terça-feira, 11 de novembro de 2008

Relatos sobre a Dama.

Este tópico destina-se aos caçadores de Galinholas reportarem as suas Jornadas com a Bela Dama, podem enviar-me as historias e fotos que queiram partilhar publicamente neste nosso espaço de amantes da ave, enviem relatos e historias, é mais uma forma de todos nós termos conhecimento de como vai correndo a época no nosso território, bem como trocarmos experiencias sobre alguns lances. Poderão enviar os vossos relatos, Historias, opiniões e fotos para: pedramua@hotmail.com
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(Por: Francisco Baguinho)
Domingo 16/11/2008
Após consulta de um site de meteorologia durante toda a semana, constatei que o vento norte tinha sido predominante e, como é óbvio em matéria Becadera é óptimo. Eram perto das 7.15h quando cheguei ao local, nem queria acreditar no que via. A quantidade de viaturas, aquilo mais parecia a feira de Azeitão do que um vulgar domingo de caça. Tratei de dar o pequeno-almoço aos meus Amigos, Duque e Rafael, se nós comemos pela manhã, também é justo que os nossos cães tenham esse direito. Andei não mais de 150 a 200m no pinhal, topei logo uma equipa de 5 “Talibãs” acompanhados de uma recova de coelheiros, desde Podengos, outros tipo vira-latas, até meio perdigueiros etc, etc. enfim, quase parecia aquilo um catálogo dum qualquer Canil Municipal. O Rafael quando se apercebe da situação, olha para mim como que a dizer: “Afinal que vem a ser isto hoje?” entretanto digo-lhe eu: “O pá hoje nem a cor lhes vamos ver!” Começamos o trabalho muito devagar, com o Rafael a alongar-se e vir depois de caras comigo e por duas ocasiões acusado por 2 ou 3 canicalhos dos coelheiros, o Duque como caça mais curto por ali andava, mais perto de mim. Passados cerca de 15 ou 20 minutos e por onde já tinham passado os coelheiros, o Rafael começa a guiar direito a 3 pinheiros novos, rodeados de tojo e urze, a cerca de 2 metros pára, digo para mim “algum orelhudo aí esteve” mando o cão entrar e logo de seguida saltam 2 bicudas, abato uma e a segunda pousa a uns 20, 25m dali. Depois dos comentários e dos actos de praxe guardo o troféu e toca de ir á procura rapidamente da segunda, não fosse ela tresmalhar-se por aquele mato fora. Não tardou 3 ou 4 minutos para o Rafael estar novamente parado, atiro uma pedra para uma moita de tojo e o insólito acontece. A Galinhola ao sair fica meio atrapalhada no tojo e o Rafael num salto quase felino apanha-a no ar, como é cão que tem o dente doce, entregou-ma intacta na minha mão esquerda, pois a direita ficou de prevenção ao Amigo Duque que estava doido por lhe meter também o dente, digo então para o Rafael “grande faena amigo!” Vamos enjaular a bicha e lá fui deixa-la viva na gaiola dos cães, de imediato decidi que no final da jornada a soltaria para o pinhal, há-de parecer um toiro quando se lhe abrem as portas dos currais para o campo, asas para que te quero… Continuei com o trabalho, passados uns 25 minutos o Duque entusiasmado com um rasto começa a fazer uma guia e salta uma bicuda, que abato ao primeiro intento com a minha inseparável Benelli Cal,20. Empiolada a Dama é hora de comer um bucha e beber umas goladas de um belo e sempre presente tinto alentejano. Seguidamente fomos novamente para a “luta” passados cerca de 20 minutos o Rafael novamente em paragem, toca o Beeper umas 8 ou 10 vezes, corro lá e mando-o fazer sair, salta outra galinhola que ali mesmo me faz uma Meia-Verónica enrolando-se com um tufo de Pinheiros novos, disparo-lhe 1º e 2º tiros e lá ficou, ficou mas foi no campo para poder ter oportunidade de voltar á sua terra viver e criar, que vá em paz! Continuei a minha labuta até ás 12h45m, mas já não vi nenhuma Bela Dama, telefonei aos amigos Jorge Silva e Jorge Piçarra, que tinham ido ás Galinholas para terras de D. João de Portel ou para Vila dos Gamas, relatando-lhes a minha jornada. Quanto á Galinhola viva foi oferecida ao Jorge Piçarra para ser fotografada e posteriormente solta. Entretanto telefonou-me o Amigo e Mestre becadero Manuel Brás, que andava ás bicudas na charneca Ribatejana, tinha também um exemplar empiolado, felicitou-me pela minha jornada, ao que lhe fiquei agradecido vindo da pessoa que é. De seguida como não podia deixar de ser, atirei-me ao farnel saboreando uns jaquinzinhos de escabeche e um belo queijinho de ovelha acompanhados com pão de trigo do meu Alentejo e do não menos alentejano Tinto de Reguengos. Rezei um pai-nosso a agradecer a Deus estes maravilhosos momentos e regressei a casa pensando em outro género de Galinhola. Bem-haja Senhor Francisco Baguinho.
