segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

No Natal pela manhã.

 O Natal ainda se fazia sentir, o cheiro a filhoses e sonhos estava entranhado nos nossos narizes, os meus sonhos eram outros até porque não gosto de doces desta época, como prenda um dia sem chuva, finalmente, pois já não era sem tempo, todas as ultimas jornadas anteriores tivemos como companhia a chuva e terrenos encharcados, caçar em estevas à chuva é molha certa.
Começámos a caçar e à minha esquerda reparo numa cova, um pequeno vale entre dois cabeços pequenos, onde um velho Pinheiro manso faz sua casa, na sua sombra e a seus pés um apetitoso quadradinho de sargaços, eu digo ao Pedro, faz esse cantinho com bom aspecto, dito isto sai uma Galinhola que tal como eu achava que aquele recanto tinha as melhores condições, pássaro esse que parecia evaporar-se, pois não demos mais com ela.
O dia parecia começar bem, era tempo de ver outros terrenos, foi o que fizemos. Os lances ao Pedro iam sucedendo, outra errada deixava-o um pouco stressado, faz parte, Galinholas erradas é o pão nosso de quem faz desta paixão a sua caça. O Pedro acabava pouco depois de se livrar da maldição, e abate uma num terreno de pinhos novinhos com estevas e mato branco, fechadíssimo, eu descai-o para baixo para um terreno igual mas um tanto mais afastado, o Verom em mostra, guia e guia, pára e pára, o Beeper a tocar, eu faço o terreno rapidamente por fora da mancha para ser mais rápido, pois tinha a certeza que ali as Galinholas andam rápido e se não for também eu rápido a acercar-me do cão não teria hipótese, o cão estava parado, eu pronto para a acção e, de repente algo estrondoso intromete-se no nosso momento, um javardo que sai desembestado levando consigo à frente todo o mato e estevas que se atravessava no seu caminho, pensei para comigo, pronto estava parado com o porco mas, estranhamente o Verom continua em mostra, o beeper a tocar incessantemente e de repente ouço um “pa, pa, pa…” o bater de asas inconfundível, completamente tapada apenas a vejo já a sair na mancha, erro-a ao primeiro tiro e corrijo instintivamente correndo bem a mão, cai redonda no segundo e ultimo disparo, mando rapidamente o cão cobrar indicando-lhe a direcção, pois ele não a tinha visto sequer sair, eu tinha-a visto bater contra o resto de um troco velho e suas entrenhas a descoberto que jazia num entroncamento de dois caminhos, confesso ter ficado perplexo, não queria acreditar que tinha morto uma Galinhola àquela distancia, era demasiado longe especialmente se tiver em conta que caço com uma arma de canos cilíndricos de 61cm, ainda por cima levou mesmo em cheio, quando têm de cair, caem!

Um pouco mais à frente o Verom fica parado, acerco-me dele, e ao sentir-me faz uma guia lindíssima, vejo o cão sair ligeiramente para a esquerda e rapidamente vou pela direita, ele fica então imóvel, o beeper toca, fico de frente para o cão, o tempo parece não passar, o lance prolonga-se, o cão não mexe, decido então dar um primeiro passo em direcção a ele, nada, dou um segundo e aí vai ela, abatida ao primeiro tiro e rapidamente cobrada. Que lance, emoções fortes, o Pedro que estava perto quando nos encontramos só me diz, “olha, eu só ouvia, BEP, BEP e depois pum…”
Apenas vi aqueles dois pássaros, tive ainda um lance lindíssimo de guias e paragens, mas infelizmente era uma lebre.

Momentos destes são das melhores prendas de Natal!

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Um dia roubado aos sonhos.


