Uma madrugada como tantas outras nestes dias outonais, fria e sem chuva. Tinha em mente o encontro com duas Damas que não consegui meter-lhes a mão, foi com essa perspectiva e expectativa que iniciei a jornada.
Estevas, estevas e mais estevas, à primeira vista o terreno é todo ele igual, para o comum dos caçadores, toda a mancha é igual e poderia estar um pássaro em qualquer lado, mas para quem conhece o comportamento desta ave, sabe que não é assim, o terreno é igual apenas à vista humana, mas para as Galinholas há sempre um canto, um alto, umas árvores que fazem a diferença, mas não, hoje não era dia de reencontros, os dois pássaros levantados dias antes não se encontravam no mesmo local, normal e já esperado, já que galinholas de entrada quando levantadas na maioria das vezes mudam-se, estou convicto que voltarão, pois as duas zonas cheiram a Galinhola, nem cão é necessário de tão bom aspecto têm os dois locais, é esperar.
Andei por todos os cantos conhecidos em busca de um pássaro, apenas perdizes vermelhas e bravas iam dando cor à minha manhã. Era hora de repensar a volta, fui então a uma zona que não tinha caçado, o eucaliptal, curiosamente locais que me dão muito prazer caçar, sempre gostei de andar às Galinholas nos eucaliptais, estevas, sargaço, urze alta e algumas abertas era o cenário que se apresentava, ainda antes de entrar no eucaliptal vejo uma galinhola levantar do pasto na borda da mancha, o Faruck pára instantes antes da galinhola sair, por pouco tempo, pois rapidamente percebeu que já não estava lá, fomos então em busca de um pássaro que pelo comportamento esquivo e por estar fora da mancha no pasto, indicava que era nova na zona e não conhecia o terreno, preferindo levantar do que ludibriar os cães no terreno. Pouco depois vejo-a novamente a levantar antes do Faruck ficar parado em vão, seguiu-se uma demanda de mais de meia hora até conseguir dar a volta a este pássaro esquivo. O Faruck incansável como sempre lá deu novamente com uma pequena emanação que, bem trabalhada começou a tomar forma, rapidamente pegou no rasto até eu perceber que aquele pássaro iria levantar, assim foi levantou a uns bons 30 metros do cão, já no limite do eucaliptal, um tiro rápido e a leve sensação de a ter abatido, mando o cão cobrar com a esperança de que iria estar na encosta que delimitava o eucaliptal, cobra Faruck, cobra, cobra, ele tentava mas o corpo ainda quente daquele pássaro não estava ali, um vazio, um forte vazio apoderava-se de mim, pois aquele maravilhoso e infindável lance merecia melhor desfecho. Decido descer a encosta e subir para o restinho de eucaliptal que estava do outro lado do vale, uns 200 metros mais à frente o cão dá um toque com a cauda, eu li o movimento e percebi que ela estava para ali, fica parado e olhando para a frente do cão vejo a galinhola morta de peito para o céu, o faruck cobra-a de imediato, quem procura sempre encontra, um lance longo terminara com um cobro também ele longo e difícil, mas no final o sabor do sucesso era intenso, a adrenalina estava em níveis elevadíssimos e eu e o Faruck notoriamente felizes por tão belo desfecho.