segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

O melhor momento de sempre!

Com já vários lances de grande emoção este ano e outros anteriores, este superou todos eles, ao ponto de pensar constantemente no momento vivido.
A manhã era como tantas outras deste ano, não muito fria no meio de uma aberta entre dias de mau tempo. O terreno é de calhau rolado, onde provavelmente já correu água, vá-se lá saber se salgada ou doce, agora nascem estevas tão do agrado do pássaro.
O pássaro, esse já era conhecido, pois já tinha sido parado e errado uma vez, desta não sabia o que esperar, pois não estava certo se da ultima vez a tinha chumbado, rezava para que não.
Sabia onde ela gostava de estar, numa zona de estevas num planalto, o cão antes de lá chegar remonta com muita beleza e segurança e pára numa zona de muito bom aspecto, mas ao soar do beeper saem duas perdizes, já andam em casal, preparando-se para procriar, pelo que não atirei.
Levo o cão para a zona onde ela gosta de estar, pensando se o pássaro estaria ou não lá, se não estivesse é porque muito provavelmente a teria atingido e não a tinha cobrado, mas o Faruck a uns 40 metros do local habitual, começa a remontar e fica parado junto das estevas, eu rapidamente dou a volta e meto-me de frente para o cão, enquanto o beeper entoa aquele som indescritível, qual banda sonora de um bom filme, o cão não mexia, imóvel com o pássaro controlado que estava entre nós os dois, por entre as estevas vislumbrava o branco do cão, o pássaro de certo sairia para o meu lado e assim foi, sai direito a mim, fazendo aquele barulho típico das Galinholas que saem das estevas “pápápápápá” de repente vê-me e tipo avião da 2ª guerra faz uma manobra evasiva a não mais de 2 metros de mim, vira rapidamente mostrando-me o peito, o bico, as cores lindas que ostenta, deu para ver as risquinhas do peito, as penas brancas do rabo e se anilha tivesse quase dava para ver as inscrições, talvez hipnotizado por tamanha beleza e, depois de inverter a marcha e ter rodado novamente para cima do cão, erro-a com dois tiros, não queria acreditar que tinha errado aquele pássaro, tão bem trabalhado pelo cão. Que lance tão belo, tão intenso e especial, espero agora que ela se apresente mais uma vez e, que da próxima me dê com abate ou sem ele a mesma emoção que deu neste, porque, como dizem os bécassiers franceses, “caçar o mais possível, matando o menos possível” pois nada melhor que este lance para provar que também se têm emoções fortes mesmo sem haver abates, embora sinceramente este lance com outro final tivesse um outro sabor.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Com cheirinho a Natal.

