveis de falhar, daqueles a rodar a mão que tanta dor de cabeça me dão!!! Não queria acreditar, que estupidez, que lance maravilhoso do Frick desaproveitado…
Não dei mais com ela, era hora de mudar de mancha e ir ao cantinho do Faruck, onde costuma ter sempre pássaros. Mais uma vez o meu palpite a zona fez jus ao nome e mostrou-nos 2 pássaros. Uma abatida pelo Mário e outra que ele não conseguiu sequer atirar.
Uma jornada a dois, bem disposta e bem caçada, com 5 levantes e 2 abates, um bom almoço com a agradável companhia do Mário.
A cada jornada que passa sinto e vejo que cada vez mais o Frick está ciente do que anda a fazer, cada dia que passa tenho mais cão tenho mais becadero, os lances dele cada vez são mais e cada vez melhor trabalhados e finalizados, uma tripla de bons Pointers becaderos que me dão sempre pássaros se eles lá estiverem!

De realçar o facto de um amigo ter abatido uma Galinhola anilhada em França, algo incomum mas que deve ser tratado com a devida atenção, pois será remetida a informação ao CCB em França.












Relatos sobre a Dama "Dezembro"

. Este tópico destina-se aos caçadores de Galinholas reportarem as suas Jornadas com a Bela Dama, podem enviar-me as historias e fotos que queiram partilhar publicamente neste nosso espaço de amantes da ave, enviem relatos e historias, é mais uma forma de todos nós termos conhecimento de como vai correndo a época no nosso território, bem como trocarmos experiencias sobre alguns lances.
Poderão enviar os vossos relatos, Historias, opiniões e fotos para: pedramua@hotmail.com
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Por: Josué Vilas Boas.
02/11/2008
Muito bom dia. Apesar da neve lá conseguimos rumar até Vimioso, perdendo o dobro do tempo na viagem enfim, mas com um resultado que para este ano até não foi nada mau - uma perdz para cada um da linha! O meu binomio das galinholas bem tentou subir á serra de Montemuro, mas como certamente viu nas noticias, este era um dos piores trajectos por aqui no norte e portanto bicudas ficam para 5ª, com as expectativas bem redobradas.
Até lá um abraço rusticula.
Josué Vilas Boas.
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Por: Marcio Simões 02/11/2008
No Domingo depois de ter ido ás narcejas, ainda fui dar uma volta a um salgueiral onde há sempre uma bicuda, as minhas expectativas eram poucas, tinha chovido mt e o terreno exceptuando as zonas mais altas estava demasiado encharcado, e foi aí que após 30 min que a Java deu a única galinhola do dia á morte, no feriado tinha combinado com um amigo meu irmos para outra zona de caça, 3° graus e a chover a potes a vontade não era mt, mas lá fomos, a chuva essa foi companheira de toda a jornada, fizemos 9 levantes (6 com paragem), galinholas a levantar largo, outras a nem levantarem, a última galinhola esteve parada pela Hélia e a Mira mais de 5 min, que mais parecia uma eternidade, fazem o deslize e galinhola nada, a zona estava bem cercada, terá voado antes de nós chegarmos ou fugiu á pata? Não sei nem consigo perceber, mas é disto que é feito a mística da caça á galinhola, resultado final 3 galinholas, uma molha do Miguel até ao peito (teve que ser puxado pela caçadeira p/ conseguir sair) e um belo entrusamento de cães, a Java é a 3ª vez que sai ás galinholas e de todas as vezes deu galinholas á morte, por este caminho vou ter cadela…
Um bem hajam M. Simões ____________________________________
Outra forma de caçar as galinholas
05/12/2008
Caçar as galinholas só com cães de parar, a única arma permitida é a câmara de filmar ou fotografar. Convido todos os amantes desta caça, digo amantes pois o habitual curioso terá mais dificuldades em aceitar este desafio, em cada dia de caça tire um terço do tempo disponível para fazer este exercício ( Caçar as galinholas sem arma só com cães de parar, a única arma permitida e a câmara de filmar ou fotografar). Se conhece um local de crença em que o pássaro se instala , não mate esse pássaro, esse será o local ideal para iniciar os seu cães mais jovens, ou quem sabe iniciar o seu álbum fotográfico. Vou partilhar uma história contada por um amigo. " Um caçador amante dos cães de parar e grande criador de setters numa certa época de caça as galinholas ia todos os dias ao mesmo pinhal com um setter diferente , o cão ao fim de algum minutos parava uma galinhola o dono mandava-o deslizar e a galinhola lá saia a voar por entre as arvores ,o caçador apontava a arma durante algum tempo sem disparar e o cão permanecia imóvel a observar o vou-o da mesma, fazia-o sempre sem atirar a galinhola . Um curioso local ao ver o caçador todos os dias a entrar no pinhal e sair sem dar tiros e sem caça alguma, decidiu averiguar o que de facto se passava . Um belo dia, tudo se repete a cão para o dono manda-o deslizar e a galinhola saía a voar por entre as arvores ,o caçador aponta a arma durante algum tempo sem disparar, o curioso vê a galinhola a passar por ele e não hesita mata-a ao primeiro tiro , cheio de orgulho pela destreza do tiro e ainda curioso com o que se tinha passado com a arma do dono do cão interroga-o. - Então o sr. não consegui disparar ao pássaro? E dono do cão disse-lhe: - Não, essa era única galinhola existente neste pinhal, eu vinha cá todos os dias só para caça-la não para a matar . " " E na morte do pássaro que todo o encanto acaba. " A caça adaptada as novas realidades e a preocupações ambientalistas vai passar por uma reestruturação a todos os níveis. Um dos aspectos mais importantes na mudança, será a mentalidade do caçador português, e a opção pela qualidade em detrimento da quantidade, o melhor caçador na realidade moderna não e o que mais mata, mas sim o que maior prazer tira com um menor numero de caça abatida, pois a caça a muito que deixou de ser um meio de subsistência para ser um desporto de lazer. Ass. Paulo Miranda __________________________________
Mais um filme dificel de te contar!
05/12/2008
Como te tinha dito, na semana passada, em Montalegre, não pode ir às galinholas, pois o nevão foi tão intenso aqui no norte do País, que ninguém conseguia passar para esses lados!Bem, dois dias sem caçar! Estava a ficar desesperado! Ao mesmo tempo pensava nas entradas das aves nessa semana, pois finalmente tinha chegado o Inverno em Espanha, França e Alemanha, o que me levava a concluir, que as minhas zonas de caça estavam agora com mais alguns pássaros.De facto, toda a semana, telefonava para Montalegre, ao Sr. José, ao Sr. Fernando e ao Sr. José Manuel, todos Eles companheiros de Montalegre. Diziam: “ estão algumas aves a entrar “! Eu ficava mais animado e ansioso, à espera de melhoras no tempo, pois só pensava na próxima caçada, porque ainda não as tinha visto este ano! Enfim, coisas da vida!Falei também com pessoal de Viana de Castelo, bem perto do litoral, esses é que já viram pássaros e às dezenas! Por isso, levava-me a concluir que muitas galinholas que vieram até nós, acabaram a sua rota no litoral. Já era de esperar, quando cai muita neve no norte do País, eu fico sem aves e eles têm mais sorte, assim como Tu Jorge!O vício era tanto, que esta quinta-feira, resolvi meter o pés ao caminho, pois grande parte da neve já tinha derretido e isto prometia mesmo!Levantei-me às 6:30, dei o leitinho a minha filha como de costume e fui leva-la à Ama. Depois foi buscar os cães e o meu inseparável colega de caça. Chinela, lá esta à minha espera às 7:00 em ponto. Rumo ao pequeno-almoço, galinholas a cima, galinholas a baixo, lá ia-mos falando e falando de aves! De repente, só me apercebo de ver um carro a minha frente....e prússsss, lá me estatelei num desgraçado que se atravessou a minha frente, vindo do cruzamento do meu lado direito, não respeitando o stop do seu lado. Bem, se já estava nervoso, mais fiquei!Chamei a GNR, entretanto tratei da papelada e só pensava: “ não tenho sorte nenhuma, tanto tempo sem ir a caça, tinha que me acontecer logo esta porr....! Bem, mais uma vez, coisas da vida!Documentos, preenchidos, o meu jeep conseguia andar em perfeitas condições, lá rumei a Montalegre, tentando não pensar no que me tinha acontecido, pois foi fácil, porque só pensava em galinholas, galinholas, entradas, neve, etc.Chegado ao destino, desta vez o meu local preferido, terreno este cheio de imensas giestas negras e grandes, mesmo grandes!Lembro há uns anos, o companheiro Jaime lá ter morto 7 aves num só dia. Local este, de facto bom, pois muitas aves se metem dentro deste enormes giestais de difícil acesso, só os cães lá conseguem entrar, ladeados por gado ovino por todo lado! Por isso a chuva também não penetra, e já sabemos que estas aves não gostam de apanhar pingos nas costas!Já na aldeia, comecei a caçar por cima da mesma, mancha após mancha, nada saía! Belo trabalhava lindamente, mas Tia, não queria sair de perto de mim, o típico Perdigueiro Português, não sei o que lhe deu, apesar nos meus incentivos.Após 2 horas, nem uma ave vimos. Ainda alguma neve, dificultava o andamento de todos nós. Nisto, Belo, numa correria, levanta-me duas perdizes já fora de tiro! Eu pensava, pelo menos podia pendurar uma perdiz! Já desanimado, ao fazer a volta para o carro, diz Chinela : “podias bater aquele giestal cerrado!” Eu pensava para mim: “ não demos com nenhuma bicuda, lá iria estar uma mesmo ali”.De facto tinha razão, Belo entrou pelo lado contrário, quando logo de seguida a bicuda saiu também pelo lado contrário, ou seja, felizmente para o meu lado, não dando tempo ao cachorro de a parar. Tia cobrou logo de imediato, entregando em mão como de costume, cobro este excelente, de olhos arregalados, tal como eu, a cadela até parece chorar de alegria..... eu pensava.... Sou feliz, tenho a minha primeira ave este ano.Muito obrigado Senhor, por me teres ajudado a ser feliz mais uma vez.
