sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Considerações Finais.

Finda mais uma época de Galinholas é tempo de fazer as considerações finais sobre uma época no mínimo peculiar.
Um ano estranho que começou com uma boa densidade muito cedo, mas com grandes interregnos sem mexidas ou entradas de pássaros, longe das entradas de outros anos que em finais de Novembro e pela Conceição facilmente e depois de ventos favoráveis se faziam jornadas com 12, 14 ou mais levantes. Este ano foi mais constante com poucos levantes mas com a maioria das jornadas com levantes, a Sul o pior, demasiada chuva e demasiados dias quentes com ventos Sul e Sudoeste, afastaram as aves de terrenos tipicamente querençudos no Sul do país.
Também outras zonas mais perto do Tejo tiveram períodos grandes sem entradas, transformando muitas jornadas em reais suplícios.
Com 28 abates e uma tantas erradas não me posso queixar, apesar da época não ter começado da melhor maneira desenrolou-se até bastante bem, poucos dias sem abates e na grande maioria com lances fantásticos, uma época que teve como Principal protagonista o Faruck que superou as expectativas, a idade e a experiencia revelaram-se fundamentais para esta época tão positiva, pois tive praticamente todos os abates precedidos de trabalho dos cães e com lances de Galinholas paradas, o que transformou esta na época mais espectacular de todas, com lances que jamais esquecerei, alguns com pássaros complicadíssimos mas onde o Faruck mostrou a sua mestria resolvendo os lances de uma forma segura e espectacular, dando um sabor especial ao lance, pena tive de alguns que não consegui dar um final à altura, mas isto de errar faz parte do dia a dia de um caçador de Galinholas.
Recordo momentos de grande beleza, locais magníficos, pássaros que pareciam impossíveis, cobros fantásticos e momentos de muita beleza, alguns presenciados por bons Amigos.
Agora é tempo de mexer os cães, dar-lhes o descanso merecido, curar-lhes as feridas de vez e encher-lhes o fato, pois tantas jornadas deixam sempre mossa.
Espero que as Galinholas criem bem e quem voltem em força na próxima época para mais momentos fantásticos.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

O final inesperado.


Tendo eu anunciado o final da época das Galinholas e, convicto que seria a ultima jornada aquela que descrevi aqui com o título de, “um final feliz” não foi mais que a antepenúltima
Jornada, pois fui ainda mais 2 jornadas, uma delas muito à pressa onde abati dois pássaros e esta ultima que vou aqui relatar.
Com a certeza que seria mesmo a ultima jornada pois desta vez era o calendário que ditava que assim seria, lá rumamos eu e o Pedro em busca de talvez um grande final.
Começámos às 8h numa zona de eucaliptal já conhecida, terreno duríssimo de eucaliptos novos e finos muito juntos com um antigo corte que jazia já podre deixado no chão e que nos rasteirava a todo o momento, estevas, sargaço e algum tojo compunham o cenário, que apesar de bonito é muito duro pois está tudo numa ladeira inclinada onde quando em quando uns estreitos vales verdes e muito bicados pelas Galinholas, dividem o eucaliptal em pequenas manchas, foi nesta zona que tinha feito na outra semana 2 abates e 4 levantes, desta vez ia com a certeza que lá estavam pelo menos 2 pássaros.
Numa zona onde na outra semana o Faruck tinha ficado parado perto de um daqueles vales mas não saíra nada, ficava no mesmo local parado, à semelhança da outra semana não sai nada, um pássaro esquivo de final de época que ali tinha o seu reduto, pois o chão bicado denunciava a sua presença e confirmava a atitude do cão. O Faruck faz um rasto muito longo, o pássaro foi muito a pés quando no sentiu e estava já longe, ouço o beeper e vejo o cão parado no descoberto do pequeno vale eu, no meio da ladeira vejo a Galinhola sair, larguíssima, parada a mais de 30 metros, o cão depois de me sentir sai novamente no encalço dela, e na borda do vale já nos eucaliptos pega novamente no rasto dela, mas já não estava lá, o Eucaliptal acabava ali em frente, numa pequena franja já sem mato, pois as vacas ali raparam tudo, o cão fica novamente parado, o chão a descoberto antevia-se um rápido levante, aproximo-me mas ela sai antes de chegar, um voou de não mais de 30 metros, para o ultimo cantinho de eucaliptos, pois daí para a frente apenas verde a perder de vista, o cão pára-a no limite do mato nos últimos eucaliptos, acerco-me e ela sai por cima de mim e dos eucaliptos, abatida ao segundo tiro, o Pedro aproxima-se e vê-me ainda trémulo de galinhola na mão e com a adrenalina no auge pois o lance foi brutal, um trabalho fantástico do cão trabalhando este passar durante muito tempo, parando-a varias vezes até ma dar de bandeja à morte.
Pouco depois a setter novinha do Pedro pega no rasto de uma galinhola andarilha que sai já larga aos cães, é abatida ao segundo tiro, via-se a felicidade dele é sempre bom um cão novo começar nestas andanças positivamente.
Pouco depois vimos mais duas que estranhamente se levantam larguíssimas em sequer serem importunadas pelos cães, mas não demos com elas, creio que devem ter ido para o couto do lado. O Faruck sempre naquele galope forte e rápido mais ao jeito de um cão de competição do que de um cão de Galinholas corre por entre paus e estevas com o mesmo ritmo que tem se tivesse a galopar num prado verde, na extrema de outra mancha de eucaliptal pára outro pássaro que erro, mais à frente uns 100 metros, pára-a novamente e novamente a erro, saía sempre tapada, o Pedro erra-a também. Era hora de mudar de terrenos, para mais uma ladeira desta vez mais inclinada e com estevas cerradas e sargaço, o aspecto era bom, comentávamos um ao outro.
O faruck alheio a belezas e conversas de caçador começa a remontar, aviso o Pedro ele fica a ver o lance de um ponto mais alto, o cão entra em mostra o beeper toca, guia novamente e novamente entra em mostra, posiciono-me o beeper toca, toca, toca, sai o pássaro para a zona que eu pensava, abatida ao primeiro tiro, é cobrada pela setter do Pedro, que fica obviamente feliz pelo cobro da cadela, o lance foi brutal, só visto!
Logo de seguida mais uma parada atirada e penas no ar, realmente não a vi cair, os cães às voltas e nada de cobro, penso que largou o penacho mas não caiu ali.
Uma outra parada bem no topo do cabeço, mas que sai antes de eu chegar e muito tapada, erro-a e vejo-a passar o arame para o couto do lado, que pena!
Faruck em grande, pouco depois pega num rasto, faz meio cabeço com ela no nariz sempre a guiar, eu na sombra do cão à espera que ela saísse, o cão mal pára ela sai atiro e mais um abate, e um lance fantástico!
O Pedro ainda fez um outro abate e viu ainda outra que lhe saiu larga.
Vimos no total 11 galinholas, abatemos 5, e vivemos lances e momentos inesquecíveis, fica além dos abates o momento fortíssimo do Faruck que me parou 6 galinholas diferentes e uma delas parou-a 3 vezes, normalmente são as aberturas que deixam boas recordações, este ano foi o fecho de época que me deixou as melhores recordações!
Para o ano à mais, agora há que fazer os cães novos.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Um final feliz!


