Este espaço visa dar a conhecer uma verdadeira Paixão, a caça às Galinholas com Cão de Parar, como também mostrar um pouco do nosso trabalho na criação do Setter Inglês, uma maravilhosa raça inevitavelmente ligada a esta nobre e enigmática ave que a muitos de nós encanta, a Bela Dama dos Bosques, a Galinhola.
Finalmente aconteceu, depois de quase um ano de espera concretizámos o tão esperado cruzamento entre 2 exemplares com nota máxima em estilo, se tudo correr bem e se a sorte nos der a mão, sairão daqui cachorros morfologicamente muito bonitos e com grande atitude e estilo, e com uma importante carga genética, agora é aguardar com muita paciência e fé o desenrolar de tão importante ninhada.
As cores no Setter Inglês são Variadas, do Laranja e Branco, ao Tricolor nas suas vertentes Branco, Preto e Laranja ou Tricolor em Fígado, passando pelos Blue Belton (Branco e Preto) a terminar nos Fígado, a cor é muitas vezes um factor decisivo na hora de escolher um cachorro.
Há muito que deixei de escolher cães pela cor, a qualidade e carácter são muito mais importantes e decisivos, existem bons exemplares em todas as cores, no entanto, como toda a gente tenho as minhas preferências, assumidamente um apaixonado pelos Setters Fígado.
Das várias cores possíveis, infelizmente nunca me nasceu um fígado em casa, mesmo com fêmeas dessa cor, ao contrário, têm saído daqui fenomenais cachorros tricolores filhos do Don, cachorros que me têm dado grandes alegrias, e que têm feito as delicias de muita gente, com grande carácter e morfologia, de belos movimentos e grande paixão pela caça, a escolha é vasta, poderia mencionar vários exemplares filhos do Don que se tornaram referências nas Galinholas ou nas Perdizes, outros que estão na competição, no entanto, ficam aqui algumas imagens desses magníficos cachorros que contribuíram para que o seu Pai se destacasse também como um Grande Reprodutor.
A criação de cães e a genética envolvida estão longe de ser uma ciência exacta, isto é algo que creio ser do
senso comum e que todos concordamos, a questão principal é:
O que é mais importante
na transmissão de genes, o Pai ou a Mãe?
Fêmea qual a importância?
Pois bem, quanto a isto tenho
uma ideia muito bem definida! Se está provado que o Pai transmite cerca de 80%
da carga genética aos cachorros, então um exemplar para ser acima da média e
sair do mediano, a mãe tem de transmitir o restante com grande qualidade,
foi esta ideia que nos fez procurar grandes fêmeas, e grandes fêmeas não são apenas pedigree, grandes fêmeas têm de mostrar no terreno todas as suas
potencialidades, um estilo inquestionável, carater, paixão, morfologia e obviamente uma enorme carga genética, uma
boa fêmea tem de ser completa! Se tivermos tudo isto numa fêmea, e a juntarmos
a um bom macho, que transmita, então temos mais probabilidades de nascerem cachorros
de qualidade, e não dependemos apenas da sorte, e do que um bom macho pode transmitir,
forçamos a perfeição, se é que ela existe no mundo dos cães, mas pelo menos, de
consciência, estaremos seguramente mais perto dela, pensando desta forma
decidimos investir em fêmeas de qualidade comprovada, com estilo, carater,
paixão e grandes Pedigrees, estou certo que dispomos de uma base séria e sólida
para trabalhar com qualidade.
Macho, qual escolher?
Aparentemente a escolha é óbvia,
se procuro cães de Galinholas, então vou cruzar com um macho campeão de
Galinholas! Pois bem, os factos contrariam isso, e a minha convicção também,
poucos são os campeões de Galinholas filhos de campeões da mesma disciplina,
provêm sim na grande maioria de Pais Campeões de Grande Busca, aí é que estão os
melhores reprodutores, dali é que saem os cães com estilo, verdadeiramente
felinos e com estilo Setter.
