segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

No Natal pela manhã.

 O Natal ainda se fazia sentir, o cheiro a filhoses e sonhos estava entranhado nos nossos narizes, os meus sonhos eram outros até porque não gosto de doces desta época, como prenda um dia sem chuva, finalmente, pois já não era sem tempo, todas as ultimas jornadas anteriores tivemos como companhia a chuva e terrenos encharcados, caçar em estevas à chuva é molha certa.
Começámos a caçar e à minha esquerda reparo numa cova, um pequeno vale entre dois cabeços pequenos, onde um velho Pinheiro manso faz sua casa, na sua sombra e a seus pés um apetitoso quadradinho de sargaços, eu digo ao Pedro, faz esse cantinho com bom aspecto, dito isto sai uma Galinhola que tal como eu achava que aquele recanto tinha as melhores condições, pássaro esse que parecia evaporar-se, pois não demos mais com ela.
O dia parecia começar bem, era tempo de ver outros terrenos, foi o que fizemos. Os lances ao Pedro iam sucedendo, outra errada deixava-o um pouco stressado, faz parte, Galinholas erradas é o pão nosso de quem faz desta paixão a sua caça. O Pedro acabava pouco depois de se livrar da maldição, e abate uma num terreno de pinhos novinhos com estevas e mato branco, fechadíssimo, eu descai-o para baixo para um terreno igual mas um tanto mais afastado, o Verom em mostra, guia e guia, pára e pára, o Beeper a tocar, eu faço o terreno rapidamente por fora da mancha para ser mais rápido, pois tinha a certeza que ali as Galinholas andam rápido e se não for também eu rápido a acercar-me do cão não teria hipótese, o cão estava parado, eu pronto para a acção e, de repente algo estrondoso intromete-se no nosso momento, um javardo que sai desembestado levando consigo à frente todo o mato e estevas que se atravessava no seu caminho, pensei para comigo, pronto estava parado com o porco mas, estranhamente o Verom continua em mostra, o beeper a tocar incessantemente e de repente ouço um “pa, pa, pa…” o bater de asas inconfundível, completamente tapada apenas a vejo já a sair na mancha, erro-a ao primeiro tiro e corrijo instintivamente correndo bem a mão, cai redonda no segundo e ultimo disparo, mando rapidamente o cão cobrar indicando-lhe a direcção, pois ele não a tinha visto sequer sair, eu tinha-a visto bater contra o resto de um troco velho e suas entrenhas a descoberto que jazia num entroncamento de dois caminhos, confesso ter ficado perplexo, não queria acreditar que tinha morto uma Galinhola àquela distancia, era demasiado longe especialmente se tiver em conta que caço com uma arma de canos cilíndricos de 61cm, ainda por cima levou mesmo em cheio, quando têm de cair, caem!

Um pouco mais à frente o Verom fica parado, acerco-me dele, e ao sentir-me faz uma guia lindíssima, vejo o cão sair ligeiramente para a esquerda e rapidamente vou pela direita, ele fica então imóvel, o beeper toca, fico de frente para o cão, o tempo parece não passar, o lance prolonga-se, o cão não mexe, decido então dar um primeiro passo em direcção a ele, nada, dou um segundo e aí vai ela, abatida ao primeiro tiro e rapidamente cobrada. Que lance, emoções fortes, o Pedro que estava perto quando nos encontramos só me diz, “olha, eu só ouvia, BEP, BEP e depois pum…”
Apenas vi aqueles dois pássaros, tive ainda um lance lindíssimo de guias e paragens, mas infelizmente era uma lebre.

Momentos destes são das melhores prendas de Natal!

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Um dia roubado aos sonhos.


A convite de um Amigo do Pedro fomos caçar num couto associativo, terrenos lindíssimos onde as estevas uniam os sobreiros, terreno dobrado e de bom aspecto. Numa primeira mancha saí com o Veron, apenas um único pássaro que levantou por si só sem sequer o cão perceber, mas que eu consegui vislumbrar, e que infelizmente não demos com ele, de reter para sempre o magnifico trabalho do Veron, com uma sequencia de guias e paragens, a roubar caminho à ave, até que de uma forma plástica a para a tiro numa zona de estevas, infelizmente sai uma Perdiz, genuinamente Brava mas uma perdiz, o bico era curto o suficiente para não ter atirado, fiquei maravilhado com o trabalho do cão, revela-se jornada a jornada, a margem de progressão é enorme, está-se a fazer no Setter que sempre sonhei!
Noutra mancha, mais fechada, dura e complicada, mais ao jeito do Faruck, terreno dobrado que dificulta a aproximação ao cão e ao lance, cabeço após cabeço, ia comentando comigo próprio e por vezes com o Pedro, que aqui tem de haver Galinholas, tem de haver, ele sorria abanando a cabeça, pois não era difícil de perceber isso, chegando-me a dizer, “aqui até eu as paro!”.
No meio de terrenos tão fechados, pelo desenrolar da jornada, levados pelo instinto ou puxados por um lance do cão, fomo-nos aos poucos separando, ouço o primeiro tiro, o Pedro tinha feito o gosto ao dedo pensei para comigo, continuei concentrado, até toda a minha concentração ser abalada pelo que mais espero, ouvir o Beeper, estupidamente ia ao telemóvel, não conseguindo acercar-me do cão convenientemente, meto em alta-voz e segurando o telemóvel com os dentes enquanto reservava as mão para a arma, acerco-me o mais que posso do cão, vejo a galinhola a sair, erro-a, não estranhei mas erro-a, do outro lado o meu sogro que, qual relato da rádio ouvira todo o lance, expectante pergunta-me , “ então, então, mataste-a?” ofegante repondo, não, não consegui!
Era tempo de dar descanso ao telemóvel, era tempo de caçar não de falar, mas as tecnologias têm destas coisa.
Pouco depois um novo pássaro parado, que sai sem hipótese de tiro, pois não consigo lá chegar a tempo, o terreno é complicado de andar para caçadores, ainda fizemos mais 3 levantes a este pássaro, que nunca me deixou sequer chegar perto.
Novamente um tiro do Pedro, seguido de um típico telefonema, dizendo que tinha já 2 cobradas e relatando os lances.
O Faruck parecendo perceber como que de algum jeito a minha frustração, resolve então fazer uma daquelas jornadas somente ao alcance de grandes génios nesta disciplina, pássaro após pássaro, os lances iam-se sucedendo, o Beeper cantava e cantava, um dos lances vejo o cão parado, num espaço rectilíneo aberto nas estevas consigo desta vez ser mais rápido e acercar-me do cão, posicionando-me bem e esperar calmamente pela saída da Galinhola, abatida ao primeiro tiro, tremi, confesso que tremi, após tantos lances sem sucesso devido às condições do terreno estava a desesperar.