Luis Novais - Guimarães
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3 Pássaros a voar...
Com o decorrer dos dias em Dezembro, é cada vez mais evidente a chegada de pássaros cá por cima. Nada de admirar, pois como Tu sabes e temos falado, estes em Novembro não chegaram a Montalegre, ou melhor, foram vistos um aqui, outro ali, etc. Logo pela manhã, mesmo ao chegar ao meu local de crença, avistei uma galinhola enorme que se cruzou em frente ao carro, a qual Chinela apontou com os braços e abateu logo ao primeiro tiro! “ Isto promete, uma já está, dizia Ele!” Eu ria-me da situação, mas de satisfação, pois era bom sinal! Chegado ao local, paramos para pensar como deveríamos bater os giestais e os carvalhães. Sugeri então começarmos pelos giestais, pois desta forma, algumas tendem a voar par dentro de carvalhães serrados e estes seriam batidos no final. Assim foi. Belo, como habitual corria lá para dentro e Tia ao meu lado, como estivesse à espera de cobrar a peça como já é costume! Chinela caminhava por cima dos cabeços, eu por baixo nos lameiros, pelo nosso meio ião os cães. Belo, dentro dos giestais, cheira algo de certeza, pois a sua cauda abanava de tal maneira, que mais parecia uma bandeira ao vento. Tinha que ser alguma. Aviso Chinela pelo rádio, fico atento mas...nada! De certeza que esta, já se tinha esquivado para outro lado. A caçada continua, e a cena volta a repetir-se no cimo da serra onde os giestais, dobrados pela neve que tinha caído, eram negros e densos, mas nada..... Parei lá em cima, chamei pelo Chinela e enquanto fumava um cigarro, disse “ vais agora Tu por baixo ao encontro daqueles carvalhães, que eu descerei por este lado até lá.” Pelo caminho, Belo marra de tal maneira que eu disse: “ mais uma!” Mas não, era um melro ratado de baixo de uns ramos tombados ao pé das giestas e o meu coração quase me sai pela boca. Nisto, continuo a descer, a descer até ao ribeiro, onde tive dificuldade em atravessar, pois levava muita água devido ao degelo das montanhas mas lá consegui passar. Já junto aos carvallhães, chamei pelo Chinela para se pôr do outro lado, pois eu entraria pelo meio. Novamente Belo, numa correria para aqui e para ali, pressente algo, mas nada, mais um falso alarme. Nisto ao chegar ao topo, avistou num deslumbre rapidíssimo o vulto negro a dobrar o cabeço, que só me deu tempo para erguer a arma, pois nem se quer tive tempo de apontar, só me restava de ouvir o tiro no Chinela no outro lado, mas....nada! Viro para a direita, Belo e Tia desta vez trabalham em conjunto no rasto de alguma, e zaplazapzalapla..... nem deu tempo para Belo marrar, pois estava quase lá a chegar bem perto dela, no entanto, consigo os dois tiros, mas a bicuda desvia-se com uma mestria e rapidez que só visto! Vejo onde ela pousou, acendo mais um cigarro e espero um pouco. Chamo o Chinela, e rumo até lá. Conto-lhe o que aconteceu, pergunto-lhe se não viu a primeira e fomos até lá devagar. Os cães, já lá estavam, Belo dentro do sujo, desliza para a minha esquerda para fora na mancha em direcção ao lameiro que passava no fundo! Eu espantado, chamo por ele, mas ele nem se quer me quis ouvir! Dei uma correria para junto dele e mesmo ao chegar à descida do lameiro, Belo denunciava a sua presença do rasto trabalhando de um lado para o outro. Mais uma vez, zaplazaplazapla, mais um tiro e desta vez caiu, pensei eu, pois deixei de a ver voar ao mesmo tempo que atiro pelo meio dos carvalhães. Chamo pela Tia, e Belo desce até lá baixo primeiro! “Busca Tia, cobra, cobra. Após dez longos minutos, pensava para mim... não pode ser... falhei outra vez....quando vejo Belo já no cabeço em frente, cheio de giestas, em cima dela outra vez. Chamo a Tia, o Chinela e mais uma vez vou em cima dela. Nisto a Deusa, a misteriosa, a bicuda, a enganadora, a manhosa, faz o “ salto do peixe “ dentro das giestas, mais uma vez nem deu tempo para nada, só ver.... Chamo os cães, eles entram no rasto, para um lado para outro lado e nada, nada mesmo.... “ Que se passa agora, estou bem posicionado tu não sais, desta vez apanho-te !!! Pois é Jorge, foi assim, três passámos, zero abate, ou melhor o Chinela é que levou a melhor quando “matou aquela que lhe passou à frente ainda dentro do carro !!! ” Para a semana há mais, errei ajustar contas com elas ao mesmo local.
Um braço,
Luis Novais
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E de repente...‏ 07/12/2008
Último dia de caça às perdizes na Zona de Caça Associativa, decidi então levantar-me cedo e soltar o Zeus, um “cachorro” de 18 meses da mais pura raça Kleiner Munsterlander, merecia uma voltinha, mostrar-lhe que ali bem perto de casa, também há Perdizes, sem aquelas viagens chatas e aborrecidas que ele tanto detesta, em jeito de despedida das vermelhudas que ele tanto gosta, lá fomos nós, que saudades de andar lado a lado só com um dos meus amigos inseparáveis. Lá fui, de parcela em parcela, quando de repente…numa delas, em declive acentuado, abandonada como tantas outras, feno rasteiro e umas pequenas azinheiras a manchar a paisagem, o Zeus opta por descer por um lado e eu por outro, quando de repente vejo passar-me à frente, irrompendo do meu lado esquerdo, uma bela ave que instantaneamente me fez recuar uns bons anos e com os olhos quase fora das orbitas contemplei aquele voo enigmático e belo, era uma “Becada”; ainda levei a velhinha VS à cara mas…não podia fazer aquilo, é mais forte do que nós, nós os que sentimos como se deve caçar à Dama, e espantado com tudo aquilo, pensei: Será que voltei a ter um cão de galinholas? Lembrei-me da minha Simone de Alcobaça, a minha primeira Breton e que bem caçava ela à nobre galinhola, depois veio um Setter, o Parsifal, também ele bom ,mas…a Simone, deixou um vazio, que me fez arredar desta caça, trocar a Laurona “Especial Becada” e arrumar todo o material usado nesta paixão que é a caça às Galinholas em bosque. Resolvi, no dia seguinte (8 de Dezembro) voltar lá e…como quem não quer a coisa, deixar o Zeus cheirar, bisbilhotar e…na parcela de baixo, tira-me ele novamente a nossa já conhecida do dia anterior, que com um Eley 30 gr de chumbo 7, a derrubo para depois o Zeus efectuar um cobro como vem nos livros. Voltava a alegria e a paixão pela caça da Dama, retive-a na mão um bom pedaço de tempo, verifiquei a “pena do pintor” e…senti-me feliz, profundamente feliz. Resolvi então, regressar ao jipe, carregar o Zeus e…rumo à zona (uma das…) de querença delas. Fiz mais dois levantes, vi a “bomba” que se está ali a formar, generosidade, valentia, paixão, tudo aquilo que um cão de galinholas tem obrigatoriamente que ter, vi o espaço deixado pela Simone de Alcobaça mais encurtado e vi também mais duas Galinholas serem falhadas, tal o deslumbramento. Queria tanto que o próximo Domingo chegasse…voltei-me a apaixonar. PS. Aprendi a amar esta caça com Domingo, um Asturiano, verdadeiro caçador e Homem da montanha, e com ele também conheci a paixão pelos Corços, o Duende. A ele e para ele o meu obrigado, voltei a caçar às Galinholas.
Paulo Barbosa
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Montalegre,
11/12/2008
Jorge, lembras-te de te falar o cachorro novo (Belo)? Um cruzamento de Setter com Pointer!?Com certeza que sim. Mais uma vez uma galinhola, desta vez bem marrada por ele. Simplesmente magnifico e lindo de se ver.Foi assim : Rumo a Montalegre no dia 11 Dezembro, ia bater um local onde fiz dois levantes ao mesmo pássaro no domingo passado e tinha falhado no abate.Lá chegado, comecei por entrar por cima do cabeço, mas os cães não indicavam sinal de galinholas. Eu admirado, não queria acreditar, pois nesse local, tinha falhado aquela manhosa que me enganou por duas vezes, finalizando com o "salto de peixe" no meio dum giestal majestoso e impenetrável.Bem, então e agora? Vou bater um carvalhal enorme do outro lado a ver se encontro uma bicuda. Lá entrei, Belo e Tia ao meu lado a trabalharem lindamente. Mesmo na entrada, Tia faz-me uma paragem a qual Belo ao vê-la também marra junto dela. Não sei o que se passou, talvez algum pássaro já tenha estava mesmo ali e levantado sem que me tenha notado, pois não seria de admirar visto Belo caçar sempre um pouco afastado de mim, um defeito dele, mas ainda é novo.Mais a frente deixo de ver Belo, que numa correria entra para dentro de um sujo mas não o consegui acompanhar, pois não consegui passar.Já no final do carvalhal e com saldo negativo, avisto junto ao ribeiro um lindo conjunto de árvores serradas e fechadas, então pensei com instinto de galinhola: " se fosse galinhola este seria um bom sítio para mim ". Rumei até lá, quando Belo, já quase lá a chegar, o pássaro sai-me do outro lado, nem esperou por nós, aponto mas como vai larga não atiro, acompanho o voo e vejo-a entrar numa marrada de giestas baixas a uns 300 metros. Belo a correr a trás dela, Tia a mesma coisa, chego ao local já cansado deixando de ver Belo, mas Tia sempre a minha beira como de costume. Lentamente e atento ando para frente, para trás pois só passado 10 minutos é que belo a marra junto a um muro, salta por cima do cão e por cima de mim, deixou-a alargar um pouco e cai ao primeiro tiro. Tia cobra primeiro que Belo, mas como recompensa para Belo deixa-a cair e Belo faz-me o cobro. Simplesmente Belo e magnifico.