As Provas de Galinholas
apaixonam-me mas, tenho consciência, até porque já participei e vi in loco os
principais protagonistas da Europa, que não são provas pautadas pelo estilo,
são provas onde se avalia mais o ponto e a efectividade do que o estilo do cão,
pelo que, não é nesta disciplina que seguramente estão os melhores reprodutores,
basta analisar os pedigrees dos campeões de Galinholas dos últimos anos para
constatar isso. Tendo em conta esta ideia que não é felizmente uma visão apenas minha, que decidi
cruzar boas fêmeas, maioritariamente com machos provenientes de Grande Busca, como o Leioandi
Ciro ou o Ernesto del Zagnis, nunca esquecendo um cão que me deu muitas alegrias quer no campo, quer como reprodutor, e que poderia ter feito carreira na competição, o Don, desta forma e com a máxima convicção e paixão, trabalhamos para obter
resultados superiores e cachorros apaixonantes em todas as suas vertentes, e criar sempre com qualidade e critério, e nunca, mas nunca em
quantidade.
Mais uma grande aposta numa monta onde depositamos uma enorme expectativa, cruzamos a nossa cadela Íris de la Vallée du Pairon com o Campeão da Europa de Grande Busca Leioandi Ciro, filho do Dendaberri Jai, Campeão da Europa de Galinholas e neto do Palaziensis Rambo que dispensa apresentações, o que se pode pedir mais!?
Mais uma Multinacional de renome que decidiu apostar no nosso canil e na nossa imagem para promover os seus produtos, desta vez foi a Canina, uma marca alemã que fabrica suplementos naturais para animais, com uma gama alargada de produtos muito úteis não só para criadores mas sobretudo a quem tem animais.
A partir deste momento todos os nossos exemplares além de uma alimentação Top, terão como complemento os suplementos da Canina para os ajudar nas desgastantes e longas épocas de caça.
Também as cadelas gestantes e os cachorros vão tomar os suplementos naturais Canina, desta forma pretendemos dar o melhor acompanhamento às nossas cadelas numa altura sempre complicada e aos nossos cachorros mesmo antes destes nascerem.
Depois de uma grande época de Galinholas, Jeep da Pedra Mua (Chopin), faz segundo lugar na primeira prova do Campeonato Regional de St. Huberto nos Açores, parabéns aos dois, Cão e Condutor, José Carlos Correia.
Um dia de Inverno com cheiro a Primavera, foi nestas condições de calor e pouco vento que fomos treinar alguns dos cães.
É sempre bom quando estamos no campo, independentemente do clima, desfrutar dos cães, sentir a brisa na cara, ver os novos exemplares e olhar para os mais velhos noutros terrenos com outros olhos, sem a pressão da caça dá-nos uma outra perspectiva, hoje foi um desses dias, ficámos muito contentes com as qualidades da Lys de la Vallée du Pairon, a nova cadela do meu irmão para a próxima época, bonita no terreno, muito estilista e trabalhadora, morfologicamente um espanto e com grande carácter, será uma bela companheira do meu irmão, seguramente vai desfrutar muito dela.
Dos lances possíveis que consegui filmar esta época, fica um apanhado de alguns deles, alguns deles ainda me deixam a tremer, pena que ficaram muitos outros que com muita pena minha não foi possível eternizar em filme mas que, lembrarei-os apenas eu e seguramente jamais os esquecerei! As filmagens não são fáceis, capturar boas imagens recorrendo apenas a pequenas câmaras que não controlamos não é algo assim tão linear como pensamos, a taxa de aproveitamento dos filmes não passa de 30%, no entanto espero com estas imagens fazer passar a emoção que eu vivo no campo a cada lance dos cães, os verdadeiros protagonistas destas magnificas jornadas de Galinholas.
Dou por terminada mais uma época, antes de mais quero a agradecer à minha Mulher que, grávida, ficou em casa dias a fio com a minha Filha, é tão bom quando podemos partilhar as nossas Paixões com quem Amamos.
Agradeço ao meu irmão por ter
caçado com alguns dos meus cães, isso permitiu ter os cães todos bem caçados,
mas também que eu pudesse caçar normalmente com o Ernesto quando o Don e a Íris
se aleijaram em simultâneo, o Ernesto estava em forma permitindo-me desfrutar
de belos lances.
Fiz mais de 6.000km de carro,
cacei em 7 coutos diferentes em 3 distritos, Setúbal, Évora e Santarém, apenas
em 3 jornadas não fiz qualquer levante, foi uma grande época com muitas
Galinholas, pouca chuva, dias “quentes” fizeram com que se tornassem muito andarilhas
e difíceis mas, com a ajuda indispensável dos cães, os lances iam-se sucedendo
e cada uma cobrada tinha um sabor muito especial.