Novamente e sucessivamente tudo se repetia, o cão a parar, o beeper a tocar e a dificuldade de me acercar do cão e inevitavelmente as Galinholas a saírem sem eu poder atirar.
Outro lance deu-se numa meia encosta, onde o cão faz um rasto, eu não liguei muito, confesso que não acreditava, o cão segue pasto fora e fica parado, saído uma Galinhola, não queria acreditar que tivesse uma Galinhola naquele terreno, vejo-a voar para o cabeço em frente, disse para o cão, bem vamos ver dela? Que, parado de pescoço erguido olhava e controlava a trajectória da Galinhola.
Cabeço a cima, cabeço a baixo, batia o terreno em “Z” pois não sabia onde ela estava, até que o Beeper toca de novo, junto a uma aberta, debaixo de um velho sobreiro que apreciava todo o lance, estava o cão parado, eu como tanto gosto meti-me de frente ao cão, o beeper tocava incessantemente, o pássaro sentia-se apertado entre os dois não querendo levantar, antevendo o que passaria se o fizesse, o lance durou eternos segundos que não sei quantificar, de frente para o cão deu para ver o ar alucinado com que fica parado com uma galinhola, alheio a tudo, em transe, num momento só dele roubado um pouco por mim e num outro mundo que não o nosso, onde não conseguimos sequer imaginar o êxtase de sensações que percorrem aquele corpo, olhos vidrados, a boca abre e fecha ligeiramente com uma precisão suíça, tudo é controlado, o olhar, a respiração, até que tudo por magia se desfaz e ele volta à terra ao levante da Galinhola, abato-a ao primeiro cobrada alegremente pelo cão. Não sei descrever melhor este lance, não consigo descrever melhor, liguei imediatamente para casa, onde a Vanessa me diz, “tens a voz a tremer, o que se passa, outro momento daqueles!?” não vou esconder, vivi um dos momentos da minha vida, sentia-me, sentia-me, não tenho palavras, quem viveu destes lances sabe como se sente um Homem num momento destes. Ainda me consigo sentir assim a cada lance de Galinholas, mas há alguns especiais que nos levam daqui.

Encontro o Pedro, que parecia desanimado com os seus 2 pássaros, queria mais, mais lances, está a ficar viciado nesta espécie de droga, como um viciado, necessita de mais, mais lances, de sentir mais vezes a adrenalina, digo-lhe então chega-te a mim que o Faruck está possuído, dito isto mais um lance e abato a terceira.
Este dia foi decididamente roubado a um dos meus melhores sonhos, diga-se a verdade, tenho uns sonhos férteis em Galinholas e este dia superou qualquer sonho!

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Não é como começa, mas como acaba!

Mais uma jornada que se avizinhava molhada, a noite tinha sido violentamente assolada por fortes chuvas e vento, a madrugada apresentava-se mais amiga, ainda assim molhada, a caminho da zona tivemos o grato prazer do vislumbre de um bando infindável de torcazes, tantos que nem nos atrevemos a quantificar para não cairmos num erro que roçaria os vários milhares e muito provavelmente para menos.
Já depois do encontro com outro Amigo que nos ia acompanhar nesta manhã de caça, lembrei-me subitamente que me esquecera no meu carro da minha mala da caça, com cartuchos, chaves do cadeado da arma, beepers, colete, chapéu etc, confesso ter ficado logo mal disposto, mas tentei levar as coisas na brincadeira, o Pedro tinha uma pequena mala de ferramentas no carro, suficiente para arrombarmos o cadeado, arma pelo menos já tinha, uns cartuchos emprestados no bolso, e um chocalho que o Pedro também me emprestou, desta vez era à moda antiga, pouco a meu gosto, mas era mesmo só de chocalho no cão, nada de tecnologias.
Começámos precisamente no mesmo local da época passada, o terreno é muito dobrado e lindíssimo, do mais belo onde já pisei, se é certo que os olhos também comem, poder-se-á dizer que na caça às Galinholas é onde nos deparamos com os mais belos cenários.

Virava cabeço após cabeço e vinham-me à memória lembranças da época passada naqueles mesmos terrenos, pretendia encontrar uma zona de Estevão que cheira a Galinholas, junto da ribeira onde haviam pássaros no outro, encontrei finalmente a mesma pequena mancha onde tinha já feito um abate, mas nada, bati todos os cantos de Estevão ou as manchas de sargaço, numa outra mancha também de Estevão, o Veron fica parado, o chocalho cala-se, faz-se finalmente silencio, o meu coração batia forte, a adrenalina acercava-se de mim, tenho este Setter há pouco tempo, ainda só o tinha visto trabalhar uma galinhola e parar muito bem parada outra pelo que, estava apreensivo, ele ainda não tinha tido a hipótese de me mostrar o seu real valor. Acerco-me rapidamente dele, ao sentir-me desliza, de forma muito felina, tipicamente setter, ficando novamente parado, um bailado a dois, entre uma Galinhola feita ao terreno e um cão que não se deixava intimidar nem muito menos ludibriar, eu com alguma dificuldade tento acompanhar o cão, novamente parado com ela, mas não ficava por ali, ela decide tentar mais uma vez, ele sentindo o pássaro em movimento, novamente e com grande rapidez desliza por entre o mato, ficando parado virado para baixo, ligeiramente torcido, eu subo um pouco para ter melhor visibilidade, o cão deu todo o tempo do mundo a esta Galinhola, sabia que era desta que se metia no ar, e assim foi, abatida ao primeiro tiro, bem cobrada sentado para entregar, réstias do treino de competição que teve. Vive este lance como poucos, fez-se luz nos meus olhos, percebi que tinha ali um grande cão de Galinholas, que finalmente tinha um Setter de grande qualidade e que acima de tudo poderia deixar o Faruck em casa sem ficar a pensar que com ele as coisas poderiam ser diferentes e em grande parte das vezes melhor.
Ainda vi um outro pássaro que me saiu num alto com pinheiros e voou para o outro lado dos arames e eu pensei que não pertencia ao couto, mas que no final percebi que afinal também era mais do mesmo.
3 levantes e 2 abates para o grupo, numa manhã que começara mal e acabara bem.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Bem Caçado.

Com as novas tecnologias ao acesso de todos sabíamos de antemão, que o tempo se esperava encoberto, frio e chuvoso a partir da tarde. Íamos eu e o Pedro, com a forte convicção que teríamos um dia com levantes, pois tinham entrado pássaros uns dias antes e não tínhamos caçado ali depois da entrada, portanto o mais certo era estarem uns pássaros bons à nossa espera.

