Com as novas tecnologias ao acesso de todos sabíamos de antemão, que o tempo se esperava encoberto, frio e chuvoso a partir da tarde. Íamos eu e o Pedro, com a forte convicção que teríamos um dia com levantes, pois tinham entrado pássaros uns dias antes e não tínhamos caçado ali depois da entrada, portanto o mais certo era estarem uns pássaros bons à nossa espera.
Começamos por uma zona bem conhecida, onde eu tinha como convicção estarem na mancha que não é grande, uns 3 ou 4 pássaros. Entramos mesmo na extrema do Eucaliptal, eu à esquerda o Pedro à direita, à medida que avançávamos no terreno pensava para mim como era possível não se ver vivalma, diga-se Galinholas, este pensamento mais pessimista foi cobrado por um cantar do Beeper do Faruck, corro mas quando vejo o cão já estava a desmanchar a mostra, sem rasto, presumo que o pássaro levantara antes de eu me acercar, pergunto ao Pedro se tinha visto o cão parado, reponde-me que não, pouco depois o Pedro ouve-a levantar, pergunto-lhe de tem a certeza, dizendo-me “este barulho é inconfundível!” claro que sim, mais um pássaro esquivo que andava de levante.
Na mancha seguinte separada por uns escassos 100 metros, entramos como a convicção que seria mais do mesmo, ouço o Beeper do Faruck, desta vez acerco-me dele, assim que me sente segue num rasto, parando mais à frente, voltando o beeper a tocar e novamente a desmanchar, mais um pássaro andarilho, pensei que se ela se tinha passado só podia estar para trás, o cão novamente parado e ela a sair larguíssima, decido ir em busca desta galinhola, mas sem sucesso, não a encontro. No caminho aquele pássaro assombrava-me as ideias, apenas pensava onde estaria ela, já longe vinha-me à ideia que teria rodado para a direita sem que eu me apercebesse, mesmo levando uma rota contrária, mas fazem isto, rodam ao contrário assim que sentem que estão mais longe, sendo assim na volta teria que procurar numa pequena zona que deixara por bater por força de uma ideia fixa onde julgava estar esta Galinhola. Perto do local, onde agora acreditava poder estar esta Galinhola vejo-a voar direita a mim, só depois percebi que o cão tinha acabado de entrar na mancha e ela mal o sentiu levantou, andava desconfiada e de levante, volto para trás novamente a ver se a encontrava novamente, o cão dá-me sinal, tinha a certeza que, quando o cão desse com ela, que não se deixaria parar, que levantava assim que me sentisse a mim ou ao cão, assim foi o cão e eu a subir a ladeira e o pássaro a saltar do lado contrario de uns eucaliptos, vejo-a por entre dois troncos separados por não mais de um palmo, ainda hesito mas atiro mesmo por entre os troncos, metade do chumbo fica cravado na madeira mas o restante foi suficiente para a abater, cobrada pelo cão ali estava a primeira do dia, abatida ao terceiro levante e apenas parada no primeiro.
Mudávamos de mancha, para outra bem conhecida, mais uma vez o Faruck a fazer tocar o Beeper, mais uma vez a parar um pássaro longe que me sai tapado para o couto do lado, à semelhança do que sucedeu no fecho da época passada, questiono-me se não seria o mesmo pássaro, pois o comportamento e o local foram os mesmos.
O Pedro pouco depois erra uma que lhe deu uns breves instantes para atirar, é assim, faz parte, o Faruck novamente num rasto, o beeper a tocar, ele desliza e desliza por entre um fechado terreno de estevas, até que fica novamente parado, ela sai completamente encoberta, vi-a apenas por entre as estevas embora ouvindo bem o típico “pápápá” do bater das asas nas estevas, atiro mas nem lhe toco. Tinha falado com o Pedro pouco depois que estávamos a fazer mal as coisas, estávamos a caçar de forma que favorecia-mos a saída dos pássaros para a zona mais fechada e se não fossem abatidas iam para uma zona que é um verdadeiro mar de estevas, difícil das encontrar e abater, teríamos de mudar de estratégia, entrar ao contrário, empurra-las para o inicio da mancha onde acaba num pasto aí dão mais paragem e saem a tiro. Fomos ainda ver uma ponta que tinha ficado para trás, o cão fica parado e saem-me duas galinholas em simultâneo, uma para a esquerda que o Pedro acabaria por abater e a outra em frente que atiro e vejo-a ir de patas à banda, e meia torta, mas atravessou o caminho e foi pousar num pasto do cabeço em frente. Tremia com receio de não a cobrar, sabia que seria um cobro complicado, cobra, cobra, Faruck cobra, era o que me saia da boca, o tempo a passar, o Pedro veio ajudar a encontrar o pássaro, subia descia o cabeço até que o cão deu com ela, morta e afastada do local que julgava ter pousado, um cobro realmente complicado que tornou ainda melhor este magnífico lance.
Terminávamos a jornada na hora de almoço, pois caiam já os primeiros pingos de uma tarde chuvosa. Esperemos que a entrada da Conceição nos traga o que não troce esta primeira entrada, fraca e tardia.