Um abraço,
Luis Novais
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Montalegre,
18 Dezembro 2008
Jorge, 3 passámos, zero abates, mas valeu a pena!
Nesta quinta-feira, valeu a pena e muito, um espectáculo de paragens à Dama dos Bosques para os cachorros. Com Tia e Belo a fazerem belas paragens a um pássaro que me fugiu inteligentemente.Num dos meus locais de costume, mal sai do carro, pedi a Chinela que se descolasse para o outro lado na mancha de carvalhães, mas mal entro pela parte de baixo, vejo Belo a correr a grande velocidade para dentro de um maralhado de carvalhos baixos e lenha velha. A bicuda sai-me com rapidez e mestria sem me dar possibilidade de tiro! Aviso Chinela, mas não foi preciso, pois ele já a tinha visto, larga... fomos então ver o local onde pousou. Batemos o terreno como deve ser, mas quase na extrema do giestal a Dama sai-nos novamente mas larga sem dar hipóteses de tiro novamente depois e nada..., nem rasto dela, com terrenos dobrados, carvalhães densos e giestais majestosos, nunca mais a vimos. Na próxima e se calhar vamos à “ paisana “, como Tu dizes!Continuam a busca, já em outro local, novamente peço ao Chinela que se desloque para o final do carvalhal, bato o mesmo sem qualquer rasto de bicudas, mas... já no final uma outra sai-me sem contar e vejo onde ela pousa! Belo logo de imediato a localiza mas falho a galinhola, ao mesmo tempo Tia e Belo tentam a encontrar mais à frente. Nisto ouço outro chocalho, e penso deve andar mais aqui alguém. Um setter veio ao meu encontro e o respectivo dono. Parei a conversar um pouco e resolvemos os dois ir atrás dessa... O companheiro novo por de baixo e eu ao meio do carvalhal, mal passo um muro de pedra, vejo Tia marrada a uns 15 metros, zaplazapla e arranca-me por de trás dos carvalhães rasteiros e pequenos, mas falho-a de novo... parei um pouco e pensei...”não pode ser...até me saiu bem...”. Belo fica marrado no rasto quente onde ela estava... lindo de se ver....esperei um pouco, pois poderia estar uma outra mas nada. Mais à frente, já no final do carvalhal, Belo sai a um caminho, vejo-o marrado e mal dou um paço em frente, a dama sai-me por de trás de um carvalho grosso, tento me desviar dele e vejo Tia e Belo numa correria caminho a baixo e a galinhola quase por cima deles a voar, atiro mas larga e falho-a de novo, aviso a outro companheiro que também a falha... falo com ele, e mais a frente novo levante, desta vez ele, mas falhou de novo dizendo “ esta ja nem merece morrer “ e tinha razão... não morreu.A jornada continuo, mas só Chilena viu mais uma longe, bem longe...mas não fomos atrás dela fica para outro dia.Resumindo : Um excelente dia de caça para Belo com três paragens, Tia com uma paragem lindíssima e zero abates. Há, vimos ainda um corço e um coelho...da próxima será ainda melhor.Um abraço para o companheiro de Vila do Conde que fiquei a conhecer, que certamente nos encontraremos um dia e um Bom Natal para Ti e para os Teus Jorge.
Luis Novais – Guimarães
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Jorge tudo bem? Espero bem que sim.
Este Domingo zero, foi mesmo para esquecer! A propósito lembro-me disto:
Cintando :
Sou um bom caçador de galinhola!
Certo dia nas matas de Guiães
O meu cão (sem fervor o rei dos cães!)
Assim como quem abre uma gaiola,
Citou-me uma manhosa a bom cariz,
Mesmo a ventar-me as abas do chapéu
(Isto é verdade ou eu não seja eu!)
A um palmo, se tanto, do nariz!
Sou atirador certeiro – nunca falho!
Mas acendi-lhe um tanto ao atrapalho
E a ladina fintou-me a pontaria!
O cão ladrou injúrias, descorçoado!
E eu lhe tornei: “Também já tens falhado!”
Baixou o rabo e seguimos caçaria!
Bom Natal,
Luís Novais
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Antes de mais um Bom Natal e um 2009 cheio de lances, são os votos sinceros do Josué e colegas. Infelizmente não tenho caçado ás galinholas, pois entretanto partiu o pai do meu mestre e como tal o interregno era inevitavel. Vamos este Domingo despedirmo-nos das vermelhas de Vimioso e depois sim dedicarei todos os dias ás nossas protagonistas. Entretanto no ultimo dia só cobrei um passaro e precisamente cobro este efectuado pela Diva na altura com 7 meses e 21 dias, antecedido de uma paragem de ventos inesquecivel, espero que o mestre não esteja enganado e que a cadelita se vá tornando Becadera. Um abraço e em breve anexo as prometidas fotos.
Josué Vilas Boas.
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PARA MIM FAÇO O BALANÇO DA ÉPOCA 2008/09 Guimarães, 29 Dezembro de 2008 Caro Jorge, Infelizmente Jorge, este ano para mim acabou de terminar na caça às Galinholas! Desde Novembro tenho andado atrás da Dama do Bosque como Tu sabes, mas, e como os dias na Municipal de Montalegre chegaram ao fim, embora se possa caçar em Janeiro e Fevereiro, decidi terminar este ano, não só por não ter mais dias comprados, bem como a partir de agora, cada dia custa 30 euros, lamentável a meu ver, acho demasiado caro! Mas a principal razão, leva-me a pensar, pois o meu companheiro de caça “ Chinela “ merece ir um pouco os tordos, caça que ele adora muito. Por isso, ficou combinado caçarmos aos tordos até final desta época de caça. Ele merece, não só por ter sido até agora um bom companheiro, bem como na sua impossibilidade de caçar a outras espécies, pois teve um enfarte há bem pouco tempo, a vida é assim Jorge. Caçar é muito mais que matar e distribuir euros a municipais mal geridas, ou seja, com fins monetários, sem uma gestão adequada, sem fiscalização e pouca caça, ou melhor, muita caça e ilegal! Convém variar um pouco a ajudar o meu parceiro de caça, pois ele merece mesmo. Montalegre, terra do saudoso Padre Domingos Barroso, que lá caçou a muitos anos, com os seus Perdigueiros “ Turco “ e “ Beleza “, quando havia de facto perdizes, lebres, entre outras espécies cinegéticas, tem sem dúvida muita potencialidade, não só em termos cinegéticos, como no ramo dos produtos regionais e hotelaria, umas das regiões do País mais ricas neste aspecto. Como exemplo tem a segunda serra mais alta do País, a serra do Larouco, tem o único parque nacional, “ Peneda Gerês”, tem ainda as albufeiras do Rabagão, Lindoso, Paradela, Sezelhe, Venda Nova, entre outras, de salientar o fumeiro tradicional e a vitela barrosã. De tudo um pouco, até cogumelos e trufas, alcateias de lobos tem. É de facto uma admirável e única beleza toda esta região. Em relação à Galinhola, terrenos estes demasiados bons para esta espécie, só tenho pena de seres de longe, pois, e caso contrário poderias ver com os teus próprios olhos! Aqui esta espécie abunda mesmo. O facto de caçar tão poucas aves, deve-se ao terreno ser demasiado grande, cerca de 40.000 h de zona de caça. Só para teres uma ideia, a caça aqui, chega ao ponto de procurares uma galinhola no teu carvalhal habitual tirado a papel químico de um da Roménia ou Hungria, lá encontrares uma ou três pássaros e no fim de semana a seguir, estes já não estarem lá. Isto porque, aqui há muitos caçadores de coelhos, estes caçam tudo menos coelhos, até corços matam! Serras dobradas e giestas enormes, regatos serpenteando por todo lado e cães novos, vêm de certa forma complicar a caça a esta espécie. Bem, tenho saudades do velho cão “ Xanana “ e do terreno livre, onde cacei muitas em Vila Pouca de Aguiar, Cabeceiras de Basto, Viana do Castelo, Aveiro, Paredes de Coura, Caminha, entre outras regiões. Para o ano, mude-me de vez, para uma reserva associativa em Montalegre, para a Serra do Barroso. Penso ser uma excelente zona de caça, conheço pouco, mas tenho boas informações de Galinhola, perdiz, rola, codorniz e rola. No final desta época lá irei conhecer melhor a nova zona de caça, pois estou cansado da zona de caça municipal...entre outras. Bem, Jorge no que diz respeito a balanço este ano é o seguinte: Novembro: 4 dias de caça e zero pássaros, nem os vi, embora tenham aparecido alguns... Dezembro: 4 dias de caça, muita neve, 7 pássaros, 2 abates, nada mau... com cães novos... Uma palavra para os meus cães, Belo e Tia. Um Pointer, fruto de um cruzamento com Setter, e uma cadela perdigueira portuguesa. Este merecem todo do mim, penso que até lhes dou pouco em relação ao que merecem. Um grande abraço para Ti Jorge e já agora um bom ano. Cumprimentos, Luís Novais – Guimarães