Começamos por uma zona bem conhecida, onde eu tinha como convicção estarem na mancha que não é grande, uns 3 ou 4 pássaros. Entramos mesmo na extrema do Eucaliptal, eu à esquerda o Pedro à direita, à medida que avançávamos no terreno pensava para mim como era possível não se ver vivalma, diga-se Galinholas, este pensamento mais pessimista foi cobrado por um cantar do Beeper do Faruck, corro mas quando vejo o cão já estava a desmanchar a mostra, sem rasto, presumo que o pássaro levantara antes de eu me acercar, pergunto ao Pedro se tinha visto o cão parado, reponde-me que não, pouco depois o Pedro ouve-a levantar, pergunto-lhe de tem a certeza, dizendo-me “este barulho é inconfundível!” claro que sim, mais um pássaro esquivo que andava de levante.

Na mancha seguinte separada por uns escassos 100 metros, entramos como a convicção que seria mais do mesmo, ouço o Beeper do Faruck, desta vez acerco-me dele, assim que me sente segue num rasto, parando mais à frente, voltando o beeper a tocar e novamente a desmanchar, mais um pássaro andarilho, pensei que se ela se tinha passado só podia estar para trás, o cão novamente parado e ela a sair larguíssima, decido ir em busca desta galinhola, mas sem sucesso, não a encontro. No caminho aquele pássaro assombrava-me as ideias, apenas pensava onde estaria ela, já longe vinha-me à ideia que teria rodado para a direita sem que eu me apercebesse, mesmo levando uma rota contrária, mas fazem isto, rodam ao contrário assim que sentem que estão mais longe, sendo assim na volta teria que procurar numa pequena zona que deixara por bater por força de uma ideia fixa onde julgava estar esta Galinhola. Perto do local, onde agora acreditava poder estar esta Galinhola vejo-a voar direita a mim, só depois percebi que o cão tinha acabado de entrar na mancha e ela mal o sentiu levantou, andava desconfiada e de levante, volto para trás novamente a ver se a encontrava novamente, o cão dá-me sinal, tinha a certeza que, quando o cão desse com ela, que não se deixaria parar, que levantava assim que me sentisse a mim ou ao cão, assim foi o cão e eu a subir a ladeira e o pássaro a saltar do lado contrario de uns eucaliptos, vejo-a por entre dois troncos separados por não mais de um palmo, ainda hesito mas atiro mesmo por entre os troncos, metade do chumbo fica cravado na madeira mas o restante foi suficiente para a abater, cobrada pelo cão ali estava a primeira do dia, abatida ao terceiro levante e apenas parada no primeiro.
Mudávamos de mancha, para outra bem conhecida, mais uma vez o Faruck a fazer tocar o Beeper, mais uma vez a parar um pássaro longe que me sai tapado para o couto do lado, à semelhança do que sucedeu no fecho da época passada, questiono-me se não seria o mesmo pássaro, pois o comportamento e o local foram os mesmos.
O Pedro pouco depois erra uma que lhe deu uns breves instantes para atirar, é assim, faz parte, o Faruck novamente num rasto, o beeper a tocar, ele desliza e desliza por entre um fechado terreno de estevas, até que fica novamente parado, ela sai completamente encoberta, vi-a apenas por entre as estevas embora ouvindo bem o típico “pápápá” do bater das asas nas estevas, atiro mas nem lhe toco. Tinha falado com o Pedro pouco depois que estávamos a fazer mal as coisas, estávamos a caçar de forma que favorecia-mos a saída dos pássaros para a zona mais fechada e se não fossem abatidas iam para uma zona que é um verdadeiro mar de estevas, difícil das encontrar e abater, teríamos de mudar de estratégia, entrar ao contrário, empurra-las para o inicio da mancha onde acaba num pasto aí dão mais paragem e saem a tiro. Fomos ainda ver uma ponta que tinha ficado para trás, o cão fica parado e saem-me duas galinholas em simultâneo, uma para a esquerda que o Pedro acabaria por abater e a outra em frente que atiro e vejo-a ir de patas à banda, e meia torta, mas atravessou o caminho e foi pousar num pasto do cabeço em frente. Tremia com receio de não a cobrar, sabia que seria um cobro complicado, cobra, cobra, Faruck cobra, era o que me saia da boca, o tempo a passar, o Pedro veio ajudar a encontrar o pássaro, subia descia o cabeço até que o cão deu com ela, morta e afastada do local que julgava ter pousado, um cobro realmente complicado que tornou ainda melhor este magnífico lance.
Terminávamos a jornada na hora de almoço, pois caiam já os primeiros pingos de uma tarde chuvosa. Esperemos que a entrada da Conceição nos traga o que não troce esta primeira entrada, fraca e tardia.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Finalmente entraram.

Uma gelada e fortíssima lestada varreu este cantinho, era de esperar que entrassem pássaros, eu não pensava que fosse assim, pois algo me dizia que não eram os ventos gelados soprados do lado de nuestros hermanos que trariam os pássaros, pedia-se chuva, pois tenho por experiencia que os pássaros não entram depois destes ventos, mas sim depois da chuva que normalmente se sucede e, assim foi, a chuva com este vento gelado transformou a Europa num cenário branco de neve.