A manhã despertou tardiamente, fruto de um céu escuro e chuvoso mas com cheirinho a Natal.
Por norma todos os anos dá-me um gostinho especial caçar neste dia, talvez o espírito se apodere de mim, talvez o facto de ter a família em casa a passar as festas e, levantar-me cedo antes de todos os outros, pegar no cão e ir para a caça tenha um sabor algo diferente.
Foi o que fiz mais uma vez, confesso que a noite foi mal dormida, sonhando e pensando no pássaro, por estranho que pareça pois a época já vai larga e o pássaro ainda me consegue tirar o sono. Tinha a forte convicção que este temporal tinha mexido com as Galinholas, que elas encostariam em zonas de pinhais velhos e mais abrigados para passarem por este mau tempo.
A volta seria a mesma, sozinho com o cão, equipado para a chuva pois essa sem dúvida estaria presente pela manhã e lá começamos nós.
Entro na mancha pelos passos do costume, o cão esse, já sabe a volta que tem a fazer, faz os cantinhos dele um a um, pois também ele tem as suas preferências, também ele sabe das crenças e dos pontos mais quentes, não mais de 10 minutos e já tocava o beeper, numa zona limpa, o que confirmava as minhas expectativas, mas não saía nada, tinha levantado pouco antes do cão ficar parado, mas pela forte expressão do cão dava para ver que aquele pássaro era real, era a minha vez de pensar, meti o cão nas zonas que sentia que ela poderia agora estar, ao longe vejo um pássaro a voar, mas dada a distancia não consegui descortinar o que seria, a minha ideia seria entre um melro e uma Galinhola mas, mais a atirar para o melro, continuei na procura daquele pássaro em particular, pois sabia que estava por ali algures, mas que não seria fácil pois era uma pássaro que entrara nessa mesma noite, não dominava o terreno e andava de levante à nossa frente, num típico comportamento defensivo.
Chegando ao fim da mancha e nada de pássaro, dou a volta e faço o terreno no sentido inverso e mais junto da extrema e para a zona que se tinha dirigido o suposto melro, é aí que o Faruck a pára por poucos instantes até que ela sai larga antes de me aproximar do cão, ainda atiro mas não lhe toco, mas pelo menos confirmava a minha ideia e a do cão que certamente não precisava de a ver para saber que ela existia. Vou então à procura dela, com a certeza de a encontrar novamente, pois o cão é muito forte na rebusca das Galinholas, não mais de 3 ou 4 minutos e aí estava ele parado com ela, acerco-me do cão mas já estava nas nossas costas, sai mas ainda assim larga cai ao primeiro tiro, pouco depois vinha o Faruck com ela na boca a dar ao rabo, para ele era também uma alegria, olhei para o relógio, tinham passado 45 minutos, três quartos de hora no encalço de um pássaro que nem eu nem o cão tínhamos visto, mas sabíamos ambos que ela estava por ali.
A volta agora seria a minha volta do costume, decido ir ver uma pontinha de mato que costuma meter um ou outro pássaro nas entradas, esta época já lá tinha morto uma, o cão caçava ao seu ritmo, forte como se não houvesse mato, faz um rasto e pouco depois fica parado, o pássaro sai largo mas é abatida facilmente e cobrado com a alegria do costume, estava radiante, 2 pássaros no sapatinho.
Tive ainda um outro pássaro, uma velha conhecida que já foi parada e errada varias vezes, o cão desta vez parou-a por 2 vezes, por duas vezes que se ouvia o beeper interromper o soar do vento nos pinheiros, mas pelas duas vezes que quando lá chego o pássaro já não estava lá, a zona é fechada complicada de andar, não lhe meti os olhos em cima em nenhuma das vezes, fica para outra faena.
No caminho para o carro, vinha a pensar, pensamentos típicos de quem anda a gosto no campo e tem dois pássaros cobrados. Olhei para o cão e via-o correr com aquele galope alegre dele, feliz, mesmo feliz, com a felicidade de quem gosta do que faz, alheio ao frio, à chuva, ao tojo e terrenos difíceis, eu pensava no que leva alguém a levantar-se da cama numa noite fria e chuvosa para ir para o campo, sinceramente não sei explicar, talvez quem sinta o mesmo que eu me entenda, mas de certo muitos acham-me maluco, acham que um pássaro tão pequeno de bico cumprido não vale tanto esforço, mas enquanto sentir o latejar do coração nas mãos serradas que seguram a minha bela justaposta quando a adrenalina se apoderar de mim ao soar do beeper, irei para o campo como se fosse sempre uma abertura!

Bom Natal e votos de boas caçadas a todos.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A beleza do primeiro abate.

A pedido de alguns dos seguidores do meu Blog, regresso aos meus relatos sobre as minhas jornadas, pelo menos um deles não precisa dos meus relatos, pois vive a meu lado os lances, ou melhor vivemos os lances um do outro, com entrega e respeito.

Após algumas jornadas desfrutando ao máximo de lances magníficos, aqui fica com um certo atraso o relato da jornada com o primeiro abate da época, aquele que fala sempre mais alto, pois são meses de espera, de angústia e, mais perto até alguma ansiedade pelo primeiro levante.
Com umas tantas jornadas precoces deu para ver que a época era sem dúvida uma época que começariam cedo os levantes, em Outubro já se ouviam noticias de levantes e no inicio de Novembro de abates, cedo também eu constatei que seria uma época diferente.
Na segunda jornada errei o primeiro pássaro parado pelo cão, numa manhã em que me parou 3 Galinholas e não logrei nenhum abate, apenas o companheiro abriu a época, eu fiquei a zeros, dando apenas para ver que os meses de interregno não levaram ao Faruck o seu jeito natural para encontrar, trabalhar e parar Galinholas pois, após tantos meses pára 3 Galinholas de entrada, sempre mais difíceis de parar e controlar, como se fossem pássaros de final de época, infelizmente duas não consegui sequer atirar e outra delas parada numa limpa a uns 200 metros de mim, que depois de bem bloqueada e com o beeper a tocar incessantemente, saiu-me a beijar o chão limpo, quase como um coelho, ainda lhe toquei com o único tiro que fiz, quase que caiu mas vá-se lá saber porquê ganhou fôlego e rodou para trás e foi passar a jeito do companheiro que a meteu no chão, e que assim abria a época, nesse dia o cão ainda me parou uma das de manhã novamente numa limpa, mas desta vez nem sequer deu para me aproximar, saindo o pássaro largo.

