domingo, 29 de janeiro de 2012

Um fim-de-semana em grande.

Domingo, mais e mais Veron. Dia após dia as emoções são levadas ao êxtase, desta vez sem saber onde procurar um pássaro, pois aqui neste couto não sabia de nenhuma que me pudesse entreter nesta fria manhã que, pouco depois se tornaria numa manhã quente e repleta de tordos.
Após umas belas paragens às lebres e perdizes, o Veron fica em mostra numa mancha de estevas sem nenhuma jeito, a galinhola sai atiro, ela com as patas para baixo de devagar pousa a não mais de 30 metros de mim, tive a plena sensação que tinha levado, fico a mudar o cartucho e mando o cão cobrar, nada, mesmo nada, começa a ficar nervoso, a zona era minúscula o pássaro tinha de ali estar, viramos tudo eu e o cão e nada, com o pensamento que estava para ali debaixo de uns quaisquer paus, abandono a custo aquela pequena mancha para ver outra a uns 50 metros, nada, nada de Galinhola, vou então para outra mancha mais distante, ouço o Beeper, acerco-me do cão e a Galinhola sai completamente tapada, vejo-a apenas numa nesga, atiro mas nem lhe toco. Seria a mesma pensei, decidi fazer o lógico ir ver dela à mancha pequena onde tinha errado um pássaro, pois se fosse a mesma apostava que lá estaria novamente, e estava mesmo, saiu larga ainda atirei mas não lhe toquei! Respirei fundo, tão fundo quanto consegui, engoli em seco e lá continuei.
Pouco depois BEPP. BEPP…BEPP acerco-me do cão e fico a uns 20 metros de frente para ele, ele nem mexia, e ouço por trás de mim o típico pá, pá pá, viro-me e atiro, o pássaro manda-se para o chão, achava que a tinha chumbado, virei tudo e novamente nada. Mais uma forte golfada de ar para acalmar e decido ver uma mancha ali ao lado, novamente o beeper a tocar e o pássaro desta vez a sair para cima de mim, rodou em cima de mim e foi em frente, abatida facilmente, cobrada e respirava então de alívio, estava contente, 2 pássaros novos em vários belos momentos.
Perto dali, junto a uma vedação, o veron pára, toca o beeper, guia, pára, guia e guia, pára, eu sempre pelo caminho junto à aramada o Veron pelas estevas mas perto do caminho, cada ver que parava eu servia o cão e ele sai-a novamente a guiar, até que o pássaro levanta e roda para trás já do outro lado da aramada, larga atiro e abato-a ao primeiro tiro tive de saltar a rede e mandar o cão cobrar pois não a tinha visto nem sair nem cair, mas rapidamente o Veron vem com ela na boca. Que lance pensei, confesso que estava convencido que fossem perdizes, pois a guia foi larguíssima, mas não, tinha mesmo o bico comprido, estava sem palavras, as mãos ainda tremelicavam, são estes lances em galinholas de final de época que nos fazem ficar viciados nesta caça!
os Amigos também eles tiveram uma jornada em cheio com vários levantes, muito cantaram os Beepers hoje!

Faruck ao rubro!

Sábado com o Faruck, os lances iam-se inesperadamente sucedendo, logo ao sair do carro um pássaro já velho conhecido, errada pela primeira vez na semana do Natal, depois disso, já por várias vezes parada quer pelo Faruck, quer pelo Veron e, mais uma vez esta Galinhola foi mais forte, mais astuta, conseguiu sair antes de eu me acercar do cão.

Pouco depois uma outra velha conhecida, parada e errada a primeira vez com o Faruck, errada duas vezes em jornadas diferentes com o Veron, e sábado errada mais uma vez, parada novamente pelo Faruck, saiu antes de me ajeitar e complicada, voltou novamente ao mesmo local do primeiro levante, foi novamente parada precisamente no mesmo sitio, saiu sem eu conseguir atirar e foi depois parada pelo Faruck num cabeço mais à frente, mas já ia a levantar larga e a tapar-se, mas desta vez fui melhor, finalmente! Não me esqueço deste pássaro, pelos maravilhosos momentos que me proporcionou durante inúmeras jornadas ao longo de um mês, são estes pássaros que não esquecemos e, que por vezes até nos faz pena abater, é estranho, é um misto de felicidade com um quê de pena e súbita nostalgia, qual uma criança que depois de lentamente saborear um corneto sabe que o melhor está no fim, o bico do cone com chocolate mas, esse é o ultimo bocado de prazer, aqui é idêntico, fica uma sensação estranha.

Pouco depois um outro pássaro parado, seguiu-se uma guia magnífica e ela ia a pés eu sabia, acabaria por me sair tapada pelas costas, dei novamente com ela, novamente o Faruck a parou e novamente eu a errei, saia sempre tapada, depois disso não mais a vi!