Os pássaros finalmente tinham entrado, não nas quantidades de outros anos, as notícias eram que na Bretanha haviam muitos pássaros, em locais até mais que o habitual, com a Europa debaixo de neve era para Portugal estar pejado de pássaros, mas não, entraram muito tarde e em fracas quantidades, será sem dúvida um ano incaracterístico, fraco com poucos pássaros, aliado a isto terrenos bastante húmidos na generalidade fazem com que haja uma grande dispersão das galinholas, sendo de menor relevo as zonas de crença habitualmente mais húmidas que as Galinholas elegem em anos secos.
Uma madrugada de feriado de Dezembro apresentava-se pouco prometedora em termos de clima, no caminho caía sobre o carro um granizo forte e espesso, surpreendentemente acalmou e transformou-se em chuva fraca com uma ou outra altura de chuva forte.
Com o Veron com tosse de canil levei o Faruck, que seguramente agradeceu a doença do Amigo.
Como esperado a zona de crença estava despida de pássaros, o cão alheio a anos de entradas fracas ou fortes, dando apenas importância ao que realmente conta para ele, o aroma da Dama, depressa dá com o rasto de um pássaro, que sai larguíssima sem hipótese do cão se chegar perto, saindo mesmo da mancha para uma zona despida com um pastinho pequeno, nitidamente não conhecia ainda a mancha, não dominava o terreno tinha entrado provavelmente nessa noite ou na noite antes.
Meto o cão a fazer o terreno circundante da mancha, junto à estrema da mancha, pois era aí que pensava que ela estava, mas nada, voltei atrás e faço o terreno no mesmo sentido mas mais por fora, o cão com lances largos depressa deu com ela, ficando parado a descoberto, acerco-me sabendo que naquele terreno atípico ela ia sair largo, o cão desmancha a paragem e guia muito rápido ficando novamente parado, sai então larguíssima mas ao alcance de um singular disparo, a primeira tinha tombado, estava contente, parada pelo cão e nitidamente pensada por mim, a primeira ideia para os mais distraídos seria procurar na mancha mais à frente de onde levantou primeiramente, mas galinholas de entrada fazem isto frequentemente e nem tudo vem descrito nos livros e filmes, há comportamentos que se aprendem com a experiencia, aqui fica mais um.
Magra, muito magra, mais um indício claro de um pássaro entrado recentemente.
Pouco mais de 300 metros percorridos e o cão parado junto a um caminho, seguia-se algo fantástico, que nos faz sentir vivos e nos dá alento para levantar de madrugada ao fim de semana. O Faruck, desmancha a paragem e segue no rasto, novamente parado, eu a sentir que ela ia sair, e novamente a desmanchar e a parar mais à frente, numa zona mais fechada, mas não ficava por ali, mais uma vez a sair no rasto e a parar novamente o beeper tocava e calava-se, tocava e calava-se, o pássaro sai completamente tapado, dando apenas para atirar numa nesga dos pinheiros, errada, que pena, gostava de ter dado melhor final ao lance mas, galinholas é isto mesmo. Ainda a vi levantar instantes antes do cão ficar parado onde saíra e nunca mais a vi.
Numa outra mancha, esta fechadíssima, de pinhos novos e muitos juntos, com tojo e sargaço no chão, o cão fica parado por instantes, dando apenas para ver que estava parado, nem o beeper tocou, e o pássaro levanta fazendo uma volta acrobática entre os pinheiros, atirei com a convicção que não tinha hipótese, mas não é a primeira vez que me surpreendo com estes disparos, mas desta vez não, vejo-a voar por cima dos pinheiros parecia um pombo, foi para longe.
De volta ao carro decido ir ver uma mancha que por vezes tem um pássaro e, estava certo, o cão depressa pega num rasto, levava-a à frente do nariz, talvez ela o levasse nas costas, isso agora só eles sabem, com o final da mancha logo ali percebi que não tardava levantaria sem que o cão a pudesse parar, assim foi, logo de seguida levantou mas acabaria por sucumbir a um tiro rápido e fácil.
4 levantes e 2 abates, lances inesquecíveis do cão transformaram esta manhã chuvosa numa manhã fantástica, estavam ali as primeiras duma época que se prevê dura, atípica, fraca em abates e que devemos desfrutar com os poucos lances que vão aparecer.

sábado, 13 de novembro de 2010

O primeiro levante.

 Confesso que saí de casa com uma pequena expectativa de ver um pássaro, era o primeiro dia no couto, começamos já tarde, pois às Galinholas em zona de caça não há necessidade de começar ao romper do dia, isso é a hora das perdizes não das Galinholas, além de que as Galinholas entram nas manchas vindas das tiradas nocturnas nos prados ao lusco fusco, ficam na primeira hora imóveis a ver se tudo está normal e só depois se começam a movimentar, pelo que nas primeiras horas da manhã é sempre mais complicado especialmente para cães novos, visto não haver ainda rastos.

Eu e o Pedro começámos já mais tarde do que o pretendido, num novo local, duríssimo, apenas ao alcance de verdadeiros amantes desta ave, mas aí nada vimos, mesmo tendo ouvido relatos de levantes na passada semana a quando de uma montaria.
Decidimos mudar de lugar, para terrenos mais conhecidos, os mesmos onde fizemos o fecho da passada época. Saí com o Veron, coitado, novo nas minhas mãos levou uma coça daquelas, chapada a cima em terrenos de estevas e montado com um sargacinho aqui e ali, decoravam a paisagem, o local onde estavam algumas na época passada estava sem nada, o Veron faz a primeira paragem, subtilmente assobio ao Pedro para que percebesse o que se passava, o bepper toca pela primeira vez, o cão desmancha e segue no rasto, saio no encalço, de arma cravada nas mãos sinto o coração bater na ponta dos dedos que agarravam o fuste, adrenalina becadera novamente a circular-me no corpo, é por isto que saio de casa, que cuido dos cães todo o ano, é isto que me move na caça, no rasto o cão segue muitos metros até parar novamente, novamente desmancha e segue mais um bom bocado. Não conheço o cão na presença das Galinholas será a primeira época dele comigo, pelo que sou sincero, dada a distância que ele fez o rasto julguei que fosse uma lebre furtada ao cão, paragem em paragem vi o cão novamente parado numas estevas mais altas, de difícil caminhar naqueles terrenos vejo afastado de mim algo que não soube descortinar de imediato, a consciência fez-me pensar que era uma galinhola a fazer um salto de peixe, a razão pois é cedo para Galinholas fez-me pensar que era a cauda do cão que mexeu por entre as estevas, mas a paixão fez-me ir ver, o cão desmancha novamente daquela forma que sabemos que vai sair algo, ouço assim vindo de uns vinte metros ao lado, Jorge olha aí, era o Pedro que tinha levantado com a cadela a Galinhola, que afinal tinha mesmo feito um salto de peixe e tinha ficado na extrema do caminho, direita a mim ele não atirou, era a nossa primeira da época, grande comentámos, pois era nitidamente um pássaro grande, desconfio que possa ser uma das que não abatemos na época passada, que já ali está há uns dias e que domina na perfeição o terreno.
Ainda a vi mais uma vez, larguíssima e não mais a vimos, em suma, a primeira vista, a primeira não abatida, a primeira da época que nos devolveu um sentimento que forçávamos o coma.
Agora é continuar pois a primeira vai tombar e tudo recomeça.



sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A pensar no futuro.

De momento já não disponho de cadelas minhas, fiquei apenas com exemplares machos, o motivo é simples, a falta de tempo para dedicar aos cachorros, pois gosto de fazer as coisas bem feitas, e os cachorros merecem tudo e requerem muita disponibilidade, pelo que o bom senso me levou a desfazer da cadela.
Neste momento tenho de começar a pensar no futuro, pois o Faruck ainda está no auge mas, o tempo passa por todos e ele não será excepção, será para mim um duro golpe o momento que tiver de o deixar em casa, serão momentos tristes, difíceis de contornar, mas é a vida.
Não nos podemos esquecer do futuro, pelo que nesse sentido procuro neste momento alguém que tenha uma cadela de grande qualidade e esteja disposto a fazer uma monta, o intuito para mim é apenas ficar com descendência do Faruck, uma referência para mim e para muitos, que tem dado filhos de elevada qualidade, quer na caça quer em competição, de ninhadas anteriores não fiquei com cachorros de grande qualidade porque não os podemos ter a todos e acima de tudo porque achei que não era o momento.
Portanto quem tiver uma boa cadela e tiver interesse nesta monta estou disponível para discutir as condições.

Obrigado.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Insólito e surpreendente.