A convite de um Amigo do Pedro fomos caçar num couto associativo, terrenos lindíssimos onde as estevas uniam os sobreiros, terreno dobrado e de bom aspecto. Numa primeira mancha saí com o Veron, apenas um único pássaro que levantou por si só sem sequer o cão perceber, mas que eu consegui vislumbrar, e que infelizmente não demos com ele, de reter para sempre o magnifico trabalho do Veron, com uma sequencia de guias e paragens, a roubar caminho à ave, até que de uma forma plástica a para a tiro numa zona de estevas, infelizmente sai uma Perdiz, genuinamente Brava mas uma perdiz, o bico era curto o suficiente para não ter atirado, fiquei maravilhado com o trabalho do cão, revela-se jornada a jornada, a margem de progressão é enorme, está-se a fazer no Setter que sempre sonhei!
Noutra mancha, mais fechada, dura e complicada, mais ao jeito do Faruck, terreno dobrado que dificulta a aproximação ao cão e ao lance, cabeço após cabeço, ia comentando comigo próprio e por vezes com o Pedro, que aqui tem de haver Galinholas, tem de haver, ele sorria abanando a cabeça, pois não era difícil de perceber isso, chegando-me a dizer, “aqui até eu as paro!”.
No meio de terrenos tão fechados, pelo desenrolar da jornada, levados pelo instinto ou puxados por um lance do cão, fomo-nos aos poucos separando, ouço o primeiro tiro, o Pedro tinha feito o gosto ao dedo pensei para comigo, continuei concentrado, até toda a minha concentração ser abalada pelo que mais espero, ouvir o Beeper, estupidamente ia ao telemóvel, não conseguindo acercar-me do cão convenientemente, meto em alta-voz e segurando o telemóvel com os dentes enquanto reservava as mão para a arma, acerco-me o mais que posso do cão, vejo a galinhola a sair, erro-a, não estranhei mas erro-a, do outro lado o meu sogro que, qual relato da rádio ouvira todo o lance, expectante pergunta-me , “ então, então, mataste-a?” ofegante repondo, não, não consegui!
Era tempo de dar descanso ao telemóvel, era tempo de caçar não de falar, mas as tecnologias têm destas coisa.
Pouco depois um novo pássaro parado, que sai sem hipótese de tiro, pois não consigo lá chegar a tempo, o terreno é complicado de andar para caçadores, ainda fizemos mais 3 levantes a este pássaro, que nunca me deixou sequer chegar perto.
Novamente um tiro do Pedro, seguido de um típico telefonema, dizendo que tinha já 2 cobradas e relatando os lances.
O Faruck parecendo perceber como que de algum jeito a minha frustração, resolve então fazer uma daquelas jornadas somente ao alcance de grandes génios nesta disciplina, pássaro após pássaro, os lances iam-se sucedendo, o Beeper cantava e cantava, um dos lances vejo o cão parado, num espaço rectilíneo aberto nas estevas consigo desta vez ser mais rápido e acercar-me do cão, posicionando-me bem e esperar calmamente pela saída da Galinhola, abatida ao primeiro tiro, tremi, confesso que tremi, após tantos lances sem sucesso devido às condições do terreno estava a desesperar.

Novamente e sucessivamente tudo se repetia, o cão a parar, o beeper a tocar e a dificuldade de me acercar do cão e inevitavelmente as Galinholas a saírem sem eu poder atirar.
Outro lance deu-se numa meia encosta, onde o cão faz um rasto, eu não liguei muito, confesso que não acreditava, o cão segue pasto fora e fica parado, saído uma Galinhola, não queria acreditar que tivesse uma Galinhola naquele terreno, vejo-a voar para o cabeço em frente, disse para o cão, bem vamos ver dela? Que, parado de pescoço erguido olhava e controlava a trajectória da Galinhola.
Cabeço a cima, cabeço a baixo, batia o terreno em “Z” pois não sabia onde ela estava, até que o Beeper toca de novo, junto a uma aberta, debaixo de um velho sobreiro que apreciava todo o lance, estava o cão parado, eu como tanto gosto meti-me de frente ao cão, o beeper tocava incessantemente, o pássaro sentia-se apertado entre os dois não querendo levantar, antevendo o que passaria se o fizesse, o lance durou eternos segundos que não sei quantificar, de frente para o cão deu para ver o ar alucinado com que fica parado com uma galinhola, alheio a tudo, em transe, num momento só dele roubado um pouco por mim e num outro mundo que não o nosso, onde não conseguimos sequer imaginar o êxtase de sensações que percorrem aquele corpo, olhos vidrados, a boca abre e fecha ligeiramente com uma precisão suíça, tudo é controlado, o olhar, a respiração, até que tudo por magia se desfaz e ele volta à terra ao levante da Galinhola, abato-a ao primeiro cobrada alegremente pelo cão. Não sei descrever melhor este lance, não consigo descrever melhor, liguei imediatamente para casa, onde a Vanessa me diz, “tens a voz a tremer, o que se passa, outro momento daqueles!?” não vou esconder, vivi um dos momentos da minha vida, sentia-me, sentia-me, não tenho palavras, quem viveu destes lances sabe como se sente um Homem num momento destes. Ainda me consigo sentir assim a cada lance de Galinholas, mas há alguns especiais que nos levam daqui.