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(Por: João Pereira - 23.11.2008)
Galinholas Ribatejanas
Finalmente hoje (Domingo e não no Sábado por afazeres familiares) chegou o dia que mais anseio de toda uma época de caça. Fui sozinho, para grande tristeza minha, pois o meu companheiro destas lides tem andado doente e não me conseguiu acompanhar. A zona é minha conhecida há vários anos, mais concretamente desde 2002, altura em que comprei as Galinholas deste couto. Teria a oportunidade de rever o mesmo pinhal, a mesma zona de estevas velhas, a mesma ribeira salpicada de mimosas, as mesmas encostas sombrias cobertas de medronheiros. Penso nestas zonas e se puxar pela cabeça, recordo todos, mas mesmo todos os lances que já tive com esta magnífica ave nesta zona. É impressionante, que passadas dezenas de lances e várias épocas ainda me lembre de tudo, com uma nitidez e um detalhe verdadeiramente assombrosos. Já lhe tinha referido isto anteriormente Jorge, não há espécie cinegética que me faça sonhar tanto, que me faça escrever estas linhas com tanto gosto, que me faça gostar tanto de sair de madrugada, que me faça andar e bater tanto terreno, como a Bela Dama. Comecei cedo pelas 06h30 a delinear a volta, no café do Sr. Batista, a saborear uma "bica" e um pastel de nata quentinho. Começaria no "sítio do javali", apelidado assim pois por 2 vezes um enorme javardo tinha-nos pregado um valente susto, saindo-nos muito perto acossado pelos cães. Iria passar depois à zona "quente" de estevas velhas, local de maior crença para os pássaros e onde mais levantes contabilizei ao longo dos tempos, passaria de seguida pelo pinhal e por fim terminaria noutra zona de estevas e sobreiros, já perto do carro. Esta volta levaria toda a manhã e eu só iria caçar até às 13h00. Tive como única companhia os meus dois cães, o Argus e o Gurka. Mais velhos (já com 8 anos), mais experientes, mas sempre, sempre doidos por ir para o campo e caçar, com uma enorme paixão, uma alegria contagiante, agradecendo-me por lhes proporcionar uma vida ao ar livre a fazerem o que mais gostam. O terreno estava sequíssimo, pelo que tentei não inventar, ainda para mais sem companhia, e ir aos locais que considerava mais quentes, sendo que os cães, esses, batiam tudo indiferentes a qualquer estratégia ou rumo pré-definido. Deixei-os "à vontade", pois sei que não se alargam muito e que são firmes na paragem. Tenho bastante confiança neles e já me deram muitas alegrias, no trabalho que fazem, na paragem e no cobro (onde são especialistas) já me demonstraram tudo. Bati essa mancha e nada, nem javali, nem galinholas! Não fiquei surpreendido, pois sinceramente as minhas expectativas não seriam propriamente as mais altas. Tinham passado mais ou menos 60 minutos e dirigi-me à zona de estevas velhas. Quando entrei na zona murmurei, "ou está aqui alguma ou dificilmente encontrarei uma por cá hoje". Estava certo, os cães começaram a bater cada metro e junto a um sobreiro velho e de tronco grosso, o Argus presente o odor da dama e entra em paragem, indicando-me a zona onde estaria, perto da base da árvore, onde se junta mais mato. Ainda não tinha completado o 1º passo para me tentar posicionar e a Dama salta com uma velocidade e um bater de asas de arrepiar, encaro-a e disparo com rapidez, abatendo o meu 1º pássaro desta época, num tiro algo fácil. Fiquei radiante e dei umas 30 festas ao cão, acompanhadas das palavras: lindo, lindo. Continuei a bater tudo (com redobrado animo) e nada mais vi nesse Estêvão. Passei depois à zona de pinhal, tentando bater as zonas de maior sombra. Passados largos minutos vejo uma, que me saiu larga e segui-a até onde a vista foi possível alcançar por entre as copas de pinheiros bravos. Tracei um percurso para segui-la e cerca de 100 metros depois, os cães dão-me um sinal forte num emaranhado de tojo e sem chegarem a parar fazem saltar outra Galinhola, que curiosamente toma quase o mesmo percurso da anterior, encarei-a como pude e imediatamente falho o 1º tiro, tendo felicidade em acertar-lhe num 2º tiro de pura sorte. Os cães cobram-na ferida, com uma asa partida por um único chumbo. Tinha 2 galinholas cobradas e 3 levantes, pelo que não cabia em mim de contente. Voltei a perseguir a que me tinha saído larga até à extrema do pinhal e como não a voltei a ver, decidi voltar ao início do pinhal, batendo algumas zonas que considerava menos propícias no regresso. Nada mais vi, ou então não detectei qualquer levante, pois sozinho é mais fácil ser "enganado". Por fim, mudei de ideias e decidir dar uma última volta à zona da ribeira, pois sendo a zona mais húmida, julguei que poderia esconder algum pássaro. Mais uma vez não me enganei, vi duas galinholas em dois levantes distintos, que tendo saído encobertas não me proporcionaram qualquer hipótese de tiro. Dei por encerrada a jornada pelas 12h30, os cães já não aguentavam, eu também estava satisfeito com 5 levantes e 2 abatidas. Creio que com o meu colega, teríamos tido ambos mais oportunidades, pois a caça à Galinhola é bastante difícil se praticada sozinho, perdendo igualmente parte da sua magia. Mais oportunidades por certo surgirão neste Inverno.
