domingo, 25 de dezembro de 2011

Gamarras de Natal.

Esta véspera de Natal seria feita em terras de Gamarras, pois rumamos ao sul do país, onde a nossa Bela Dama assume um outro nome, aqui são chamadas de Gamarras. Os terrenos eram duríssimos, estevas velhas, demasiado velhas, tão velhas que caminhar entre elas era um exercício que punha verdadeiramente à prova a nossa convicção como caçadores e amantes desta nobre disciplina, seria preciso sofrer tanto!?
Rapidamente os beepers tocavam, servir o cão era quase impossível e, quando ao fim de demasiado tempo o conseguia-mos alcançar estes saíam a guiar, pois as Galinholas já tinham saído a pés, os cães novamente a guiar por dentro das estevas abertas por baixo, tornavam a para-las e, tudo começava de novo, abrir caminho por entre as estevas para servir novamente o cão, e novamente tudo se repetia, o tempo a alcançar o cão era demasiado e as galinholas já estavam mais à frente, era um ciclo vicioso e andava-mos nisto, até porque os pássaros teimavam em não levantar e meter a cabeça de fora.
Já numa encosta fechada, perto de uma linha de água que era acompanhado no seu percurso por um serrado silvado, o Veron fica parado, o beeper toca, como estava perto de mim consigo chegar-me rápido a ele, uma curta guia e novamente parado, o coberto de arvores era tal que tinha um tecto de arvores, a galinhola arrepia para o ar, tentando sair, um tiro rápido e instintivo deita-a por terra. O Pedro já a frio conta-me que o lance tinha sido lindíssimo visto do outro lado da linha de água onde ele se encontrava, pois tinha visto a galinhola a sair sobre copa das árvores o sol da manhã tinha dado um brilho fantástico às penas, viu-a também cair de asa aberta após o meu disparo. Um cobro algo difícil mas eficaz, o Pedro gritava “agora só de Retroescavadora para a cobrares” mas este lance valera o esforço de uma época! A primeira estava feita, sacada a ferros num terreno duríssimo que nos tirava o chapéu vezes sem conta, que nos atirava ao chão demasiadas vezes e, consciente disso rapidamente percebi que, um abate ali seria algo muito complicado e difícil.
Lances atrás de lances no desenrolar da jornada, era mais do mesmo, quer para mim quer para o Pedro, que a custo tentava servir a cadela sem sucesso.
Numa zona alta do couto o Pedro tem a cadela parada numa pontinha de estevas baixinhas rodeadas de pasto verde, a Duska manda-se para o chão, o Pedro mete-se na frente da cadela com a incerteza que seria uma Perdiz ou uma Galinhola, pois naquela zona era o mais obvio uma Perdiz, mas sai-lhe uma galinhola das costas, estava parada pela cadela a uma distancia que o Pedro não imaginava e, ele julgando que se tinha posicionado com a Galinhola entre ele e a cadela, não percebera que era ele que tinha ficado no meio, um tiro estranho e lá foi ela.
Uns metros mais a cima o Veron pára num bico estreito de estevas eu, consciente das dificuldades, passo pelo cão e coloco-me de frente para ele no outro lado do bico de estevas que não tinha mais de 3 ou 4 metros de largo, para não ser mais do mesmo e, para a Galinhola não ir a pés já que as estevas logo ali alargavam montanha a baixo, atiro uma pedra para o meio da mancha, o Veron ao ouvir a pedra a bater nas estevas, dá dois passos à frente, a Galinhola, pá pá pá pá, a bater asas nas estevas e a sair por cima a tentar encobrir-se mas abatida ao primeiro tiro, um lance de fazer tremer e duas Galinholas abatidas num terreno verdadeiramente duro, pelo coberto, pelo terreno com uma urografia que desafia a gravidade e pelas Galinholas que ali, mandam elas!
Este foi um dia duro, difícil, mas emocionante coroado com dois abates complicados mas que valiam muito, pois estas duas mostravam que, somente malucos e apaixonados por esta caça se expunham a tanta dureza para caçar tão bela ave.



Aqui fica uma amostra do que se passou a jornada toda.