Encontro o Pedro, que parecia desanimado com os seus 2 pássaros, queria mais, mais lances, está a ficar viciado nesta espécie de droga, como um viciado, necessita de mais, mais lances, de sentir mais vezes a adrenalina, digo-lhe então chega-te a mim que o Faruck está possuído, dito isto mais um lance e abato a terceira.
Este dia foi decididamente roubado a um dos meus melhores sonhos, diga-se a verdade, tenho uns sonhos férteis em Galinholas e este dia superou qualquer sonho!

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Não é como começa, mas como acaba!

Mais uma jornada que se avizinhava molhada, a noite tinha sido violentamente assolada por fortes chuvas e vento, a madrugada apresentava-se mais amiga, ainda assim molhada, a caminho da zona tivemos o grato prazer do vislumbre de um bando infindável de torcazes, tantos que nem nos atrevemos a quantificar para não cairmos num erro que roçaria os vários milhares e muito provavelmente para menos.
Já depois do encontro com outro Amigo que nos ia acompanhar nesta manhã de caça, lembrei-me subitamente que me esquecera no meu carro da minha mala da caça, com cartuchos, chaves do cadeado da arma, beepers, colete, chapéu etc, confesso ter ficado logo mal disposto, mas tentei levar as coisas na brincadeira, o Pedro tinha uma pequena mala de ferramentas no carro, suficiente para arrombarmos o cadeado, arma pelo menos já tinha, uns cartuchos emprestados no bolso, e um chocalho que o Pedro também me emprestou, desta vez era à moda antiga, pouco a meu gosto, mas era mesmo só de chocalho no cão, nada de tecnologias.
Começámos precisamente no mesmo local da época passada, o terreno é muito dobrado e lindíssimo, do mais belo onde já pisei, se é certo que os olhos também comem, poder-se-á dizer que na caça às Galinholas é onde nos deparamos com os mais belos cenários.

Virava cabeço após cabeço e vinham-me à memória lembranças da época passada naqueles mesmos terrenos, pretendia encontrar uma zona de Estevão que cheira a Galinholas, junto da ribeira onde haviam pássaros no outro, encontrei finalmente a mesma pequena mancha onde tinha já feito um abate, mas nada, bati todos os cantos de Estevão ou as manchas de sargaço, numa outra mancha também de Estevão, o Veron fica parado, o chocalho cala-se, faz-se finalmente silencio, o meu coração batia forte, a adrenalina acercava-se de mim, tenho este Setter há pouco tempo, ainda só o tinha visto trabalhar uma galinhola e parar muito bem parada outra pelo que, estava apreensivo, ele ainda não tinha tido a hipótese de me mostrar o seu real valor. Acerco-me rapidamente dele, ao sentir-me desliza, de forma muito felina, tipicamente setter, ficando novamente parado, um bailado a dois, entre uma Galinhola feita ao terreno e um cão que não se deixava intimidar nem muito menos ludibriar, eu com alguma dificuldade tento acompanhar o cão, novamente parado com ela, mas não ficava por ali, ela decide tentar mais uma vez, ele sentindo o pássaro em movimento, novamente e com grande rapidez desliza por entre o mato, ficando parado virado para baixo, ligeiramente torcido, eu subo um pouco para ter melhor visibilidade, o cão deu todo o tempo do mundo a esta Galinhola, sabia que era desta que se metia no ar, e assim foi, abatida ao primeiro tiro, bem cobrada sentado para entregar, réstias do treino de competição que teve. Vive este lance como poucos, fez-se luz nos meus olhos, percebi que tinha ali um grande cão de Galinholas, que finalmente tinha um Setter de grande qualidade e que acima de tudo poderia deixar o Faruck em casa sem ficar a pensar que com ele as coisas poderiam ser diferentes e em grande parte das vezes melhor.
Ainda vi um outro pássaro que me saiu num alto com pinheiros e voou para o outro lado dos arames e eu pensei que não pertencia ao couto, mas que no final percebi que afinal também era mais do mesmo.
3 levantes e 2 abates para o grupo, numa manhã que começara mal e acabara bem.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Bem Caçado.

Com as novas tecnologias ao acesso de todos sabíamos de antemão, que o tempo se esperava encoberto, frio e chuvoso a partir da tarde. Íamos eu e o Pedro, com a forte convicção que teríamos um dia com levantes, pois tinham entrado pássaros uns dias antes e não tínhamos caçado ali depois da entrada, portanto o mais certo era estarem uns pássaros bons à nossa espera.