Tudo começou ainda em
Novembro, com uma primeira Galinhola cobrada com a Íris, que rapidamente tomou
conta dos terrenos, muito rápida e encontradora, segura e constante,
transformou as minhas jornada num vicio, confesso que me viciei em caçar com
esta cadela, o esforço foi grande, para a encontrar, para a comprar, e para a
ir buscar a França mas, valeu cada um dos difíceis Km daquela viagem, cada
Galinhola parada fazia esquecer tudo o que ficou para trás!
O Don não há muito a dizer, um
Grande Cão, a idade não se fez sentir, uma lesão no início da época fez com que
tivesse de dosear o esforço e tivesse 2 semanas parado mas, depois tudo voltou
ao normal, e o normal é, inventar Galinholas, encontra-las nos locais onde
nenhum outro cão vai, fazer o difícil parecer fácil, enfim, é o meu Don de
sempre.
O Ernesto, cacei pouco com ele
desde que entraram as Galinholas, andou a caçar com o meu irmão, mas quando
necessitei dele não me deixou ficar mal, prossegui com eficácia a época, um cão
lindíssimo, forte e galopador, que cumpriu a sua tarefa quer nas minhas mãos
mas essencialmente nas do meu irmão.
Em resumo, uma época dura, felizmente sem acidentes, meus ou dos cães, muito seca e quente, com muitas Galinholas e repleta de lances maravilhosos, de
momentos inolvidáveis e intensos, uma época que deixa saudade, agora é
desenvolver outros projetos, e ir mexendo os cães de olhos postos já na próxima
época.
Fico ainda muito feliz, pelos resultados dos vários exemplares Pedra Mua que fizeram as maravilhas de muitos Amigos, do Continente às Ilhas, proporcionando aos seus donos momentos únicos, vários foram os exemplares que se revelaram está época, é um enorme orgulho.
Fica o relato do último lance da
época, um típico lance da Íris, rápida a guiar serpenteando pelo terreno,
sempre de nariz no ar, controlando a emanação sem se apoiar no rasto,
terminando com uma grande mostra e um tiro largo que achei ter errado, mas uma
pena caída do ar ao sabor do vendo ditava outra sentença e desmentia a minha certeza,
um cobro demorado e difícil de mais de 45 minutos, mas a experiência, a insistência
minha e da cadela permitiram cobrar mais uma Galinhola, abri e fechei a época
com a Íris.
Último sábado da época, manhã acordava quente com 15º às 7:00h, umas abertas e o céu semi serrado deixavam antever que poderia salpicar umas pingas, levei a roupa do costume, com aquelas temperaturas não queria andar toda a manhã de impermeável, até porque não estava assim tão escuro, má decisão, pois manteve-se assim até por volta das 10:00h depois disso foi sempre um pingar constante até às 16:30h hora que terminei a jornada, resultado, uma molha épica, daquelas que não apanhava há muito, foi até às cuecas.
Sabia de várias Galinholas diferentes neste couto, mas esta chuva fê-las mexer, apenas duas lá estavam, no entanto outras 2 entraram, o Don fazia aqui a sua ultima jornada da época, teve o embate final com uma das conhecidas, muito bem parada, um penalti proporcionou o único cobro da jornada, e impossibilitou a viagem de volta a este passaro que me deu tantos bons momentos.
Durante a manhã repetiram-se as mostras às Perdizes Bravas já acasaladas, um verdadeiro
espectáculo de assistir. Galinholas ainda tive 3 lances bonitos mas, uma delas saiu tapadissima, outra só a ouvi levantar sem saber onde, depressa percebi para onde tinha ido, uns pinheiros com muito bom aspecto, o Don depressa fica com ela, sirvo o cão e vejo-a sair calma, vejo-a inclusive poisar, o cão não a vê ou sente sair continua em mostra, demoro um pouco a tira-lo da emanação muito quente, o suficiente para a Galinhola se furtar de onde a tinha visto poisar. A outra foi um lance caricato, estava a urinar, o beeper toca, apressei a coisa, corri a servir o Don, a Galinhola já estava a uns 30 metros do cão, ele guiou-me, estava com ela no nariz, mas ela saiu tapada para o couto do lado. Apesar de tudo foi uma bela jornada, repleta de lances, cada uma que agora se cobra é uma vitória, pois estão difíceis, são as típicas Galinholas de final de época.