Bem mas deixando para trás momentos de gloria para o pássaro relato então a minha terceira jornada, a que fiz os primeiros abates.
A manhã era como tantas outras, com o coração cheio de convicção, a convicção que me faz levantar cedo para ir para o campo, a forte convicção de que viverei novamente momentos que só um “Becadero” entende. Desta vez sozinho no campo, acompanhado apenas pelo cão, como tanto gosto, fazendo as coisas somente à minha maneira dando as voltas a gosto, vivendo os lances na sua totalidade.
Comecei nem sei porquê um pouco mais acima da mancha habitual, mal saio do caminho e meto o cão na mancha, este começa a fazer um rasto muito forte, conhecendo o cão como eu conheço, percebi o que seria, não queria acreditar, um pássaro a abrir o pano, o cão alheio dos meus pensamentos fazia o trabalho dele, mas perderia o rasto do pássaro, àquela hora da manhã isto por vezes é normal, pássaros de entrada na borda de um caminho que ficam ali mal se mexem não deixando muitas pistas para o cão trabalhar, mas cada um saca os Galões que tem, foi o que fez o Faruck, fazendo então um lance digno de registo, o terreno é uma espécie de chapada ligeiramente a subir, o cão na base da mesma perdendo o rasto faz à velocidade alucinante dele um lance até ao cimo do terreno no limite do mato, vindo a lancear da direita para a esquerda direito a mim que estava na zona inicial onde ele sentiu o pássaro, a não mais de 20 metros de mim o cão faz uma derrapagem, ficando parado virado para o lado oposto de onde vinha, um pinheirito pequeno e um tojo mais alto escondiam um pássaro cansado da viagem que teimava em não sair, o som do beeper tocava conta de mim, ajeitei-me e o pássaro sai de uma forma atabalhoada, nitidamente fruto do cansaço, abatida ao primeiro tiro. 3 Minutos não mais, 3 minutos à Faruck e a nobre sensação do primeiro cobro da época, jamais esquecerei este lance, a inteligência do cão, que após ter perdido o rasto usou a cabeça e fez toda a mancha para encontrar um pássaro que ele sabia que estava ali.
Passado não mais de 5 minutos ali estava ele novamente parado, com uma das conhecidas dele, como velhos conhecidos defrontavam-se novamente, desta vez parada bem longe, o cão guiou mais de 30 metros de cabeça no ar, ainda assim o pássaro sempre a pés levanta-me larga, eu erro-a e vejo-a ir morrer indignamente nas mãos de um coelheiro, por estranho que possa parecer e sem me sentir melhor que ninguém, senti pena, quase luto por aquela Galinhola, por ter morrido de uma forma indigna e sem história, olhei pelo canto do olho e vejo o pássaro enpiolado pela cabeça, manchando de sangue umas calças camufladas, um triste cenário! Um forte suspiro e lá continuei lamentando a perda.
Era hora de pensar o resto da jornada, decido ir ver uma zona de entrada, que mete uns pássaros na entrada, o cão esse conhece cada tojo, cada pinheiro, e cada cantinho que a Dama gosta de se esconder. Imbuído nos meus pensamentos desperto com o Beeper a tocar, ali esta mais uma, acerco-me do cão e ele sai a guiar ficando novamente parado com o pássaro, sai tapada e erro-a, uma asneirada forte e a convicção de que o cão a encontrava novamente, pois bem não mais de cinco minutos e aí estava ele novamente com ela no nariz, perfeitamente controlada desta vez abatida ao primeiro tiro, não consigo descrever o que se sente ao ver o cão com ela na boca, é algo surreal, quase mágico, há tanto que não sentia esta emoção.
Mais umas voltas para tentar fazer as 3, e numa zona de tojo serrado, duríssimo para caçadores e cães, o cão faz a mancha toda no esconde e encontra com mais um pássaro, o rabo parecia uma ventoinha que só roda assim quando ele tem uma Galinhola pela frente, eu colado ao cão de mãos cravadas à arma esperava que ela saltasse a qualquer momento, mas não o cão bloqueia a Galinhola junto a uns pinhos pequenos, beeper a tocar, sentia o coração a latejar nas mãos que fortemente seguravam a arma, o cão, esse nem mexia, eu sabia para onde ela ia sair, só podia ser por ali, e sai mesmo, erro-a com os 2 tiros, não queria acreditar, como é possível isto, saiu-me até boa. Este pássaro curiosamente foi parada mais 2 vezes pelo cão mas sempre sem me deixar sequer atirar, até que algum coelheiro a deve ter abatido, deixei depois de a ver.
Uma jornada repleta de lances magníficos 2 abates e um trabalho de mestre do cão, que qual Vinho do Porto, melhora com os anos.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Vendo Pointer com experiencia em Galinholas.