Começamos por uma zona bem conhecida, onde eu tinha como convicção estarem na mancha que não é grande, uns 3 ou 4 pássaros. Entramos mesmo na extrema do Eucaliptal, eu à esquerda o Pedro à direita, à medida que avançávamos no terreno pensava para mim como era possível não se ver vivalma, diga-se Galinholas, este pensamento mais pessimista foi cobrado por um cantar do Beeper do Faruck, corro mas quando vejo o cão já estava a desmanchar a mostra, sem rasto, presumo que o pássaro levantara antes de eu me acercar, pergunto ao Pedro se tinha visto o cão parado, reponde-me que não, pouco depois o Pedro ouve-a levantar, pergunto-lhe de tem a certeza, dizendo-me “este barulho é inconfundível!” claro que sim, mais um pássaro esquivo que andava de levante.

Na mancha seguinte separada por uns escassos 100 metros, entramos como a convicção que seria mais do mesmo, ouço o Beeper do Faruck, desta vez acerco-me dele, assim que me sente segue num rasto, parando mais à frente, voltando o beeper a tocar e novamente a desmanchar, mais um pássaro andarilho, pensei que se ela se tinha passado só podia estar para trás, o cão novamente parado e ela a sair larguíssima, decido ir em busca desta galinhola, mas sem sucesso, não a encontro. No caminho aquele pássaro assombrava-me as ideias, apenas pensava onde estaria ela, já longe vinha-me à ideia que teria rodado para a direita sem que eu me apercebesse, mesmo levando uma rota contrária, mas fazem isto, rodam ao contrário assim que sentem que estão mais longe, sendo assim na volta teria que procurar numa pequena zona que deixara por bater por força de uma ideia fixa onde julgava estar esta Galinhola. Perto do local, onde agora acreditava poder estar esta Galinhola vejo-a voar direita a mim, só depois percebi que o cão tinha acabado de entrar na mancha e ela mal o sentiu levantou, andava desconfiada e de levante, volto para trás novamente a ver se a encontrava novamente, o cão dá-me sinal, tinha a certeza que, quando o cão desse com ela, que não se deixaria parar, que levantava assim que me sentisse a mim ou ao cão, assim foi o cão e eu a subir a ladeira e o pássaro a saltar do lado contrario de uns eucaliptos, vejo-a por entre dois troncos separados por não mais de um palmo, ainda hesito mas atiro mesmo por entre os troncos, metade do chumbo fica cravado na madeira mas o restante foi suficiente para a abater, cobrada pelo cão ali estava a primeira do dia, abatida ao terceiro levante e apenas parada no primeiro.
Mudávamos de mancha, para outra bem conhecida, mais uma vez o Faruck a fazer tocar o Beeper, mais uma vez a parar um pássaro longe que me sai tapado para o couto do lado, à semelhança do que sucedeu no fecho da época passada, questiono-me se não seria o mesmo pássaro, pois o comportamento e o local foram os mesmos.
O Pedro pouco depois erra uma que lhe deu uns breves instantes para atirar, é assim, faz parte, o Faruck novamente num rasto, o beeper a tocar, ele desliza e desliza por entre um fechado terreno de estevas, até que fica novamente parado, ela sai completamente encoberta, vi-a apenas por entre as estevas embora ouvindo bem o típico “pápápá” do bater das asas nas estevas, atiro mas nem lhe toco. Tinha falado com o Pedro pouco depois que estávamos a fazer mal as coisas, estávamos a caçar de forma que favorecia-mos a saída dos pássaros para a zona mais fechada e se não fossem abatidas iam para uma zona que é um verdadeiro mar de estevas, difícil das encontrar e abater, teríamos de mudar de estratégia, entrar ao contrário, empurra-las para o inicio da mancha onde acaba num pasto aí dão mais paragem e saem a tiro. Fomos ainda ver uma ponta que tinha ficado para trás, o cão fica parado e saem-me duas galinholas em simultâneo, uma para a esquerda que o Pedro acabaria por abater e a outra em frente que atiro e vejo-a ir de patas à banda, e meia torta, mas atravessou o caminho e foi pousar num pasto do cabeço em frente. Tremia com receio de não a cobrar, sabia que seria um cobro complicado, cobra, cobra, Faruck cobra, era o que me saia da boca, o tempo a passar, o Pedro veio ajudar a encontrar o pássaro, subia descia o cabeço até que o cão deu com ela, morta e afastada do local que julgava ter pousado, um cobro realmente complicado que tornou ainda melhor este magnífico lance.
Terminávamos a jornada na hora de almoço, pois caiam já os primeiros pingos de uma tarde chuvosa. Esperemos que a entrada da Conceição nos traga o que não troce esta primeira entrada, fraca e tardia.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Finalmente entraram.