João Pereira ____________________________________________
(Por: Luis Novais - 25.11.2008)
Em honra o meu Cão
Decorria o tempo frio e húmido no Outono de 2002 em S. Torcato, numa freguesia de Guimarães. Já era costume eu o meu grande Amigo Chinela, juntamente com Pataco, já há várias semanas, sair-mos aos tordos para os lameiros de S. Torcato perto de umas vinhas e uns choupais que havia ali na zona bem perto de uma vacaria ladea por ribeiros e pardos verdes e ondulantes que mais parecia cabelos de uma bela mulher ao vento. O frio era tanto, que mal saía-mos do carro para o local de caça ía-mos com as mãos nos bolsos e a arma de baixo do braço, olhando e escutando os tordos que já se faziam aos choupos. Desse dia, já bem perto da vacaria, havia uma poça com pouca água, que vinha de um ribeiro ali bem perto, serpenteando por dentro de uma mancha de choupos velhos e fortes, ali plantados por alguém, e talvéz, advinha-se que um dia as galinholas lá íam chegar um dia e presenciar este “filme” que vou relatar. Entretanto o Pataco estava a dar bem nos tordos que vinham prontamente a poisar nos choupos mais altos! Eu e Chinela, no outro lado dos choupais, lá matavamos um ou outro que Pataco deixava passar. Nisto ao houvir o Pataco a dizer “cuidado...galinhola....” de dentro dos choupos, quando foi cobrar um tordo, só me deu a mim e ao Chinela, e de relance, deslombrar o vulto de dali saíu de dentro, a uma enorme velocidade! Olhei para o Chinela e Ele para mim, pensamos “ lá se foi “. Já há uns dias atrás, na tasca do Café Penedo, estavamos a comer umas tripinhas, comenta-va o Chinela, “ quando morada aqui, matava todos os anos umas galinholas nestes lameiros, quando andava aos tordos! Eu atento à conversa, como um “perdigueiro marrado” escutava-o fascinado, se calhar já tinha o bichinho comigo, sei lá. No fim de semana a seguir, chegado ao local, o filme volta-se a repetir, mas desta vez a galinhola, não saíu dos choupos mas de dentro da poça de água perto da vacaria. A reação foi unanime e espontânea em todos nós, tirar as mãos dos bolsos e apontar, mas em quando a galinhola saiu e nós a tivesse-mos em mira, esta, já ía bem distante e ningém atirou! Nós e admirados pela situação, pensamos : “ outra véz! Com o decorrer da semana, pensava e pensava na quele filme todos os dias! Foi então que resolvi meter uma folga no trabalho e ir às galinholas numa quinta-feira. Telefonei ao Chinela e Ele aceitou prontamente. Cão no atrelado, foi buscar o meu Amigo Chinela. “ Então Chinela, vamos a elas, desta vez aquela não nos escapa!” Ele ria-se, e dizia “ vamos ver, vamos ver “. Chegados ao local, cartuchos na arma e mãos de fora dos bolsos, não vá o “diabo tecelas outra vez”, soltei o cão na direcção à poça de água. Nada, nem vestigíos dela. Admirado, penso e digo, “ vou entrar dentro dos choupos, enquanto Tu ficas do lado de fora por onde o Pataco a tinha tocado há dias “. Nem dois minutos passados, o Xanana já lhe tinha pegado no rasto, e eu, de olhos arregalados dou a correr lá para dentro, quando a vejo levantar muito antes que o cão a consiga parar. Abato-a com um tiro disperssor, chumbo 8 em cano 4 estrelas, logo ao primeiro tiro. Olho para o cão e vejo-o já com ela na boca todo babado a vir para mim! Ou melhor, nem sei o que diria ou pensou o cão, se ele ou eu é que era o mais babado nisto tudo! Cumprimentos, luis Novais
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(Por: Josué Vilas Boas.)