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Diário de um Becadero. 2008/09 parte 2



15/16 Nov. 08

Fim-de-semana penoso.

Marcado um fim-de-semana inteiro para vasculharmos uma ZCT, o pretexto era ver se tínhamos interesse em ficar com as Galinholas dessa Herdade.
Com cães e mulheres rumamos ao Alentejo para caçarmos e passarmos 2 dias.
A zona era essencialmente de estevas e montado, pouco, pois as árvores aos poucos e devido à doença dos sobreiros têm vindo a ser cortadas.
Já na Herdade as expectativas caíram a pique, não pelas condições da herdade, mas sim pelas condições meteorológicas, o carro ao passar, em vez de patinar em caminhos enlameados pelas chuvas devidas, deixava atrás de si um rasto de pó tão grande como a minha fraca expectativa em ver ali naquele dia algum pássaro de bico.
Começámos a caçar nas encostas mais sombrias de Estevão, demasiado fechadas mas com condições de meter um ou outro pássaro, os cães coitados sofriam para conseguirem caçar numa zona tão áspera.
Eu tentei colocar-me no lugar de uma Galinhola e pensar como elas e, comecei por uma zona que me parecia mais apropriada para ter um pássaro, o cão sem chocalho lá ia lutando com estevas bem maiores que ele, pouco depois levanta-se uma, larguíssima sai para trás junto a uma pequeno vale, sem sequer o cão a ver ou sentir, longe, longe, o pássaro que até hoje se levantou mais longe, demasiado áspera, arraçada de perdiz talvez.
Como a mancha acabava ali perto decido deixa-la sossegada e continuar mais um pouco, procurando por ela na volta.
No regresso recebo uma mensagem com uma foto de um pássaro, o Jorge tinha morto uma. Eu tinha uma ali á minha espera, mas tinha de ir ao carro dar água ao cão e eu próprio beber água. Já no carro combino com o Jorge ir-mos lá ver da minha que andava a monte, trocamos de cães, pois aqueles que já tinham saído estavam derreados.
Ela estava ali perto, ao delinearmos a estratégia num cruzamento de um caminho da herdade, vimos a Galinhola a levantar sozinho a uns 200 metros de nós, impressionante, como era áspera aquela Galinhola, ainda tentamos mas não a vimos.
A partir daqui nada mais teve grande história, apenas umas codornizes paradas pelo Faruck e um ou outro Javardo enorme que vimos passear-se indiferente a cães e caçadores.
No dia seguinte acordamos com um telefonema do Baguinho, que antes mesmo de termos tomado o pequeno-almoço, já Baguinho ofegante mas em tom de gozo nos dizia que tinha já aquela hora duas Galinholas abatidas, meu Deus, só me apeteceu meter de novo na cama!
O Jorge ria-se, que remédio, nós tão longe a penar e o Baguinho perto de nossa casa com 3 pássaros, mais tarde viemos a saber que ele ainda tinha errado uma terceira num lance caricato.
Certamente Baguinho é forte candidato como dizia Manél Brás, a Becadero do ano.
Nós fomos para o campo, eu pelo menos com a convicção que pelo menos aquela minha dissidente estaria á minha espera, mas não, nem essa!
Terreno duros, de muita esteva e sequíssimos, foi o que nos foi apresentado, mas que numa nova surtida mais para a frente, depois da chuva e da Conceição teremos de vasculhar com outros olhos e outras expectativas. Até lá mais caçadas noutras paragens e muita Terramicina nas patas dos cães.
A reter a boa hospitalidade e comida Alentejana, acho que vim mais gordo!