Vi sim um outro pássaro, onde o Faruck pega no rasto até a parar num matou fechado com umas árvores, saiu para cima e facilmente abatida, um lance rápido.
Ainda dei com outra num pequeno eucaliptal, onde o beeper não se cansava de tocar, até ao ponto de me baixar para agarrar numa pedra e lanças ao pássaro, não o cheguei a fazer, pois quando me baixo ela sai, direita ao sol e encandeado erro-a, sem perceber para onde foi, assim acabava a jornada de sábado com lances e mais lances carregados de emoção!!!



quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Caçador de Galinholas.

Podia-se pensar que ser caçador de Galinholas é algo simples, fácil qual se vê nos filmes dos recentes e inovadores canais de TV por cabo, um bosque magnifico de carvalhos com folhas douradas caídas no chão a contrastar com o típico musgo que se alapa a velhos troncos que jazem daquele canto criteriosamente esculpido por uma linha de água que teimosamente passa por ali, ladeado de belos fetos, um local que de tão belo nos parece ter sido desenhado por um arquitecto paisagista, onde uma galinhola encaixa tão bem como a cereja no topo de um bolo, um Setter deitado, um levante, um tiro e a imaginação do mais naif dos caçadores bem repostado no sofá a fazer contas do que poderá fazer depois das perdizes fecharem em finais de Dezembro. Terrenos belos, fáceis, com muitas Galinholas é algo distante, muito distante, especialmente um local nosso, só nosso, onde um pássaro errado pode sem dúvida com sorte e persistência ser abatido numa outra jornada, num lance tão válido e belo quanto se exige a um cão de parar, isto é bonito, isto é que transparece nos filmes, isto, isto não é a nossa realidade! A realidade portuguesa na caça às Galinholas é distinta, ser caçador desta bela e nobre espécie é duro, os bosques de carvalhos são poucos e na maioria despidos de Galinholas, estevas, quanto mais velhas melhor, melhor para o pássaro, pior para o caçador, tojo, muito tojo, onde estranhamente a ave se sente tão bem como num magnifico e aconchegante tapete de fetos em França, aqui é duro, terrenos dobrados que nos dobram a alma, cães magníficos, trabalhadores, com carácter e convicção fazem um trabalho que muitos lá fora achariam bárbaro e louco.

O que é então necessário para ser um bom caçador de Galinholas? Dinheiro, Será? Não creio, ajuda, sim é claro como em tudo na vida, mas não é o essencial! Um cão? Não chega, ajuda mas não é tudo, sozinho não é quase nada! A meu ver o principal para ser um bom caçador de Galinholas é ter uma imensurável paixão por esta caça, só com paixão é possível fazer jornada após jornada à procura de uma ou nenhuma galinhola, debaixo de chuva em estevas cerradas e que apesar de não chover, têm tanta água que, com roupa seca acabamos todos molhados, quedas, vergastadas de estevas nos olhos, silvas na cara, pescoço e mãos, que aparecemos no trabalho à segunda-feira e acham que fomos assaltados por um gang perigoso.
Ser um caçador de Galinholas não é difícil, basta comprar um cão, e matar uns pássaros. Ser um bom caçador leva alguns bons anos, para entender as técnicas, conhecer os cães e saber interpretar os seus movimentos, ganhar laços e darmo-nos a conhecer ao nosso companheiro, aprender a posicionarmo-nos nos lances, saber ler o terreno, saber antecipar o pássaro, saber o seu comportamento e o que vai fazer, independentemente do terreno, saber onde entram primeiro, onde se colocam depois, cresce-se com os anos, cresce-se com os cães, cresce-se com os erros mais do que se cresce com as vitorias, menos que isto são historias. Como alguém uma vez disse, “Inicio de Novembro e já começaram a mata-las, começaram cedo este ano!” e a resposta foi “Não! Este ano começaram foi a mentir mais cedo!!!”
O que é então um Bom caçador de Galinholas? É o que abate mais? Não! Longe disso, é o que liberta adrenalina por cada poro em cada lance do cão, é o que num sítio com poucas, mata uma ou nenhuma, mas soube aproveitar e tirar prazer do que viveu, é o que sente os dedos a tremer agarrados ao fuste a cada levante, é aquele que, jornada após jornada chega a casa com os lances na cabeça e com vontade de voltar, mesmo sabendo que provavelmente nem vai ver nenhuma, mas vai com a esperança de haver um cantinho que não foi visto e que pode até ter lá aquele pássaro que nos dará tão extasiaste momento, este caçador que sai para o campo com esta convicção é que a meu ver é, o genuíno Caçador de Galinholas!

sábado, 14 de janeiro de 2012

Galinhola Kamikase


Se uma imagem vale mais que mil palavras, um filme vale ainda por mais, aqui fica um dos mais belos lances da época, protagonizado pelo Veron. Uma Galinhola abatida ao segundo levante, pois já tinha sido parada momentos antes, onde eu de joelho em terra para a poder ver sair a erro com 2 tiros, mas o Veron rapidamente mete-ma novamente a tiro, só que desta vez quase que me entra pelo cano a dentro, pois saiu direita a mim rodando a não mais de 2 metros de mim, abatida e cobrada prontamente.