Esta é a forma espantosa e insólita que muitos de nós desconhecíamos, incluindo eu, de como os nossos companheiros de quatro patas bebem água. Isto mostra que são um ser complexo e que nós temos muito ainda a aprender.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Surpreendente!

Este projecto do Blog começou não como um meio fácil de auto-promoção ou uma forma mais visível de dar a conhecer os meus cães para futuro negócio, começou sim como um meio de dar a conhecer uma paixão avassaladora, de partilhar com apaixonados como eu dos lances por mim vividos, de tentar fazer mudar mentalidades, de tentar passar a imagem que o caçador não é só o ser matador, predador vestido de camuflado que mata tudo o que mexe sem dó nem piedade, ou o muito comum nos dias que correm, personagem de peito inchado vestida com roupas de marca e chapéu com penas de faisão que se apresenta nos coutos como se fosse uma feira de vaidades, mas que de caça percebe pouco. Há também o caçador, informado e bem formado, que respeita a natureza, que entende, estuda e dedica-se ao que caça, que valoriza o lance, desvaloriza a quantidade, que venera o cão, que faz dele o ponto mais alto desta actividade, é aqui que me insiro, é aqui que se inserem os meus Amigos que partilham comigo jornadas de caça e, pelo que sei é aqui que se inserem a maioria dos seguidores deste meu Blog.
Surpreendente o quê? Surpreendente o facto de um projecto tão simples, que é feito com gosto num ou outro tempinho livre, sem pressão e com a maior simplicidade, chegar a tanto lado e chegar a tanta gente, tocar tantas pessoas que me agradecem e felicitam pelo projecto. Só há poucos dias entrei numa funcionalidade que os Blogs têm, Estatísticas, fiquei verdadeiramente surpreendido pelo facto de me ter apercebido pela primeira vez que era um espaço verdadeiramente público, didáctico, que era consultado diariamente por muita e muita gente, que tem seguidores em países que nem sequer falam Português, Seguidores e utilizadores Portugueses, Brasileiros, Russos, Turcos, Suíços, Americanos, Espanhóis, Franceses etc. fazem deste espaço, um espaço seu, onde desfrutam dos meus relatos e aprenapreciam os meus artigos. Congratulo-me com o facto deste projecto simples ter tomado esta dimensão, que estranhamente só há poucos dias me apercebi da sua real dimensão e abrangência, só tenho de tentar fazer mais e melhor, desta forma simples e gratuita e acima de tudo agradecer a todos os que visualizam este nosso espaço.

Muito obrigado.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Chamam-me louco.

Chamam-me louco e viciado com tanta frequência que já nem ligo, acham as pessoas mais próximas que sou louco, acham que não faz sentido ter os cães que tenho e não caçar praticamente às Perdizes, mas, há sempre um mas e este tem o mesmo sentido de tantos outros. Primeiro, não sou louco, sou prático, se as Perdizes já não me dão o prazer que deram em tempos, quando me dava verdadeiro prazer caça-las, quando sair de casa às 4h da manhã não era sacrifício era um ritual e, quando uma época fazia-se com 65 Perdizes abatidas. Neste momento não consigo, ou melhor, não quero levantar-me da cama de madrugada para ir às Perdizes, sabendo que na maioria dos casos serão Perdizes de repovoamento, por mais ágeis, bravas e metidas no terreno, terão sempre a conotação de “Farinha” nada contra, diga-se que abati muitas destas, fiz com elas os cães que hoje tenho mas, sempre o mas, caça-las, poderia caça-las? Sim mas não era a mesma coisa! Por loucura tenho uma outra ave de bico mais cumprido, esta sim brava, com a bravura típica de um Czar russo, esta sim faz-me levantar cedo, muito cedo, tão cedo que nem quero pensar, conduzir 350 km para fazer um ou 2 levantes, e quantas vezes nenhum, mas a sua bravura virgem e imaculada não me deixa dúvidas, a sua beleza e carisma roubou o coração à outra tipicamente Portuguesa, a de bico vermelho.  
Diga-se com isto que nada tenho contra a Perdiz e seus Amantes, que sei haver tão apaixonados por ela como eu pela minha Bela Dama, sei das dificuldades desta caça e não a rebaixo perante qualquer outra, há quem pense que desdenho esta ave, esta modalidade e seus praticantes, mas isso não espelha a realidade, guardo para mim bons momentos passados atrás das Perdizes, algumas de bico bem vermelho difíceis, tão difíceis que se torna cansativo só de pensar, outras de bico mais claro tão difíceis que muitos as tomariam por bravas, e outras como em tudo sem história, mas que só pela sua presença merecem o meu respeito, pois deram a vida para eu fazer dos cães aquilo que são hoje.
Sendo que gostos são gostos, cada um tem os seus e o meu, bem o meu é conhecido, cães britânicos, em especial o Pointer, caça, caça são Galinholas, mais, talvez seja mais que simples caça, mas uma coisa é certa, que maluco senão eu prefere ir para o campo mexer os cães em terrenos de galinholas, na perfeita consciência que não há pássaros, do que sair para uma jornada às Perdizes, chamem-me louco então, mas acima de tudo, louco mas feliz e realizado.

sábado, 16 de outubro de 2010

Começam os Treinos a sério...

Terrenos típicos mas sem pássaros, secos e consequentemente barulhentos, qualquer folha seca pisada, alerta qualquer ser da nossa presença, tojo duríssimo ao alcance apenas dos cães mais apaixonados, e ainda algum calor que se faz sentir fazem destes treinos semanais verdadeiras recrutas dignas de uma semana de campo.
Os cães indiferentes ao clima e à ausência de Galinholas saem a todo o gás, 2 horas de treino e o ritmo abranda, normal, nas patas nota-se a minha falta de tempo no último ano, especialmente do Veron, pois o Faruck, esse parece que acabou a época ontem, terrenos duríssimos moem demasiado patas que estão em descanso há muito, embora tenha saído com eles não foi o habitual de outros anos, mas nem sempre temos a mesma disponibilidade, com o tempo tudo vai ao lugar, quando elas se apresentarem, seguramente que a forma dos cães estará em alto nível, depois passado uns levantes tudo encaixa e toma o rumo devido, para já apenas desfrutar dos treinos, do ar do campo e dos cães!

Venham elas…

 


domingo, 10 de outubro de 2010

Um dia quase perfeito.