18 Nov. 2008

Mais do mesmo.

Esta pequena frase tem ditado todas as minhas ultimas jornadas em busca da Bela Dama, não sei se é caso para me desapontar, afinal não é mais do que se passou na época passada onde apenas fiz o primeiro abate dia 1 de Dezembro, esta época até ver está em todo igual à transacta. O tempo esse parece fotocopia, pouco frio, nenhuma chuva, nos países de Leste da Europa demasiado encalorados para que os pássaros se metam ao caminho, todas estas condições reunidas são o bastante para que seja certamente um época fraca, onde os pássaros se vão dispor em zonas menos habituais.
Francamente as minhas expectativas para esta jornada não eram as melhores, apesar da zona de caça ser a nossa melhor zona, onde muitos de nós fizeram o maior número da contabilidade final. Não estava muito confiante, para dizer a verdade não estava nada confiante numa jornada com abates. A madrugada começava com o vislumbre de um pássaro que na hora típica se cruzou comigo na estrada, ela vinha talvez a chegar de uma viagem longa, eu ia agora ao encontro de algumas companheiras suas de viagem.
A jornada começava esta época no mesmo local que começamos a anterior, onde há 1 ano também na abertura um companheiro tinha abatido 3 pássaros, mas infelizmente, ou não, na caça não há dois dias iguais.
O terreno seco transmitia-nos a certeza que ali não deveria estar pássaro nenhum, apenas pombos, muitos pombos que ao deixarem as árvores nos davam a sensação de uma Galinhola a levantar, aquela sensação que já me faz falta.
Zona após zona, tudo batido minuciosamente sem a presença de qualquer Galinhola, decidimos então mudar de mancha. Era hora de ir ao local que baptizamos como o “tem Sempre” a que eu e o Carlos chamamos o “cantinho do Faruck” pois ali naquela pequena mancha sempre vimos Galinholas e também ali vá-se lá saber porquê o Faruck dá largas á sua Paixão e inventa pássaros, desta vez não foi muito diferente, o Cantinho mágico uma vez mais não nos defraudou e fez jus ao nome que lhe demos, assim como o Cão, parecia saber onde pisava, dava a entender que conhecia todos os recantos, todos os sargaços, que tratava todos os chaparros por tu. Entra na melhor parte da mancha e descai à direita, rapidamente ou melhor a galope forte e convicto como lhe é característico faz uma linha recta direito a um pássaro, parecia que já sabia onde este se encontrava pois fez uma busca recta, directa e sem hesitação até ficar parado com a sua primeira Galinhola da época, mas um pássaro talvez recente num terreno seco não quis esperar que me acerca-se e ainda antes do primeiro cantar do Beeper levantou á frente do cão, que impávido e sereno ficou a vê-la ir, movendo só a cabeça acompanhando aquele gracioso movimento de asas. Não mais demos com ela, evaporou-se.
Um almoço farto com leitão de Javali, escalopes de Veado, acompanhado de bons queijos e regado com bom tinto e as inevitáveis histórias de outras jornadas foi o ponto alto de uma jornada fraca de pássaros.



20 Nov. 2008

Deu para tudo.

Realmente esta manhã curta de caça deu para tudo, finalmente a Dama Brindou-me com a sua presença de uma forma digna, 2 pássaros e uns tantos lances e uns quantos cartuchos vazios foi o bastante para sentir aquela adrenalina pura que só a Dama me transmite.
A volta foi a do costume, entrámos na mancha, Eu á direita o Jorge á esquerda, de forma a batermos a zona o melhor possível, pouco depois de entrarmos na mancha vi sair uma Galinhola larga e, foi o bastante para começarmos a jornada com outro animo e uma outra certeza, pelo menos um pássaro estava lá.
Decidimos ir ao encontro dela, sabia-mos que não poderia estar muito longe, pois as manchas devido a um grande desmate feito no verão, ficaram reduzidas o que nos facilitava um pouco a tarefa, pouco depois ouço o cantar do Beeper, o Faruck estava parado, novamente aquela sensação inexplicável de ouvir aquele som, a melhor forma de o descrever quando o ouço, é iguala-lo ao cantar de uma sereia chamando a si bravos marinheiros que, incapazes de dizer não encurtam o caminho para chegar o mais breve possível ao som do encantamento. É assim que eu me sinto quando ouço o Beeper tocar naquele Mar de pinhal. Apressei-me e corri levando á minha frente tojos e urze como se nada pudesse intrometer-se entre mim e o cão, mas ainda assim não foi o suficiente, ela já tinha saído novamente a pés, o cão esse não se deixou abalar por isso e continuou no seu galope forte na rebusca do pássaro, algo onde ele é bastante bom, em encontrar pássaros depois de levantados. Mais á frente por estupidez minha ou talvez por estranhamente não estar ali naquela hora e andar no campo a pensar em tudo menos no pássaro deixei o cão sem apoio fazer um rasto no final da mancha, junto do corta fogo, sabendo á partida que só podia estar ali e que iria pela zona que estava levantar e, assim foi, levantou mesmo para desta vez não a vermos mais.
De regresso ao carro o cão pelo aceiro fora fica parado num pequeno caminho que cruza o terreno, eu corro mas ainda sem o beeper chegar a tocar levanta outro pássaro, que atiro por descargo de consciência, mas errei-a inevitavelmente, chamo o Jorge e com ele decido rebuscar este pássaro, tinha noção onde ele poderia estar e estava, o Aron o Braco novo do Jorge pára-a, ela sai como ele costuma dizer quase tipo borboleta, e eu a ver tudo vejo o incrível, ele a errar aquele pássaro. Depois novamente Faruck de nariz no chão a fazer o rasto como ele bem sabe, com uma rapidez incrível, eu conhecendo o cão apenas digo ao Jorge, ela vai á frente do cão e vai levantar, assim foi, levanta numa pequena descida e eu atiro por medo, alto, pois o cão correu atrás e tapou a ave, o Jorge também a erra. Novamente o Faruck no mesmo enfiamento faz mais do mesmo, mas ela já devia ter levantado novamente, fui dar com ela na ponta da mancha, na zona mais normal e onde teria de estar, eu estupidamente deixei novamente o cão sem apoio, ele fez o trabalho dele, no rasto entre um rebuliço de tojo, ela levanta sem eu esperar e roda para trás, fiz 2 tiros pedindo a Deus que fizesse ali mesmo um milagre, mas o Deus do pássaro era mais poderoso que o meu, erro-a pela terceira vez, por culpa minha, pois devia ter apoiado o cão e da forma como saiu se tivesse eu a trabalhar em equipa ela tinha caído ali! Mas há dias em que não estamos com a cabeça na terra.
O pássaro acaba sim por levantar perto da calibre 20 do Jorge que finalmente a manda ao chão. Estava gorda e pela forma como fez a faena era pássaro que já tinha chegado á algum tempo, nenhum pássaro novo no terreno nos ludibria daquela forma.
Mais pelo cão que pelos abates, mas hoje não era dia para eu matar pássaro, quando a cabeça não acompanha o corpo não vale a pena, apenas o cão me deu mais uns momentos daqueles especiais, daqueles capazes de me libertar um pouco, fiquei contente pelo Jorge que teve nesta manhã a primeira paragem do Aron a uma Galinhola, aos poucos começa a fazer os cães novos, nesta fase isso é importantíssimo!



23. Nov 2008

Simplesmente magnifico.