Pointer Preto unicolor com 3 anos metido na caça Brava e com experiencia nas Galinholas. Com LOP e Afixo. Excelente nariz e morfologia, ligado e a caçar sem colar eléctrico.































quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O cão pára a Galinhola ou a Galinhola deixa parar o cão?

Quem pára quem?
Esta é uma duvida que assiste a muito caçador, serão os cães, os verdadeiros cães de Galinholas capazes de Parar as Galinholas todas ou nas circunstancias normais quase todas, tendo uma efectividade muito elevada, ou serão as Galinholas que se deixam parar pelos cães?
Eu penso que tudo tem a ver com a qualidade do cão, do seu nariz sensível e de uma inigualável experiencia nesta caça adquirida ao longo de anos de caça que, há mais pequena emanação, é capaz de a trabalhar e entrar em mostra com uma firmeza e convicção inacreditáveis. Claro que há galinholas que não se deixam parar, ou em condições ditas normais não se deixam parar, mas por vezes nestas situações cabe-nos a nós caçadores alterar a situação e dar uma perspectiva nova do lance ao cão, por vezes num pássaro arisco o simples facto de entrar-mos pelo lado oposto da crença faz toda a diferença e surpreendido já suporta uma mostra, pois o seu caminho favorito de fuga está agora “tapado”, sendo que estes exemplos são felizmente muito poucos.
Pelos cães que tenho acompanhado, alguns de muita qualidade, pelos cães que tenho, é com forte convicção que penso ser o cão quem domina o lance e não o contrário, são os cães que param as Galinholas e não as Galinholas que se deixam parar pelos cães, isto porque uma galinhola não escolhe um cão de entre muitos para a parar, pois que motivo há então se assim não fosse, um determinado cão meter um pássaro no ar e, outro cão parar logo a seguir esse mesmo pássaro, num segundo lance sempre mais complicado?!
Estas opiniões são muito pessoais, em conversa sobre este tema com Amigos Becaderos cheguei a uma conclusão muito curiosa, os que têm bons cães, pensam da mesma forma que eu, os que têm cães mais fracos nesta disciplina, mais novos ou inexperientes, são da opinião contrária, ou seja a opinião que temos baseia-se no cão com que caçamos, se é bom, forte e efectivo é o cão que domina o pássaro e o lance, se o cão é mais fraco damos a desculpa mais ou menos sincera de ser o pássaro que determina o lance e o seu desenrolar.
Acima de tudo o importante é divertirmo-nos com mais ou menos cão!

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Extra Galinhola Caça&cães de caça

Já está nas bancas e numa iniciativa do Grupo V, editora da revista caça&cães de caça, uma edição especial totalmente dedicada à Galinhola. Esta edição denominada EXTRA GALINHOLA vem acompanhada por um Filme DVD com belas imagens de caça a esta espécie, em Espanha e na Turquia.
Ficam os tópicos da edição Extra.



4 Cartuchos para a caça à galinhola
Benelli Montefeltro Beccaccia
Outras raças para caçar galinholas?
Subtilezas da galinhola
Fabarm Gamma Paradox
Galinhola: Uma espécie esquecida em Portugal continental
Galinhola: resumo da espécie e da sua caça
Seguimento de galinholas por radiotelemetria via satélite
O melhor equipamento para o caçador de galinholas
Determinação do sexo e idade nas galinholas
Setter Inglês
Coleiras beepers e localizadores
A tecnologia e a caça à galinhola
Galinholas do meu encanto!
Truques e estratégias para caçar galinholas
Melhore o comportamento do cão na caça às galinholas
Como caçam os especialistas na caça à galinhola

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Boas Novas.