Hoje foi dia de treino dos cães, tinha combinado com o Jorge irmos à Apostiça soltar os cães para ele ver um Setter meu que tenho á pouco tempo e para eu ver uns cachorros novos que ele está a formar para a sua quadra de cães de Galinholas, pois não podemos desprezar o futuro.
Confesso que estava expectante, tenho um prazer especial em ver as novas apostas no campo pela primeira vez, mas desta volta ainda mais, pois todas elas eram britânicas e uma nova esperança é neta do Faruck e filha do Frick, pelo que estava ansioso em ver aquela de quem tantas e tão boas referências me tinham dado.
Desta vez decidimos ir treinar com os cachorros para as zonas de crença das Galinholas, para ver como se comportavam e como pisavam os terrenos mais propícios a poderem encontrar dentro de pouco tempo Galinholas.
Rapidamente fomos invadidos por sensações que vão muito para além de simples treinos, o dia era perfeito, frio, algumas abertas e chuva a cair sobre aqueles terrenos dava a ideia de uma jornada de caça à Bela Dama, pois bem, apenas um pequeno grande factor fez desta manhã ser quase perfeita e não verdadeiramente Perfeita, o simples facto de não haverem ainda Galinholas. Ludibriados por São Pedro, que nos deu um dia típico de Galinholas e obviamente resignados lá soltámos os cachorros para discutirmos opiniões sobre os seus futuros como Becaderos. Recantos em recanto iam-nos saindo pela boca histórias de lances vividos em outras épocas, alguns mais distantes, outros mais intensos, outros mais ou menos curiosos.
Bem, o prazer resumiu-se em apreciar os cachorros, apreciar com olhar critico cada movimento, cada toma de emanação, o pisar do terreno, a ligação e todos os aspectos que nos podem dar melhores ou piores indicativos e, no final as opiniões eram idênticas, a Pointer não deixa duvidas, tem tudo para ser como o avô, aliás tem muito dele, é soberba, precoce e demonstra uma capacidade de caça invulgar, uma relíquia em bruto prestes a tornar-se numa verdadeira jóia. A Setter menos soberba, mas muito valorosa, caçadora, mais contida e ligada de fácil entendimento e ao alcance do domínio de qualquer caçador, menos ao meu gosto, mas de elevada qualidade. O futuro prevê-se assegurado, haja saúde e Galinholas, cães felizmente não hão-de faltar.
Portanto para ser um dia perfeito apenas faltaram Galinholas.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Verdade ou Mentira?


Tempo frio, chuva e vento trazem à memória verdadeiros dias de Galinholas, embora ainda algo distante a abertura da época venatória das Galinholas e mais ainda a sua presença de forma constante que nos faça sair ao campo, aqui e ali ouvem-se de forma por vezes duvidosa anúncios de levantes precoces fora de época, nada impossível, nada que não aconteça em anos anteriores, mas como em tudo na vida não se pode acreditar em tudo e em todos, pois há por aí muito caçador que leva à risca a velha máxima, Caçadores, pescadores e outros aldrabões… embora acredite num ou noutro relato de pessoas que não me deram razões para duvidar, outros confesso ser-me difícil acreditar, pois os autores desses relatos são os mesmos que fazem abates magníficos mesmo sentados no sofá sem ir a campo, ou épocas em cheio que apenas não passam de puras historias para dormir, enfim cada um lida como pode com os egos e com as suas próprias convicções e frustrações.
Desde que me apaixonei pelas Galinholas que perdi o interesse pelas Perdizes, passaram a caça para mexer os cães, nada contra quem faz desta a sua paixão nem a considero uma disciplina inferior às Galinholas, apenas diferente, mas já não encontro motivação suficiente para sair da cama de madrugada para ir às Perdizes, pelo que tenho ido pouco ao campo para caçar a não ser em treinos dos cães, por isso não há sequer hipótese de ter avistado Galinholas mesmo que um singular, fortuito e precoce levante. Dou muitas vezes razão a um Amigo, uma “velha raposa” desta caça, quando ele diz, “este ano começam cedo”, e nós ingénuamente perguntamos, o quê, os levantes? E ele com um sorriso matreiro e muito característico responde: “Não, as mentiras!”.
Portanto não prevejo ter algum levante antes de dia 14 de Novembro, creio ser complicado, a ver vamos.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Sonhos Perfeitos.

No ar, o cheiro nitidamente está diferente, há agora um cheiro mais fresco que nos faz despertar memórias, no chão, as primeiras folhas caídas da minha figueira anunciam o final do verão, o canto dos pássaros também ele soa de outra forma, o som das andorinhas é aos poucos destronando pelo canto dos taralhões que vão ocupando os seus troncos secos e pedras de eleição, este é o ritmo normal da natureza, é assim que ela se move, é desta forma que ela se rege desde sempre.
Eu vou contando os dias, cada vez mais próximo está o primeiro encontro com uma das minhas Damas, de noite já sonho com elas, em quatro dias, três sonhei com elas, acordei com um sorriso rasgado e um sabor amargo a pouco, por perceber que era não mais que um sonho. Aos poucos vou olhando para os chocalhos, pelo canto do olho vou mirando os beepers, imaginando que vão tocar vezes sem conta, autenticas sintonias para os meus ouvidos. Os cães, esses tal como eu vão percebendo que as coisas estão a mudar, que a época está próxima, uma ou outra saída às codornizes vai-lhes aguçando o jeito, matando saudades e mantendo a forma.
Saio cedo para o trabalho, ao romper do dia, inalando sempre o odor frio e revigorante da alvorada, os cães dia após dia ao verem-me sair de casa, olham para ver as minhas vestes, mas não, ainda não são as roupas do costume, também a disposição obviamente não é a mesma. Embora esteja mais perto, falta ainda um pouco, mas são estes apontamentos da vida, as doces lembranças, os sonhos, o verificar o equipamento, o olhar cúmplice dos cães que faz desta a caça de eleição, é esta a mística típica que transporta há séculos esta ave de bico comprido.
Chegará o primeiro dia em que o Faruck, o mais atento, olhará para mim de madrugada e perceberá que no lugar de uma distinta camisa e de uma vistosa gravata está uma camisola laranja, que no lugar do sapato de berloque estão uma botas, gastas mas cómodas, feitas ao meu pé, moldadas a gosto de tanto palmear terreno atrás de tão belo ser. Nesse momento perceberá que naquele dia não sairei sozinho, que a porta traseira do carro se abrirá e que a viagem e o destino são outros, mas também eu estou desertinho que esse dia chegue, as Perdizes por mais engraçado perderam um pouco o papel que tinham, as codornizes são uma pequena amostra, as Lebres não passam de carne e o resto bem o resto nem merece a pena comentar, caça, caça é algo mais, é o contemplar do lance, é o remontar de um lance, uma paragem longa, um silêncio interrompido por um beeper, um tiro difícil, um cheiro a pólvora que fica no ar e que parece perdurar para sempre, e um cão feliz a deixar em nossas mãos trémulas o corpo ainda quente de uma Galinhola, que com respeito inspeccionamos para ver se é velha ou nova, grande ou pequena, não sei se felizmente se infelizmente apenas esta ave me desperta estes sentimentos tão verdadeiros. Agora resta uma espera, complicada mas necessária, até que o primeiro pássaro se apresente a nós e ao cão.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Encontra-me.org

Quem já teve um companheiro desaparecido ou roubado sabe do desespero e da dificuldade que é em encontramos novamente o nosso companheiro, está agora disponível um novo site para facilitar nesta árdua tarefa que é recuperar um animal de companhia, pois a visibilidade e difusão do desaparecimento são enormes e a nível nacional.