Por vezes não há palavras para descrever aquilo que sentimos em determinados instantes da vida, por vezes uma simples sensação vivida por um Homem contém tamanha intensidade que se torna de difícil descrição. Sem saber se conseguirei descrever uma manha de Galinholas, vou pelo menos tentar relatar á minha maneira os lances e acontecimentos tão intensamente vividos por dois Amigos becaderos.
Pouco passava das 6.45h, hora combinada com a devida antecedência com o meu companheiro de caça Baguinho, já ele estava á minha espera no local do costume, apenas as nossas viaturas se encontravam na zona habitual onde deixamos os carros, era para já um bom indicio, os “Talibãs” ainda não tinham chegado, ou não vinham ou chegariam mais tarde. Depois de chocalhos e beepers colocados nos cães, farnel no colete, lá fomos nós em busca da nossa Bela Dama.
Não sei dizer quais eram ao certo as minhas reais expectativas, as jornadas anteriores tinham sido madrastas para mim, alguns pássaros vistos, alguns lances bonitos do cão desaproveitados e alguns tiros errados, tinham sem duvida deixado a moral algo em baixo, claro que não me deixo abater facilmente por contrariedades da vida, muito menos por estas simples contrariedades cinegéticas, talvez a minha grande paixão por esta caça me leve a viver as coisas de uma forma mais intensa, os lances perdidos são um drama e os concretizados de belo efeito são levados ao extremo.
Entramos na mancha pela zona habitual, eu como sempre e respeitando a vontade do Baguinho, mais velho e senhor daquele Pinhal, deixei-o escolher o lado que preferia fazer, ele á esquerda como é habitual e eu á direita, lá fomos em busca de tão belo ser.
A primeira volta seria aquela que mais promessas nos daria, mas, embora a forte convicção do Baguinho que repetia “tem de estar aqui um pássaro” caísse por terra ao chegar-mos ao final da mancha sem nenhum levante. Por comum acordo decidimos ir em busca de um pássaro que andava a monte desde a passada quinta feira. Não demorou muito a eu ver o pássaro cruzar num voou esplendoroso a mancha, furtando-se assim ao Baguinho e seus cães que nem a viram, ouviram ou sentiram. Vi onde ela tinha pousado, estava numa pequena clareira no centro de uma mancha de espinhosos Tojos, chamo o cão, o coração bate, sabia onde estava um pássaro que não me vira. O cão da um toque, levanta aquela cabeça tentando perceber de onde vinha a emanação, pois ela tinha pousado repentinamente e por ali não havia rastos, apenas uma ténue emanação dissimulada pela ausência de vento mas que o cão começara a captar, ela senhora daqueles terrenos, sem demora levanta-me já nas costas, saiu tapada por um pinheiro que naquele dia se sentia o guardião da Dama, mas que por minha fortuna não foi capaz de a defender de um tiro da minha bela Justaposta, a Dama tomba, o cão depressa corre para cobrar, uns segundos intermináveis e o cão sem dar com ela, começo a desesperar e chamo o Baguinho para me ajudar a desvendar o enigma, onde estava a minha Dama? Finalmente o Faruck começa a remontar direito a um rebolo de tojo, ela caíra dentro do tojo, o cão fez um trabalho magnífico para cobrar a minha primeira Galinhola da época. Baguinho como sempre felicita-me com um aperto de mão sentido, selando ali o lance.
Decidimos então ir numa outra direcção, em busca de outros terrenos que talvez albergassem nas suas entranhas um ou outro pássaro.
Fomos pelo caminho mais curto, eu ia como sempre maravilhado a ouvir as histórias do Baguinho, histórias de lances e de tantos pássaros ali abatidos, quase todos os cantos têm uma história, quase todos já tiveram um pássaro, quase todos têm, mesmo sem se ver o nome do Baguinho ali gravado. Não ia-mos a caçar, ia-mos até por um caminho discreto no meio do pinhal, eu, despreocupado e entusiasmado pelas historias que ia a ouvir nem estava a ligar ao cão, que pouco lhe importavam os contos do meu amigo, tinha sem duvida mais interesse nos pássaros de bico. Ouvimos os 2 um único toque do beeper, rapidamente olhamos para trás e ali perto o cão tinha parado um pássaro que saira ao beeper, incrivelmente para cima de nós, atiramos e cai a um disparo meu, que facilidade este abate, estávamos incrédulos, porque teria o pássaro saído para cima de nós e não para o lado contrário? Mais um enigma que rapidamente desvendamos, um “Talibã” estava no outro possível caminho de fuga, optando ela então por nos sair pelas costas, “talibã” este que levava pendurado um coelho e uma Galinhola presa pelo bico, não havia ali emoção nem respeito pela Dama, mas compreendo, nem todos têm de ter a mesma paixão que nós.
Baguinho sem mostrar qualquer indício de inveja ou desapontamento por não ter nenhum pássaro abatido pergunta-me onde eu achava que deveríamos ir?
Eu apenas tinha em mente uma pequena franja de Eucaliptal que me trazia boas memórias, com tão bom aspecto que na minha cabeça já imaginava mais um lance para um de nós, Baguinho hesitante lá aceitou a minha proposta, mas não sem dizer ao chegar á zona “detesto caçar nos Eucaliptais, isto não e próprio do pássaro” felizmente mordeu a língua, Rafael começa a remontar no local mais querençudo e vejo uma Galinhola sair á frente do cão e, já tapada Baguinho consegue um tiro certeiro de belo efeito. Seguiram-se as felicitações e instala-se um novo ânimo no companheiro. Não nos metemos ao caminho sem antes eu lhe dizer, “então eucaliptais não prestam…” como que intrigado responde-me “pois é Amigo Jorge, tinha razão!”
Decidimos ir dar água aos cães numa nascente escondida mas sempre útil, pelo caminho tivemos ainda um pássaro errado a meias que se evaporou.
Novamente um feeling meu, “Baguinho vamos fazer o lado contrário, pois ainda não o fizemos este ano!?” em consenso lá fomos, ainda bem que estava em dia de palpites certeiros, pois numa zona de mato alto, ladeada por fetos onde o Baguinho dizia “aqui é á francesa” porque em França se matam muitos pássaros nos fetos. O Rafael indiferente a cenários faz como sempre o seu trabalho, e pára uma Galinhola, desliza novamente, sinal que esta ia a pés e, volta a parar, pássaro no ar e um primeiro tiro errado, um segundo mal dado e um terceiro e ultimo para rematar e segurar o pássaro, Baguinho respirava fundo, eu no alto de um caminho apreciava o lance, um pássaro enorme e gordo, estávamos agora em igualdade, era merecido!
Decidimos então mudar de zona, dou um bocado de bolo mármore ao cão, um pouco de açúcar ajuda a recompor, pois tanto calor, pouca água e tanto terreno de tojo fortificado rebentam com qualquer cão, o Faruck estava também ele a desfrutar da jornada, cada vez que apanhávamos um corta fogo ele corria alegre, com aquele galope de cervídeo, saltitante demonstrava o seu contentamento. Mas o maior contentamento foi o meu pouco depois. Vejo o cão a remontar e a ficar em mostra, acerco-me dele e o beeper toca, o cão a dar ao rabo em câmara lenta dizia-me que o pássaro estava em movimento, um breve deslize de não mais de 1 metro e uma paragem firme, ela estava agora controlada, escolho a melhor posição e pouco depois o pássaro sai, como fundo a banda sonora do beeper e do meu próprio coração, um tiro certeiro e finava ali um lance que só por si valia a manhã, um lance que fazia valer a pena ter, treinar e cuidar 9 meses dos cães para apenas desfrutar com eles uns curtos 3 meses de caça.
Baguinho, mais acima apreciava o lance na sua totalidade, uns sinceros parabéns romperam o meu estado de euforia. Muita estética, beleza e firmeza, tinham transformado aquele lance em algo sobrenatural, algo impossível de descrever na sua mais pura essência, mas que me deu anos de vida!
Nada poderia terminar de outra maneira, sem que Baguinho tivesse também ele, o seu lance capital. Pouco menos de 50 metros, levantam-se 2 pássaros em simultâneo, um cai ao chão num único tiro certeiro, o outro pousa mas rapidamente é levantado pelos cães, Baguinho num momento de puro desportivismo aponta a um pássaro que lhe sai completamente á morte e, sem atirar diz, talvez ao pássaro, talvez à sua consciência, “não atiro, já tenho as minhas 3!” e num gesto de magnifico civismo e respeito pela Dama baixa a arma.
Um gesto que lhe dá junto com tudo o resto a faixa de “Becadero do Ano!”
Sabendo onde se encontrava a Dama, decidimos ir para o carro pelo aceiro mais proximo, para que os cães não importunassem mais nenhum pássaro! Afinal é para nos divertirmos não para chacinar.
Uma manhã produtiva, repleta de emoções, com a habitual dureza de terrenos ásperos que apenas estão disponíveis a cães especiais que jamais serão sepultados nas nossas memórias.



