segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Chamam-me louco.

Chamam-me louco e viciado com tanta frequência que já nem ligo, acham as pessoas mais próximas que sou louco, acham que não faz sentido ter os cães que tenho e não caçar praticamente às Perdizes, mas, há sempre um mas e este tem o mesmo sentido de tantos outros. Primeiro, não sou louco, sou prático, se as Perdizes já não me dão o prazer que deram em tempos, quando me dava verdadeiro prazer caça-las, quando sair de casa às 4h da manhã não era sacrifício era um ritual e, quando uma época fazia-se com 65 Perdizes abatidas. Neste momento não consigo, ou melhor, não quero levantar-me da cama de madrugada para ir às Perdizes, sabendo que na maioria dos casos serão Perdizes de repovoamento, por mais ágeis, bravas e metidas no terreno, terão sempre a conotação de “Farinha” nada contra, diga-se que abati muitas destas, fiz com elas os cães que hoje tenho mas, sempre o mas, caça-las, poderia caça-las? Sim mas não era a mesma coisa! Por loucura tenho uma outra ave de bico mais cumprido, esta sim brava, com a bravura típica de um Czar russo, esta sim faz-me levantar cedo, muito cedo, tão cedo que nem quero pensar, conduzir 350 km para fazer um ou 2 levantes, e quantas vezes nenhum, mas a sua bravura virgem e imaculada não me deixa dúvidas, a sua beleza e carisma roubou o coração à outra tipicamente Portuguesa, a de bico vermelho.  
Diga-se com isto que nada tenho contra a Perdiz e seus Amantes, que sei haver tão apaixonados por ela como eu pela minha Bela Dama, sei das dificuldades desta caça e não a rebaixo perante qualquer outra, há quem pense que desdenho esta ave, esta modalidade e seus praticantes, mas isso não espelha a realidade, guardo para mim bons momentos passados atrás das Perdizes, algumas de bico bem vermelho difíceis, tão difíceis que se torna cansativo só de pensar, outras de bico mais claro tão difíceis que muitos as tomariam por bravas, e outras como em tudo sem história, mas que só pela sua presença merecem o meu respeito, pois deram a vida para eu fazer dos cães aquilo que são hoje.
Sendo que gostos são gostos, cada um tem os seus e o meu, bem o meu é conhecido, cães britânicos, em especial o Pointer, caça, caça são Galinholas, mais, talvez seja mais que simples caça, mas uma coisa é certa, que maluco senão eu prefere ir para o campo mexer os cães em terrenos de galinholas, na perfeita consciência que não há pássaros, do que sair para uma jornada às Perdizes, chamem-me louco então, mas acima de tudo, louco mas feliz e realizado.

sábado, 16 de outubro de 2010

Começam os Treinos a sério...

Terrenos típicos mas sem pássaros, secos e consequentemente barulhentos, qualquer folha seca pisada, alerta qualquer ser da nossa presença, tojo duríssimo ao alcance apenas dos cães mais apaixonados, e ainda algum calor que se faz sentir fazem destes treinos semanais verdadeiras recrutas dignas de uma semana de campo.
Os cães indiferentes ao clima e à ausência de Galinholas saem a todo o gás, 2 horas de treino e o ritmo abranda, normal, nas patas nota-se a minha falta de tempo no último ano, especialmente do Veron, pois o Faruck, esse parece que acabou a época ontem, terrenos duríssimos moem demasiado patas que estão em descanso há muito, embora tenha saído com eles não foi o habitual de outros anos, mas nem sempre temos a mesma disponibilidade, com o tempo tudo vai ao lugar, quando elas se apresentarem, seguramente que a forma dos cães estará em alto nível, depois passado uns levantes tudo encaixa e toma o rumo devido, para já apenas desfrutar dos treinos, do ar do campo e dos cães!

Venham elas…

 


domingo, 10 de outubro de 2010

Um dia quase perfeito.