Esta foi provavelmente a minha última jornada da época, por motivos profissionais muito provavelmente não poderei mais ir para o campo, estranhamente já sinto falta de muita coisa.
Esta jornada foi a convite de um Amigo, que só há pouco descobri que também tem gosto por esta caça.
Começámos a manhã na companhia de um Sr. A quem Deus bafejou com o condão da simpatia, acompanhou-nos com os seus Perdigueiros Portugueses nesta última jornada.
O terreno era lindíssimo, dobrado com montado e pinhal e um tapete de Estevão e sargaço, com cantos dignos dos melhores filmes de Galinholas.
Confesso que me sentia pressionado, por quem? Por mim mesmo, pois este mês de Janeiro tenho caçado pouquíssimo por falta de local onde caçar, tendo morto apenas 2 pássaros e uns quantos errados, levava então comigo a vontade de abater uma ultima Galinhola, aquela vontade de quem quer sentir o cetim daquelas penas por entre os dedos, a sensação é algo parecido com um último beijo que separa dois amantes de uma longa viagem, pois é o que mais se assemelha ela, a minha Dama vai de viagem, longa, deixando em mim boas recordações de uma época repleta de emoções fortes.
Pouco depois do começo ouço dois tiros do Pedro, eu ao mesmo tempo num vale vejo uma pequena mancha de Estevão, com tão bom aspecto que de imediato me dirigi a ela, era demasiado interessante para deixar para depois, vejo de imediato o Faruck pegar num rasto daquela forma rápida dele, percebi que ali estava mesmo uma Galinhola, e não me enganara, pois vejo-a sair na ponta oposta de onde eu e o cão estávamos, dou dois passos ao lado para acompanhar o voo, vejo que ela seguiu por cima de um caminho e ao lado de um silvado que tapava uma ribeira que separava o montado de uma várzea que seguramente ela se ia alimentar de noite, o cão não a vê, segundos depois fica parado no local onde ela levantara. Sigo então na direcção onde ela poderia estar agora, depois de um caminho mais um cabecito, o cão faz o cabeço naquela velocidade de Pointer, eu chego ao cabeço vejo o cão a chegar a uma mancha de sargaço e ficar parado, a corrida do costume, o coração a bater e aquela adrenalina que quanto mais provo mais me vicio, deve ser como qualquer droga dura, o cão tinha a galinhola parada a talvez uns 40 metros, sente-me e guia, ela levanta já larga junto a outro caminho, atiro e apenas lhe parto uma asa, vejo-a cair no meio do caminho e mal se endireita começa a correr, rapidamente mando o cão cobrar e, tão rapidamente a tenho nas minhas mãos, sem espelho consigo saber que cara tinha naquele momento, uma alegria instala-se, a alegria que só uma Galinhola me consegue transmitir, uma festa no cão e umas palavras que ficam entre nós. O pássaro estava gordíssimo, e pela forma como se furtava percebia-se que não era o primeiro cão que via e talvez já conhece-se o soar de um tiro.
Apenas se viram dois pássaros, mas que um deles me deu um lance lindíssimo de despedida, deixando-me um gostinho especial na boca e já muita saudade.
Obrigado Pedro pela bela manhã!