Desde há muito que tinha a intenção de fazer uma ninhada, mas só com a aquisição da UVA é que da intenção passei à prática, não a fiz pelo dinheiro, não a fiz por necessidade de ter mais um cão, pois não o queria, fi-la por gosto, ou talvez mais por convicção, a forte convicção de que tinha tudo para criar uma ninhada de cães de boas linhas, boas origens e acima de tudo equilibrados e muito caçadores.
Com 3 machos distintos que poderia ter escolhido, a escolha recaiu pelo que me transmite mais, pelo meu companheiro de sonhos, o Faruck.
Feita a monta era hora de esperar, os típicos 2 meses passaram com normalidade, chegada a hora vieram as questões e as expectativas de quem faz uma primeira ninhada, serão como os imagino, darão o que pretendo, serão tão bons como os pais!?!?
Só o tempo revelaria isso, mas a impaciência levava-me a fazer ao mês e meio o teste da pena, e a ter a maioria da ninhada de 8 machos e 2 fêmeas a parar à pena, mas já desde essa altura havia um diferente, aquele que a natureza me colocou em primeiro lugar nas mãos, e que se mostrava mais astuto, mais serio, mais maduro, mais ligado, e que tinha uma beleza de movimentos que me fazia olhar para ele com outros olhos, era talvez ou pelo menos no momento a escolha perfeita se fosse ficar com um deles para mim, além de tudo era o mais belo da ninhada, a natureza tinha olhado para ele com carinho!
Os dias passavam e o “Dollar” nome de registo, teimava em ser diferente, em ser melhor se isso é possível num cachorro de 8 semanas, mas era! Tinha um andar altivo, era o único que me
ladrava quando me via, eu senti nele o mesmo que senti no pai em cachorro, tinha alma, transmitia personalidade, era ligado e meigo. As dúvidas ecoavam na minha cabeça, o que faria eu com aquele cachorro, fico com ele pensava uma vez, não posso, dizia-me a minha consciência. Tinha demasiada fé e ligação com aquele cachorro para o vender a um perfeito desconhecido para fazer dele quem sabe uma jóia, ou o mais certo mais um cãozinho medíocre de Parar, não podia deixar que isso acontecesse, a este não, este era especial, tinha ligação e isso não é fácil.
Toda a ninhada desenvolvia aptidões muito grandes, todos a Parar e nas brincadeiras necessárias do cobro todos eles melhor ou pior cobravam peças de caça congeladas.
Decidi então oferecer este cachorro a um Amigo, que tenho grande estima, e que me dava as garantias de fazer dele aquilo que eu faria se ficasse com ele. Pois bem, foi treinado por um outro Amigo, que conhecia bem a ninhada e os progenitores, o Piçarra, que deu ao cachorro todas as bases e o ajudou a desenvolver as suas capacidades.
Agora já nas mãos do dono e na sua primeira época de caça, em caça Brava confirmou as minhas expectativas, é um cão valoroso, de muito
nariz e muito caçador, trabalhador como o Pai e com outros atributos vindos do Pai, que tem dado ao seu dono momentos únicos de maestria e beleza dignos de um cão já feito e mais velho, mas algo nele desde muito novo lhe ditava um futuro promissor, venham agora as Galinholas, pois filho de dois becaderos de excelência seguramente dará conta do recado da mesma maneira que os seus progenitores. Agora com nome de Família de “Goia” o qual não poderia ser melhor escolhido, pois transpira arte como o artista que lhe da agora nome!
Fico acima de tudo feliz pelo percurso deste cachorro e de alguns que sei quem são os donos e me vão dando noticias, como uma irmã dele a “Dânia” que com apenas 7 meses parou 2 galinholas numa manhã de caça, onde o dono eufórico me liga a contar a quente a novidade, que a mim sinceramente não me surpreende.