Encontra-me.org é um recurso gratuito mantido pela Associação Pelos Animais e tem como objectivo ajudar a reunir animais perdidos em Portugal com as respectivas famílias
Assente numa base de dados rigorosa e num sofisticado sistema de notificações de animais perdidos com base na localização geográfica, é uma ferramenta poderosa e indispensável em caso de desaparecimento de um animal.
Meste momento, há 7634 utilizadores activos. Crie também uma conta de utilizador e faça parte desta comunidade de ajuda aos animais desaparecidos!

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Observatório Português das Leishmanioses

ONLeish nasceu da iniciativa de um conjunto de pessoas de várias áreas que deparando-se com um considerável desconhecimento na maioria da população portuguesa sobre as Leishmanioses e perante a lacuna na informação disponível, mais especificamente, no que respeita à Leishmaniose Canina, considerou importante criar uma entidade para promover o esclarecimento e o desenvolvimento de acções assertivas sobre esta patologia.

 
O que são as Leishmanioses?

As leishmanioses são um grupo de doenças infecciosas parasitárias que afectam pessoas e animais domésticos e silvestres, em todo o Mundo. São causadas por protozoários (seres unicelulares) do género Leishmania. A infecção é transmitida por insectos chamados flebótomos (vulgar e erradamente referidos como mosquitos). A infecção canina é muito frequente em cães em várias regiões geográficas principalmente nos países da Bacia Mediterrânica e da América do Sul. Os cães infectados funcionam como principal hospedeiro e reservatório doméstico/peridoméstico nas áreas endémicas de leishmaniose visceral. A Leishmaniose Canina também pode ser diagnosticada em países não endémicos, no caso de turistas e imigrantes que se acompanham dos seus cães ou através de cães importados. Os cães infectados por Leishmania podem não revelar sinais da doença -portadores assintomáticos e serem infectantes para os flebótomos – isto é, podem infectar os insectos mesmo não apresentando sintomas, até porque alguns cães aparentam não estar doentes ou rarissimamente não desenvolvem a doença. A infecção no cão pode manter-se indetectável por longos períodos de tempo, podendo ir de meses até anos.
As Leishmanioses Humanas podem ser classificadas em 3 formas de acordo com as manifestações clínicas que causam: Leishmaniose Cutânea (LC), Leishmaniose Mucocutânea (LMC) e Leishmaniose Visceral (LV).

O diagnóstico

Os testes de diagnóstico da Leishmaniose Canina devem ser realizados sempre que exista suspeita clínica da doença ou meramente como rotina. Aliás, e como a doença é muito frequente em Portugal, recomenda-se cada vez mais a realização de rastreios regulares, preferencialmente anuais, a todos os cães, principalmente aqueles que vivam ou visitem zonas do país reconhecidamente mais problemáticas.
Existem vários tipos de testes de diagnóstico para a Leishmaniose Canina. A grande maioria implica a colheita de uma amostra de sangue ou de uma amostra de gânglio linfático ou de medula óssea, por intermédio de uma punção aspirativa.
Estas amostras podem ser sujeitas a vários tipos de análises.
A positividade numa análise à Leishmaniose Canina não implica que o animal esteja doente ou que vá desenvolver a doença. O Médico-Veterinário do seu cão irá também realizar um exame clínico exaustivo que ajudará no estabelecimento do diagnóstico final.
O diagnóstico precoce é muito importante, pois quanto mais cedo for diagnosticada a doença, menos disseminado esatará o parasita, mais sucesso terá a terapêutica e melhor será o prognóstico.
Os rastreios regulares de rotina devem ser efectuados preferencialmente entre Janeiro a Março.

A prevenção

A Prevenção é a medida mais importante para a saúde do animal uma vez que os tratamentos existentes não permitem eliminar definitivamente a infecção, podendo os animais apresentar recidivas passados meses a anos. Adicionalmente, o custo médio para tratar um episódio de Leishmaniose pode facilmente ser superior ao custo da prevenção da doença durante toda a vida um cão.
De entre as medidas preventivas destacam-se:
- Uso de produtos que diminuem as picadas dos flebótomo nos cães como coleiras ou pipetas especiais.
- Evitar os passeios, sobretudo entre o entardecer e o amanhecer, pois corresponde ao período de maior actividade dos flebótomos transmissores.
- Assegurar um bom estado de saúde do animal, para proteger o seu sistema imunitário. Uma boa alimentação, a vacinação e a desparasitação regulares são outras medidas de prevenção que ajudam o seu cão.
- Todos os animais doentes, em tratamento, ou que tenham recuperado de um episódio da doença, devem ser protegidos das picadas dos insectos. Estudos comprovam que em animais doentes e nos quais foram colocados coleiras protectoras, os sinais clínicos são em menor número e evoluem mais lentamente.
- Efectuar rastreios anuais da Leishmaniose Canina. Estes permitirão o diagnóstico precoce da doença e, consequentemente, um tratamento mais eficaz.
Actualmente, ainda não está disponível uma vacina contra a Leishmaniose Canina.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

A origem do nome “Pedra Mua”.

PEDRA MUA de Sesimbra para o Mundo!
A designação Pedra Mua que dá nome ao afixo do canil tem por base uma velha lenda associada à Nossa Senhora do Cabo Espichel, também conhecida como Nossa Senhora da Pedra Mua.

A lenda da "Pedra da Mua" está directamente associada ao aparecimento de uma imagem de Nossa Senhora no planalto do Cabo. A versão mais conhecida refere que Nossa Senhora foi transportada por uma "Mula" do mar até ao topo do Cabo, subindo precisamente pela laje conhecida como "Pedra da Mua".

Uma das lendas refere que em 1410, “um velho de Alcabideche observara em noites sucessivas uma luz misteriosa sobre o Cabo, pelo que pediu à Virgem que lhe explicasse o significado de tais visões. Durante um sonho, Nossa Senhora disse-lhe para se dirigir ao Cabo, pois ali encontraria uma imagem escondida há muitos séculos, desejando agora que os fiéis lhe prestassem culto. Num Sábado, a caminho do Cabo Espichel, o velho encontrou uma mulher do sítio da Caparica que também avistara uma luz misteriosa e procurava a imagem por conselho da Virgem.