Hoje foi dia de treino dos cães, tinha combinado com o Jorge irmos à Apostiça soltar os cães para ele ver um Setter meu que tenho á pouco tempo e para eu ver uns cachorros novos que ele está a formar para a sua quadra de cães de Galinholas, pois não podemos desprezar o futuro.
Confesso que estava expectante, tenho um prazer especial em ver as novas apostas no campo pela primeira vez, mas desta volta ainda mais, pois todas elas eram britânicas e uma nova esperança é neta do Faruck e filha do Frick, pelo que estava ansioso em ver aquela de quem tantas e tão boas referências me tinham dado.
Desta vez decidimos ir treinar com os cachorros para as zonas de crença das Galinholas, para ver como se comportavam e como pisavam os terrenos mais propícios a poderem encontrar dentro de pouco tempo Galinholas.
Rapidamente fomos invadidos por sensações que vão muito para além de simples treinos, o dia era perfeito, frio, algumas abertas e chuva a cair sobre aqueles terrenos dava a ideia de uma jornada de caça à Bela Dama, pois bem, apenas um pequeno grande factor fez desta manhã ser quase perfeita e não verdadeiramente Perfeita, o simples facto de não haverem ainda Galinholas. Ludibriados por São Pedro, que nos deu um dia típico de Galinholas e obviamente resignados lá soltámos os cachorros para discutirmos opiniões sobre os seus futuros como Becaderos. Recantos em recanto iam-nos saindo pela boca histórias de lances vividos em outras épocas, alguns mais distantes, outros mais intensos, outros mais ou menos curiosos.
Bem, o prazer resumiu-se em apreciar os cachorros, apreciar com olhar critico cada movimento, cada toma de emanação, o pisar do terreno, a ligação e todos os aspectos que nos podem dar melhores ou piores indicativos e, no final as opiniões eram idênticas, a Pointer não deixa duvidas, tem tudo para ser como o avô, aliás tem muito dele, é soberba, precoce e demonstra uma capacidade de caça invulgar, uma relíquia em bruto prestes a tornar-se numa verdadeira jóia. A Setter menos soberba, mas muito valorosa, caçadora, mais contida e ligada de fácil entendimento e ao alcance do domínio de qualquer caçador, menos ao meu gosto, mas de elevada qualidade. O futuro prevê-se assegurado, haja saúde e Galinholas, cães felizmente não hão-de faltar.
Portanto para ser um dia perfeito apenas faltaram Galinholas.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Verdade ou Mentira?


Tempo frio, chuva e vento trazem à memória verdadeiros dias de Galinholas, embora ainda algo distante a abertura da época venatória das Galinholas e mais ainda a sua presença de forma constante que nos faça sair ao campo, aqui e ali ouvem-se de forma por vezes duvidosa anúncios de levantes precoces fora de época, nada impossível, nada que não aconteça em anos anteriores, mas como em tudo na vida não se pode acreditar em tudo e em todos, pois há por aí muito caçador que leva à risca a velha máxima, Caçadores, pescadores e outros aldrabões… embora acredite num ou noutro relato de pessoas que não me deram razões para duvidar, outros confesso ser-me difícil acreditar, pois os autores desses relatos são os mesmos que fazem abates magníficos mesmo sentados no sofá sem ir a campo, ou épocas em cheio que apenas não passam de puras historias para dormir, enfim cada um lida como pode com os egos e com as suas próprias convicções e frustrações.
Desde que me apaixonei pelas Galinholas que perdi o interesse pelas Perdizes, passaram a caça para mexer os cães, nada contra quem faz desta a sua paixão nem a considero uma disciplina inferior às Galinholas, apenas diferente, mas já não encontro motivação suficiente para sair da cama de madrugada para ir às Perdizes, pelo que tenho ido pouco ao campo para caçar a não ser em treinos dos cães, por isso não há sequer hipótese de ter avistado Galinholas mesmo que um singular, fortuito e precoce levante. Dou muitas vezes razão a um Amigo, uma “velha raposa” desta caça, quando ele diz, “este ano começam cedo”, e nós ingénuamente perguntamos, o quê, os levantes? E ele com um sorriso matreiro e muito característico responde: “Não, as mentiras!”.
Portanto não prevejo ter algum levante antes de dia 14 de Novembro, creio ser complicado, a ver vamos.