25 Nov. 2008

Á base de porco!

As minhas expectativas de um dia produtivo eram realmente fracas, sinceramente não pensava em mais do que acabou por acontecer!
Começámos a caçar numa zona que sinceramente não gosto, a zona tem o sargaço seco e demasiado fechado e algum pasto, havendo tão perto zonas com melhores qualidades, dificilmente uma Galinhola se enfiava ali! Aliás nunca ali matamos ou vimos uma Galinhola, o que me leva a não compreender as opções do grupo, mas em democracia as coisas funcionam assim, temos que respeitar a vontade da maioria, claro que aceitei a decisão sem o mínimo rancor e cacei com a habitual vontade como se estivesse num dos melhores locais da herdade. Inevitavelmente perdemos ali muito tempo sem ver um único pássaro!
Mudámos então de zona, para outra que também não me seduz. Aqui foi tudo á base de Javali, o Carlos logo de entrada teve o Prim parado com um enorme porco, que ainda deu uma cabeçada no cão, eu apenas ouvi o estrondo do encontrão e o ganir do cão, a navalhada foi mesmo de raspão tirando apenas o pelo da perna traseira, de uma forma tão perfeita que trabalho assim apenas está disponível ás mão de um dedicado barbeiro, ou de um porco com fraca pontaria, desta vez o cão teve sorte!
Pouco depois sai-me a mim outro porco enormíssimo, assim é complicado, os cães andavam desvairados, de cabeça no ar a parar porco aqui, porco ali, nem valia a pena perder mais tempo ali, O Carlos chamava fortemente pelo Prim, que estava ali tão perto parado com mais um Porco, eu lá vi o cão, tinha um porco pela frente e o Frick atrás a patronar que por sua vez tinha atrás de si o jovem Pointer filho do Faruck de 4 meses que também patronava os outros 2 e, sai mais um porco, eu dou um passo e sai-me debaixo dos pés um pequeno javali que se passeou á frente de todos nós. Assim não dava, os cães estavam estúpidos, não se fazia nada deles, cabeça no ar a ver se viam os porcos e desvairados a correr de um lado para o outro, era hora de sair dali rápido antes que houvesse problemas de maior.
Mudamos então de zona, para uma completamente incaracterística, montado despido, com uma ou outra pequena mancha de sargaço, dava parecenças a um grande mar salpicado de pequenos atóis desprovidos de vida devido ao seu reduzido tamanho. Eu pouco acreditava naquele terreno, para a lebre até era capaz, mas para Galinholas, hummm.
O Faruck como britânico que é cruzava o terreno a grande velocidade, pois a isso convidava, já no final da mancha e junto aos arames, o Faruck fica parado, o Beeper nem chega a tocar e uma Galinhola sai, estava num pequeno aglomerado de sargaço de não mais de 3 metros quadrados, que ladeava um velho sobreiro que tinha tatuado no corpo o numero 8, todos nós com os olhos tentamos seguir a trajectória até onde nos foi possível. Lá vamos todos tentar achar o pássaro, mas pouco depois foi errada pelo Mário que se apressou a dizer-nos “não devia ter atirado, ia larga” mas a caça tem destas coisa, atiramos quando não devemos e não atiramos em momentos oportunos, eu vi onde ela tinha ido e novamente todos no encalço da Dama, que se levanta novamente larga mais 2 vezes, acabando por morrer num tiro larguíssimo do Jorge, que inteligentemente tinha metido os canos de 71cm em vez dos habituais de 61 próprios para as Galinholas.
Seguiu-se um almoço rápido e em pé, fazendo de mesa o reboque do Mário, pois tínhamos muito terreno para fazer de tarde.
De tarde mais um pássaro errado pelo Carlos, que também ele dizia que não deveria ter atirado, pois esta vi eu, ia larguíssima, ás vezes quase por milagre, caem, não foi o caso, indico ao Mário que ia á minha direita a direcção dela, desta vez saiu-lhe até boa, mas lamentavelmente errou-a, assim como o Carlos que a errou vinda á frente do chumbo do Mário, esta não a vimos mais.
Mudámos então de local, para outro conhecido onde saiu um pássaro ao meu cão Frick, erro-a com um tiro algo largo e, não demos mais com ela. Se seguida o Prim para um pássaro que sai larga e acaba por morrer com um tiro largo do Jorge. Eu andava já noutra zona com a Uva, que me pára um porco enorme daqueles com crista nos costados ao género Punk, sai-me ainda um mais pequeno que deveria ser o escudeiro, mais uma vez a cadela ficou desvairada, era hora de findar a jornada.
Muito porco e pouco pássaro foi o resultado, Galinholas de levante poucas paradas e as que dão paragem, dão-no por pouco tempo. Espero a chuva com tanta ansiedade como um agricultor desesperado, espero que as cientificas e sábias previsões do Mário estejam correctas e que chova no fim-de-semana e que entre pássaro de quinta para sexta como ele prevê.



27 Nov. 2008

Muita parra e pouca uva.

Com tudo combinado com a devida antecedência com o Jorge e o Baguinho, lá nos encontrámos todos há hora e local do costume. Baguinho com o Beeper e chocalhos na mão, tinha em seu redor, Rafa e Duque, que aos saltos e a ladrar pediam ao dono que lhes metesse o respectivo equipamento para começarem a faena, digo então ao meu amigo, “ainda dizem que os cães não gostam de caçar…” Baguinho sorri percebendo o que eu dizia.
Desta vez e para ser sincero as expectativas eram grandes, a chuva que caiu nestes dias, o vento forte e gelado era grande indicio de entrada de pássaros, para bom entendedor um bom vento basta para perceber muita coisa.
O início da mancha que por norma é o melhor mais uma vez foi fraco, apenas uma levantada larga ao Jorge, que se evaporava naqueles terrenos homogéneos.
Seguimos então caminho em direcção de um outro local, como aquela porção de terreno era estreita passei para a esquerda de um caminho deixando assim mais espaço para os companheiros. Sai-me então o primeiro pássaro, largo sem sequer meter a arma à cara tento acompanha-lo o mais que posso com os olhos. Como aquela zona é enorme e toda igual tento marcar no GPS muitas das zonas onde vejo um pássaro, as vezes que vou sem o Baguinho se não for este pequeno engenho electrónico a dizer-me onde estou, ando ali perdido sem saber onde piso. Enquanto marcava um ponto no GPS naquele local, sai-me um outro pássaro precisamente do mesmo sitio onde saíra a outra instantes antes, ainda faço um tiro complicado, segurando em simultâneo a arma e o GPS, errei-a, que coisa estúpida, será que a caça tem um sexto sentido para se furtar quando os caçadores estão a comer, ao telemóvel, de calças em baixo, ou neste caso a marcar um ponto no GPS, é que histórias destas são milhares todas as épocas. Também desta vez elas se evaporaram, pássaros de entrada, recentes no terreno e sem crença, a cada levante desaparecem.
Tive ainda uma mais errada de uma forma escandalosa, nem quero recordar até me dói o estômago só de pensar! Também o Jorge e o Baguinho tinham pássaros errados, todos com as suas desculpas, o sol, o mato, o pássaro, uma coisa é simples, erramo-las!
Era hora de ir ver de uns pássaros que sabíamos do seu paradeiro, o Baguinho numa zona que cheirava a pássaro faz um abate, o primeiro do dia, a coisa estava complicada, eu pensei e disse, “estava complicado, espero que tenha quebrado o enguiço!” Baguinho radiante segurava o pássaro com as mãos ainda tremulas típicas do primeiro abate do dia.
Fomos então ver de outra que o Jorge sabia a sua posição exacta, o Faruck rapidamente pega num rasto daquela forma típica de ter um pássaro à frente do nariz, o Jorge acerca-se rapidamente pois conhece bem o cão e conhecia o local, a galinhola furta-se ao cão e sai já entre mim e o cão, passando por cima dele, atiro e o pássaro cai, quando me viro vejo o Jorge também a tirar um cartucho vazio da arma, tinha atirado em simultâneo, apenas se ouviu um único disparo, de quem era o pássaro? O Jorge deu-ma a mim, tenho a certeza que o pássaro caiu ao meu disparo, mas não duvido que tenha também levado chumbo do Jorge, mais um enigma que a Dama nos deixa em mãos.
Pouco depois oiço o beeper do Faruck a tocar, corro lá mas depressa deixo de ouvir, não por se ter calado, mas porque os cães dos companheiros ao me verem correr, acompanham-me e os seus chocalhos ali ao lado dissipavam o som mais magnifico que pode haver, olho para o Jorge e ele indica-me onde estava o cão, ainda estava parado, mas depressa desmancha e segue no rasto, percebi que já tinha saído, ainda a parou mais 2 vezes sem que eu a visse, ia de levante à frente do cão, não fomos capazes de a ver mais.
Decidimos então ir dar água aos cães pelo percurso mais curto, um caminho que corta o pinhal, juntos de arma aberta, Baguinho e Jorge a comentar a jornada, eu ao telefone, grito “olha um pássaro” quem estava do outro lado do telefone sabe da minha loucura e não estranhou, outra pessoa certamente achava-me um louco. O pássaro passara altíssima por cima de nós, Baguinho diz, “linda, linda, olha que linda” realmente magnífica, a beleza de uma Galinhola a voar alta por cima das copas dos pinheiros é algo de difícil descrição e, de difícil compreensão para quem não tem qualquer afinidade com a Dama. Pousa pouco depois na zona que eu e o Jorge julgávamos, mas Baguinho duvidava e achava que ela estava num outro cantinho. A dar água aos cães ela sai, o Jorge manda-a a baixo numa zona de complicados e velhos fetos, rapidamente mandamos os cães cobrar, que de molho na nascente saciando a sede não a viram cair. Eu pensando para comigo duvidava do sucesso deste cobro, embrenhamo-nos nos fetos incentivando os cães, o tempo passava e nada, Baguinho dizia, “já estou sem pé” pois só víamos as cabeças uns dos outros, cães para um lado, cães para outro e nada de pássaro, muito tempo e esforço despendemos a tentar recuperar aquela Galinhola, mas infelizmente sem sucesso.
De realçar algo que me deixa muitas vezes impressionado, a forma de pensar do Jorge, os muitos anos e as centenas de lances e abates, deram-lhe um conhecimento profundo sobre esta caça, sabe sempre onde procurar, sabe sempre qual a melhor zona para ter um pássaro, o que para uns é um feeling, para outros, um acaso, para ele é uma simples certeza, fruto de horas infindáveis atrás da Bela Dama.
12 levantes a pássaros diferentes e 3 abates foram o resultado da jornada, poucos lances daqueles que gostamos, com o cão em primeiro plano, ansiamos a chuva como nunca, para que os pássaros assentem e deixem trabalhar os cães até ao fim, este inicio de época está duro com muitos pássaro e poucos abates, bem dentro do espírito becadero.
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28 Nov. 2008