16/11/2008
Ora lá passamos um belo dia de caça, que muito sucintamente se resumiu a 7 pássaros vistos, 3 cobrados (o ultimo pela minha pointerzinha Diva 6 meses e 28 dias feitos hoje - pássaro este que passava despercebido ás duas máquinas do meu mestre incluído o Horus, o tal setter que me fascina e ajuda a viciar nestas lides, pois depois de emparelhado pelos dois estava caído a mais de metro e meio do solo encima de uma bigorna (nome de uma giesta grossa aqui na beira alta). Alem destes lances concluímos que mais algumas (talvez mais 5 pássaros) estiveram no nosso caminho, mas não se deixaram parar sequer e nem foram visualizados. Agora é tempo de preparar a tralha para ir até Trás-os-montes, pois parece que temos como missão melhorar a qualidade genética das perdizes de Uva. Já agora e neste âmbito tenho tido uma duvida: como sabe tenho a Diva e a mãe a Faia (5 anos), esta ultima penso que por estar muito rotinada nas perdizes e nos sujos de estevas de Vimioso, não demonstra muito interesse em percorrer os giestais de Castro d' Aire em busca de um pássaro que ela só bocou 4 ou 5 vezes. Que lhe parece, ainda devo tentar esta cadela agora que tenho terrenos mais becaderos e apesar de já ter 5 anos quase exclusivamente ás perdizes? E quanto á pequenita devo ter algumas esperanças, mesmo não descendendo de linhas becaderas? Sem dúvida são as dúvidas que mais me chateiam mas paciência. Um abraço e esperando não maça-lo, até breve. Josué Vilas Boas.
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(Por: João Sequeira. 29/11/08)
Amigos becaderos, Antes de mais gostaria de congratular o Sr. Jorge Silva pelo magnifico site que apresenta.Gostaria tambem de saudar o meu grande amigo Francisco Baguinho, um verdadeiro expert nestas andanças. É certo que tudo o que aprendi a respeito desta ave enigmática se deve ao sr. Francisco Baguinho, com o qual já tive a oportunidade de partilhar magnificos lances especialmente na Herdade Serra do Bispo em Elvas como já é habitual todos os anos. Gostaria de referir em especial um episódio passado na "Serra"com o Baguinho, que humildemente vou tentar relatar.Como é costume, encontramo-nos no monte colocamos a coversa em dia, falamos do tempo e claro de bicudas. Porque o "trabalho" não espera, preparamos o "estojo" para enfrentar a Bela Dama e saímos. Á direita o Baguinho junto á parede e à esquerda numa posição mais descaida aqui vou eu com a minha setter inglês "Migas" da linha francesa claro. Conhecedores da zona a caçar Migas e Rafael começam a sua labor procurando por entre matos e sobreirais. Subitamente parecem dar o primeiro sinal da presença de bicudas, o silênçio do escoalho e o som do beeper apregoam o momento esperado, mas o deslize em patrom parece insinuar que a dama não está disposta a esperar. Analisando a situação trocamos breves palavras em tom de voz baixo, ...ratou-se a pés, vai à nossa frente com toda a certeza... , refere Baguinho.Migas e Rafael retomam o rasto por entre o mato e a saga continua, subitamente sucede-se um novo deslize e o lance parece não ter fim, apressamos para participar pois a mancha termina e o limite do couto também. A dama parece não aguentar mais e num "salto de trampolim" sai do meio do sargaçal por entre sobreiros, sem angulo de tiro esta merecidamente leva a melhor em direcção à estrema. Após alguns segundos e sem qualquer explicação ei-la de novo com um vou rasante em nossa direcção, ...mas afinal!!!... interrogo-me. Parece reconhecer os limites do seu dominio e mergulha num claro sem defesa, os cães ganham de novo vida e apressamos para que nada falhe desta vez, num galope rolante Migas e Rafael marcam o local mas misteriosamente não detectam a sua presença, já cansados rendem- se á batalha, a dama havia saido vitoriosa. Baguinho num acto nobre de respeito e admiração, tira o seu chapéu e cordialmente sauda-a,...bem aja... Nem sempre as histórias de caça colminam com o troféu, difiçil de aceitar por uns... coisa que só os verdadeiros puristas tem o privilégio de entender.
Muito obrigado.
Com os melhores cumprimentos.
João Sequeira.
Junto envio algumas fotos de outras aventuras.