Uma gelada e fortíssima lestada varreu este cantinho, era de esperar que entrassem pássaros, eu não pensava que fosse assim, pois algo me dizia que não eram os ventos gelados soprados do lado de nuestros hermanos que trariam os pássaros, pedia-se chuva, pois tenho por experiencia que os pássaros não entram depois destes ventos, mas sim depois da chuva que normalmente se sucede e, assim foi, a chuva com este vento gelado transformou a Europa num cenário branco de neve.

Os pássaros finalmente tinham entrado, não nas quantidades de outros anos, as notícias eram que na Bretanha haviam muitos pássaros, em locais até mais que o habitual, com a Europa debaixo de neve era para Portugal estar pejado de pássaros, mas não, entraram muito tarde e em fracas quantidades, será sem dúvida um ano incaracterístico, fraco com poucos pássaros, aliado a isto terrenos bastante húmidos na generalidade fazem com que haja uma grande dispersão das galinholas, sendo de menor relevo as zonas de crença habitualmente mais húmidas que as Galinholas elegem em anos secos.
Uma madrugada de feriado de Dezembro apresentava-se pouco prometedora em termos de clima, no caminho caía sobre o carro um granizo forte e espesso, surpreendentemente acalmou e transformou-se em chuva fraca com uma ou outra altura de chuva forte.
Com o Veron com tosse de canil levei o Faruck, que seguramente agradeceu a doença do Amigo.
Como esperado a zona de crença estava despida de pássaros, o cão alheio a anos de entradas fracas ou fortes, dando apenas importância ao que realmente conta para ele, o aroma da Dama, depressa dá com o rasto de um pássaro, que sai larguíssima sem hipótese do cão se chegar perto, saindo mesmo da mancha para uma zona despida com um pastinho pequeno, nitidamente não conhecia ainda a mancha, não dominava o terreno tinha entrado provavelmente nessa noite ou na noite antes.
Meto o cão a fazer o terreno circundante da mancha, junto à estrema da mancha, pois era aí que pensava que ela estava, mas nada, voltei atrás e faço o terreno no mesmo sentido mas mais por fora, o cão com lances largos depressa deu com ela, ficando parado a descoberto, acerco-me sabendo que naquele terreno atípico ela ia sair largo, o cão desmancha a paragem e guia muito rápido ficando novamente parado, sai então larguíssima mas ao alcance de um singular disparo, a primeira tinha tombado, estava contente, parada pelo cão e nitidamente pensada por mim, a primeira ideia para os mais distraídos seria procurar na mancha mais à frente de onde levantou primeiramente, mas galinholas de entrada fazem isto frequentemente e nem tudo vem descrito nos livros e filmes, há comportamentos que se aprendem com a experiencia, aqui fica mais um.
Magra, muito magra, mais um indício claro de um pássaro entrado recentemente.
Pouco mais de 300 metros percorridos e o cão parado junto a um caminho, seguia-se algo fantástico, que nos faz sentir vivos e nos dá alento para levantar de madrugada ao fim de semana. O Faruck, desmancha a paragem e segue no rasto, novamente parado, eu a sentir que ela ia sair, e novamente a desmanchar e a parar mais à frente, numa zona mais fechada, mas não ficava por ali, mais uma vez a sair no rasto e a parar novamente o beeper tocava e calava-se, tocava e calava-se, o pássaro sai completamente tapado, dando apenas para atirar numa nesga dos pinheiros, errada, que pena, gostava de ter dado melhor final ao lance mas, galinholas é isto mesmo. Ainda a vi levantar instantes antes do cão ficar parado onde saíra e nunca mais a vi.
Numa outra mancha, esta fechadíssima, de pinhos novos e muitos juntos, com tojo e sargaço no chão, o cão fica parado por instantes, dando apenas para ver que estava parado, nem o beeper tocou, e o pássaro levanta fazendo uma volta acrobática entre os pinheiros, atirei com a convicção que não tinha hipótese, mas não é a primeira vez que me surpreendo com estes disparos, mas desta vez não, vejo-a voar por cima dos pinheiros parecia um pombo, foi para longe.
De volta ao carro decido ir ver uma mancha que por vezes tem um pássaro e, estava certo, o cão depressa pega num rasto, levava-a à frente do nariz, talvez ela o levasse nas costas, isso agora só eles sabem, com o final da mancha logo ali percebi que não tardava levantaria sem que o cão a pudesse parar, assim foi, logo de seguida levantou mas acabaria por sucumbir a um tiro rápido e fácil.
4 levantes e 2 abates, lances inesquecíveis do cão transformaram esta manhã chuvosa numa manhã fantástica, estavam ali as primeiras duma época que se prevê dura, atípica, fraca em abates e que devemos desfrutar com os poucos lances que vão aparecer.