Passado pouco menos de 1 ano da informação que dei ao Instituto de Conservação da Natureza através da Central de Anilhagem sobre o abate de uma Galinhola anilhada chegou agora por carta a informação disponível sobre esta ave.
Esta ave foi anilha pelo Sr. François GOSSMANN (Administrateur National du Réseau Bécasse ONCFS/FNC/FDC) na Estação de Anilhagem de Paris.


Informação enviada.

Idade: 2 anos
Sexo: Desconhecido
Nº Anilha: GY84415
Peso na anilhagem: 350 g c/anilha
Data de anilhagem: 30-03-2008
Coordenadas da anilhagem: 4526 N 0414 E
Anilhador: François GOSSMANN
País de anilhagem: França
Local de anilhagem: Chambles, Loire.
Distancia: 1857 km
Direcção: 215 graus
Tempo decorrido: 268 dias
Data da recaptura: 23-12-2008
Local da recaptura: Setúbal
Circunstâncias: Morta a tiro

Portanto verificamos que a cedência de informação sobre capturas de aves anilhdas às entidades competentes e descritas num outro artigo deste Blog é algo simples e sem tabus e é sem dúvida uma mais-valia que contribui para os estudos que vêm sendo elaborados a nível internacional. Pelo que vale a pena colaborar-mos nestes estudos, ser caçador também é isto!

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Os primeiros pássaros.


Com as primeiras chuvas e as primeiras folhas secas da minha figueira no chão vêm os telefonemas com relatos dos primeiros avistamentos em território nacional do tão esperado ser de bico longo, dia a dia todos nós sabemos de mais um pássaro levantado aqui ou ali por um podengo numa caçada aos coelhos.
Acercam-se também de nós pensamentos mais enérgicos sobre como será a época que se avizinha, será uma época forte, virão em força, estarão onde as esperamos levantar? Estas e tantas outras questões vão-se pondo nas nossas mentes ou em conversas com companheiros de caça, saudáveis lembranças nos acercam, todos os nossos pontos quentes ficam rapidamente disponíveis na nossa mente como se um GPS se trata-se, sabemos já com a devida antecedência onde queremos ir, onde primeiro devemos procurar, dia a dia olhamos para a meteorologia, sabemos mais do tempo que vai na Rússia que os próprios serviços secretos do Kremlin, não há site que nos falhe, esperamos como uma velha vidente a olhar para os búzios e de uma forma mais ou menos infantil antever o seu percurso, olhamos para os ventos como bons ou maus presságios tal qual as linhas da vida na palma da mão lidas por uma cigana. Mas não, talvez não seja assim tão infantil, talvez seja a forma como cada um de nós lida com a ansiedade de 9 meses de espera, não cheguei ainda ao ponto de riscar dias num calendário, pois acho que a espera seria ainda mais dolorosa, luto contra o tempos com um filme aqui outro ali, uma perdiz e uma lebre morta aos cães mais novos para lhe dar alento e o olhar triste e conformado dos mais velhos ao ficarem em casa sabendo que os mais novos andam a divertir-se com as orelhudas e perdizes, mas os mais velhos não estão esquecidos, apenas com receio de se aleijarem ficam qual craque da bola, no banco, esperando para entrarem nos grandes palcos e nos grandes jogos, aqueles onde eles fazem a diferença.
A espera é sem dúvida longa e angustiante, mas estes momentos próximos são também eles mágicos, este nervoso miudinho, o passa a palavra dos primeiros avistamentos, os telefonemas, o acompanhar das migrações e a noite da véspera da primeira jornada são momentos de difícil explicação, apenas posso dizer que são momentos únicos que poucos entendem e ainda menos os vivem.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Galinholas na TV

O canal Caça e Pesca exclusivo da ZON TV Cabo apresenta no dia 13 de Outubro repetindo depois outras vezes em dias e horas distintos, um programa sobre a caça às Galinholas em Portugal.
Este filme foi integralmente filmado em Portugal e com realização portuguesa.
Este filme mostra belas imagens e lances de grande beleza em terrenos típicos de Galinholas onde os cães são os maiores protagonistas.