Que tarde, que lance.

Ainda a quente por dentro, gelado e meio molhado por fora relato aqui mais uma curta jornada ás Galinholas, bem curta numa tarde chuvosa, entre uma ou outra aberta, mas com a inevitável chuva.
A convite do Jorge lá fui fazer um fim de tarde ás Galinholas, era para ser a partir das 14.30h, hora combinada, mas começou mais tarde apenas quando a chuva nos deu tréguas.
Saímos para o campo em busca de dois pássaros avistados dias antes, saí com a Uva, desta vez deixei o Faruck em casa pois caçou ontem e levou uma coça daquelas. Infelizmente hoje eu com a Uva e o Jorge com uma cadela que já foi minha e agora é novamente dele, a Shepa não fizemos nenhum levante naquela zona.
Como já era tarde decidimos fazer uma zona conhecida ali perto, pois não tardava e metia-se a noite, pois nesta altura vem demasiado cedo.
Escolho agora o Frick para fazer o final da jornada, seguimos então em direcção de terrenos conhecidos, ali que eu, quer o Jorge sabemos onde metemos os pés. Mal começamos o Jorge relembra-me algo que eu não esquecera, uma manchazinha de pinheiros onde ele no outro ano tinha lá feito um abate, “atenção aí nesses pinheiros marcados já matei um pássaro!”, mas este ano ou para já nada havia, seguimos então deixando os carros pelas costas, separados por um caminho no meio do pinhal, cada um fazia um dos Talhões. Pouco depois ouço um disparo mais que esperado, numa zona onde também na época passada lá tinha tombado uma, o Onil fica parado e o Jorge abate um pássaro, sinceramente já contava até estranhei a demora, a zona é quente e com muita crença!
Do meu lado as coisas não estavam fáceis, não me imaginava ali com nenhum pássaro, demasiado pasto deitava por terra qualquer hipótese de ter um pássaro, mas continuei sempre com a restia de esperança de poder estar ali um pássaro de entrada que vindo de longe tenha poisado num daqueles bocadinhos mais apetitosos, infelizmente nada, filos todos e nada, mas tudo na vida tem a sua recompensa. Pouco depois meti o cão numa zona onde na época passada o Onil tinha parado um pássaro que o Jorge errara, tendo sido parada e cobrada pela cadela que agora é minha a Uva. É um bocado pequeno mesmo no final da mancha com crença, mas nada nem um rasto, restava-me agora uma zona por demais querençuda, um velho pinheiro manso que ladeia um caminho e que tem como vizinhos uns matos tão ao gosto do pássaro que senti que ali poderia estar um pássaro. Sem demoras salta uma Galinhola ao Frick que sem duvidas ia fazer um salto de peixe, mas que porque o cão correu atrás abriu um pouco mais as asas e afastou-se mais do que pretendia, chamo então o cão para fazer-mos bem o contorno do pinheiro, podia estar outra, mas não estava! Vou então na direcção que achava possível, rapidamente o Frick com aquele narizão, muito superior ao do Faruck, pega no rasto, e a galope faz o caminho por onde a Dama tinha pisado, eu a perceber e a antever o que se estava a passar, corro o mais que posso atrás do cão, mas não o consegui acompanhar, ele é muito mas muito mais rápido que eu, vejo-o a subir uma pequena ladeira e a Galinhola a sair mesmo à frente dele, o cão a tapar o pássaro não me possibilitou o tiro, digo para mim uma daquelas asneiras possantes, extravasando assim a minha raiva e angustia por não ter ainda conseguido matar um pássaro a este cão. O quanto eu queria e precisava de matar uma pássaro nas beiças do cão para ele “abrir” e pela quarta vez que não o conseguia. Mas Deus por vezes escreve direito por linhas tortas, o que se seguiu deixou-me num estado de total êxtase, estado esse que ainda me encontro. Passo então um caminho e subo um pouco uma elevação do terreno, o cão mais rápido passa para o outro lado e deixo de o ver, quando chego ao cimo, não ouvia o chocalho, vejo-o pouco abaixo no meio de uns matinhos e tojos, chamo-o ele não se mexe, percebi então que estava parado, corro e ao acercarme o cão desmancha a paragem, ela estava certamente por ali mas a furtar-se, com aquele nariz não é fácil deixa-lo para trás, rapidamente ele mete o nariz no chão e remonta até ficar novamente parado, um trabalho rapidíssimo típico de um cão de grande nariz e feito nas Galinholas, diga-se que nariz tem e muito, mas galinholas tem apenas 3 trabalhadas. Tinha agora o meu Frick ali ao meu lado parado com uma Galinhola, que imagem, que beleza, o pássaro sai entre uns pinhos e é abatido ao primeiro tiro. Ainda trémulo liga-me o Jorge que ao ouvir o tiro me pergunta pelo telemóvel, “caiu”!? Eu respondo eufórico “Sim caiu e, num lance brutal!!!”
Finalmente consegui um lance daqueles que marcam e com o canotas, nome que por vezes aqui em casa lhe chamamos por mimo, ele tinha-me dado um lance que jamais esquecerei, um lance bem trabalhado bem finalizado e de extrema beleza, pois é um cão com muita plástica e extremamente belo quando em mostra.
Obrigado Jorge!