Pouco depois um lance novamente de insistência do Veron, onde eu, estupidamente, por achar que tanta paragem e tanta guia, era demais para uma galinhola desliguei a câmara e logo de seguida ela sai e é abatida muito longe ao primeiro tiro. Pena não ter filmado o lance completo, mas fica mais uma jornada para recordar, com lances lindíssimos e um cão cada vez mais forte e seguro nas Galinholas.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Com muita emoção.

É com emoção que relato aqui os lances de mais uma jornada, uma jornada intensa repleta de lances lindíssimos, de atascanços com o carro a galinholas erradas esta jornada teve de tudo.
O calor destes dias fez-me levar os 2 cães, para caçar como sempre apenas com uma de cada vez, mas para poder trocar de cão a meio da jornada.
O Faruck foi o primeiro a sair do carro, pouco mais de meia hora e tinha a primeira galinhola parada, que me saiu a não mais de 2 metros dos pés, a manhã gelara-me os dedos e os movimentos, errada de forma tão ingénua que ainda hoje estou parvo com tremendo falhanço, felizmente que aprendi a controlar-me, a não me deixar afectar com estas situações inerentes ao acto, afinal errar é humano e eu não sou diferente. Desculpas, pois a verdade é que aquele pássaro deveria ter caído!
Era hora de continuar, procurar um outro pássaro, pois aquela tinha-se evaporado! Num eucaliptal despido, novamente o Faruck parado a uns 40 metros de mim mesmo à minha frente, o pássaro estava entre os dois, saiu-me perto a um metro do chão, teve a inteligência de se encobrir com o cão, passou-lhe mesmo por cima, a não mais de meio metro dele, um tiro no pássaro era um tiro no cão, pelo que, lá foi mais uma, engoli em seco, descarreguei-lhe não os meus 2 tiros mas o meu alargado reportório de calunias, mas agora a frio, tiro-lhe o chapéu, foi mais forte, foi mais inteligente, pois fez do cão o passaporte para a vida!
Era tempo de ir ver de um pássaro que tinha errado no dia de Natal, não estava no sitio mas, 100 metros à frente o Faruck fica parado, sai no rasto, uma eternidade, hora para, hora guia, demasiado tempo, demasiado para um cão comum, não para ele, a cauda, como uma caneta especial escrevia-me o que o nariz dele sentia e o que ele por palavras não me conseguia transmitir. Conheço-o como me conheço a mim, a ligação é enorme, somos uma equipa, confiamos um no outro, sabemos ler os movimentos, sabemos o que cada olhar significa, é esta parceria que nos dá os resultados que temos tido ao longo destes anos. O pássaro estava ali, ele sabia, eu sabia, era uma questão de tempo, parada mais uma vez no final daquela pontinha de mato, saiu-me entre os dois ciente do que a esperava, aí estava a primeira da manhã, num lance de insistência do cão em que eu desta vez aproveitei ao máximo.
A não mais de 50 metros o beeper toca novamente, acerco-me do cão, ele guia, e fica novamente parado, a cauda a mexer em câmara lenta dizia-me tudo, está aqui mas vai novamente a pés, e aí está mais um pássaro no ar, dei-lhe no primeiro tiro, e meto-a no chão com o segundo, cobrava assim o segundo pássaro da manhã, que lance, que lance dizia para mim mesmo, o cão, bem o cão seguramente que sentia a mesma emoção que eu, felizmente que este ano consigo colorir estas palavras com alguns pequenos filmes e este foi um dos que consegui filmar, e como uma imagem vale mais que mil palavras, aqui fica o lance.

Ainda tive mais uns bons pássaros parados, uma outra errada, a sair tapada e uma parada pelo Veron do lado contrario dum arame, abro a arma e coloco-a no chão, salto o arame e assim que meto os pés no chão ela levanta, completamente a tiro, pena, seguiu apenas mal tratada pelas minhas rudes palavras, abatida hoje ao segundo tiro no mesmo local parada novamente pelo Veron, num lance que deu para tudo.

Mas naquele dia ainda acabei mor abater uma mais com o Faruck, num lance de inteligência minha, pois o cão vinha a guiar e a parar em direcção ao final da mancha e eu corri pelo caminho para a apanhar quando levantasse na ponta, foi o que aconteceu, o cão parou-a e ela saiu para onde eu pensava e foi facilmente abatida.

Vários pássaros, diversos levantes e momentos emocionantes , são estes momentos que procuro viver, são estes momentos que nos fazem sair ao campo.

Estudo Italiano sobre Galinholas.

Este é um estudo Italiano sobre Galinholas com informações e dados muito interessantes.