"Esta emblemática espécie cria paixões entre os caçadores portugueses. Pela mão de um campeão do mundo de Santo Huberto (Jorge Piçarra) e de outros caçadores, vamos conhecer a caça a esta ave migratória na zona da costa vicentina.Às 18:00 dia 13/10 no canal CAÇA E PESCA

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A Historia de uma Promessa chamada Dollar.

Desde há muito que tinha a intenção de fazer uma ninhada, mas só com a aquisição da UVA é que da intenção passei à prática, não a fiz pelo dinheiro, não a fiz por necessidade de ter mais um cão, pois não o queria, fi-la por gosto, ou talvez mais por convicção, a forte convicção de que tinha tudo para criar uma ninhada de cães de boas linhas, boas origens e acima de tudo equilibrados e muito caçadores.
Com 3 machos distintos que poderia ter escolhido, a escolha recaiu pelo que me transmite mais, pelo meu companheiro de sonhos, o Faruck.
Feita a monta era hora de esperar, os típicos 2 meses passaram com normalidade, chegada a hora vieram as questões e as expectativas de quem faz uma primeira ninhada, serão como os imagino, darão o que pretendo, serão tão bons como os pais!?!?
Só o tempo revelaria isso, mas a impaciência levava-me a fazer ao mês e meio o teste da pena, e a ter a maioria da ninhada de 8 machos e 2 fêmeas a parar à pena, mas já desde essa altura havia um diferente, aquele que a natureza me colocou em primeiro lugar nas mãos, e que se mostrava mais astuto, mais serio, mais maduro, mais ligado, e que tinha uma beleza de movimentos que me fazia olhar para ele com outros olhos, era talvez ou pelo menos no momento a escolha perfeita se fosse ficar com um deles para mim, além de tudo era o mais belo da ninhada, a natureza tinha olhado para ele com carinho!
Os dias passavam e o “Dollar” nome de registo, teimava em ser diferente, em ser melhor se isso é possível num cachorro de 8 semanas, mas era! Tinha um andar altivo, era o único que me ladrava quando me via, eu senti nele o mesmo que senti no pai em cachorro, tinha alma, transmitia personalidade, era ligado e meigo. As dúvidas ecoavam na minha cabeça, o que faria eu com aquele cachorro, fico com ele pensava uma vez, não posso, dizia-me a minha consciência. Tinha demasiada fé e ligação com aquele cachorro para o vender a um perfeito desconhecido para fazer dele quem sabe uma jóia, ou o mais certo mais um cãozinho medíocre de Parar, não podia deixar que isso acontecesse, a este não, este era especial, tinha ligação e isso não é fácil.
Toda a ninhada desenvolvia aptidões muito grandes, todos a Parar e nas brincadeiras necessárias do cobro todos eles melhor ou pior cobravam peças de caça congeladas.
Decidi então oferecer este cachorro a um Amigo, que tenho grande estima, e que me dava as garantias de fazer dele aquilo que eu faria se ficasse com ele. Pois bem, foi treinado por um outro Amigo, que conhecia bem a ninhada e os progenitores, o Piçarra, que deu ao cachorro todas as bases e o ajudou a desenvolver as suas capacidades.
Agora já nas mãos do dono e na sua primeira época de caça, em caça Brava confirmou as minhas expectativas, é um cão valoroso, de muito nariz e muito caçador, trabalhador como o Pai e com outros atributos vindos do Pai, que tem dado ao seu dono momentos únicos de maestria e beleza dignos de um cão já feito e mais velho, mas algo nele desde muito novo lhe ditava um futuro promissor, venham agora as Galinholas, pois filho de dois becaderos de excelência seguramente dará conta do recado da mesma maneira que os seus progenitores. Agora com nome de Família de “Goia” o qual não poderia ser melhor escolhido, pois transpira arte como o artista que lhe da agora nome!
Fico acima de tudo feliz pelo percurso deste cachorro e de alguns que sei quem são os donos e me vão dando noticias, como uma irmã dele a “Dânia” que com apenas 7 meses parou 2 galinholas numa manhã de caça, onde o dono eufórico me liga a contar a quente a novidade, que a mim sinceramente não me surpreende.