Encontrada a imagem, fizeram-lhe uma capelinha em alecrim, no local onde hoje se encontra a Ermida da Memória, e voltaram para as suas casas espalhando a notícia do milagroso acontecimento, mobilizando um grande número de pessoas que começaram a dirigir-se em grande número ao Cabo Espichel”.
É neste quadro que as pegadas da "Mula" impressas na rocha, assim como a lenda a elas associada, se cruzam com identificação das pistas de dinossáurios. Toda a carga simbólica e religiosa do Cabo Espichel proporcionou um terreno fértil para a tradição popular expressar a sua fé, fenómeno que culminou com o esplendor das romarias e festas consagradas à Nossa Senhora do Cabo.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Ninhada disponivel. (Faruck)

Ninhada nascidos no Domingo de Páscoa, Filhos do Faruck (1) com uma cadela de um Grande Amigo, uma cadela Pointer espanhola de Afixo de Los Desmontes  uma vez mais, há toda uma espectativa de cachorros de enorme qualidade, dadas as caracteristicas dos progenitores e a sua reconhecida qualidade.
Exemplares acima de tudo muito caçadores e equilibrados de carácter, bastante precoces e de fácil ensino.
Cachorros disponíveis Branco/preto e Branco/laranja.

Aceitam-se reservas: pointerdapedramua@hotmail.com

(1) Origens do Faruck http://abeladama.blogspot.com/2010/01/os-nossos-caes.html

http://www.youtube.com/watch?v=qwUtV9CPJCA

sábado, 3 de abril de 2010

Santo Huberto, santo patrono dos caçadores.

Dia 3 e Novembro de cada ano que se celebra o dia de Santo Huberto[1].

É ainda invocado pelos matilheiros, arqueiros, guardas florestais, matemáticos, fundidores, peleiros, para os cães, pelos bispos que tem que governar regiões muito problemáticas, pela cidade de Liége e ainda para curar as mordeduras de cães e a raiva.

Santo Huberto viveu no período medieval, entre 656 e 728. Era filho do Duque Bertrand da Aquitania e neto do rei Chariberto, de Toulouse.

Desde jovem que era adepto da caça e muito valente a lutar com as feras. Um dia, num bosque, o seu pai foi atacado por um urso furioso que o ia matar, mas o jovem Huberto chegou a tempo e arremeteu tão fortemente para a fera que esta teve que soltar o Duque Bertrand, assim salvando a sua vida.
Foi enviado para estudar no palácio do rei de Neustria (Bélgica) mas ele tinha fracos costumes e fugiu. Foi então para o palácio do Conde de Austrasia, onde recebeu uma boa educação e casou-se com uma filha do conde Dagoberto, Floribane, da qual teve um filho a que chamou Floriberto.
Huberto esqueceu os sábios conselhos da sua santa mãe e dedicou-se unicamente a festas e desportos, deixando de ir à missa. E uma certa Sexta-feira Santa, em vez de assistir às cerimónias religiosas, foi à caça.

Lenda de St. Huberto.
Aconteceu então que, diz a lenda[2], perseguindo um veado em pleno bosque, ele se deteve repentinamente o que fez parar os cães e os cavalos. Entre os cornos do veado apareceu uma cruz luminosa e Huberto ouviu uma voz que lhe dizia: “Se não voltares para Deus cairás no Inferno”.
O jovem príncipe rapidamente foi procurar o Bispo S. Lambert, perante o qual pediu, de joelhos, perdão pelos seus pecados. O santo bispo concedeu-lhe o perdão e dedicou-se a instrui-lo esmeradamente na religião. Pouco tempo depois morria e esposa do príncipe que pode assim dedicar-se totalmente à vida espiritual. Renunciou ao direito de ser herdeiro do trono, repartiu os seus bens pelos pobres e foi ordenado sacerdote. Entrou então para o convento dos Padres Beneditinos e dedicou-se à oração, à leitura e meditação, enquanto se ocupava com trabalhos humildes como lavrador e pastor de ovelhas.
Desejava ir a Roma ver o túmulo dos Apóstolos S. Pedro e S. Paulo, e ouvir o Sumo Pontífice. E assim partiu, a pé, escalando montanhas cobertas de gelo e atravessando em pequenos barcos rios de caudais fortíssimos, até que conseguiu chegar, depois de mil perigos, à Cidade Eterna.
Estando um belo dia numa igreja de Roma, orando devotamente, quando foi mandado chamar pelo Sumo Pontífice Sérgio. Este contou-lhe que o bispo Lambert tinha sido assassinado pelos inimigos da fé e que era de opinião que a melhor pessoa para substituir o bispo morto era ele, o monge Huberto. Apesar do medo em aceitar tal cargo, uma visão sobrenatural convenceu-o que devia aceitar, tendo sido consagrado bispo da igreja católica.

Santo Huberto foi bispo de Tongres, de Maestricht e de Liège, Bélgica.
O território que competiu governar a S. Huberto era povoado por gentes que adoravam ídolos e eram muito cruéis. Ele percorreu todas as regiões ensinado a verdadeira religião e afastando das gentes as falsa crenças e as maléficas superstições.
Deus concedeu-lhe o dom de fazer milagres. Os que tinham maus espíritos, ao encontrarem-se com o santo recuperavam a paz, sendo abandonados pelos maus espíritos. Os que antes adoravam ídolos e deuses falsos, ao ouvi-lo falar tão harmoniosamente de Deus dos Céus, que fez a terra, e tudo quanto existe, exclamavam “Não nos haviam falado assim” e convertiam-se e faziam-se baptizar.
Por rios tormentosos, cruzando selvas tenebrosas, fazendo viagens muito cansativas e percorrendo os campos em procissão, cantando e rezando, visitou todo o território da sua diocese, oferecendo os sacrifícios da sua viagem para a conversão dos pecadores, e Deus respondeu-lhe concedendo-lhe que milhares se convertessem à verdadeira fé.
Um dia viu a casinha de uma mulher pobre em chamas. Pôs-se a rezar com toda a sua fé e o incêndio apagou-se milagrosamente.
Construiu um templo a S. Lamberto, o santo bispo assassinado, e para lá levou as relíquias do mártir (ao abrir-se o túmulo, depois de vários anos, o corpo estava incorrupto, como se tivesse sido acabado de sepultar). À passagem do corpo do santo vários paralíticos ficaram sarados e começaram a andar e vários cegos recuperaram a vista.
Um dia, enquanto S. Huberto celebrava a missa, entrou na igreja um homem louco, que tinha sido mordido por um cachorro com hidrofobia (ou raiva). Toda a gente saiu a correr da praça, mas o santo deu uma bênção ao louco e este ficou instantaneamente sarado e saiu da praça gritando “Voltem tranquilos ao templo que o santo bispo me curou com a sua bênção”. Por isso muita gente invoca S. Huberto contra as mordeduras de cães raivosos.
Outro dia aproximou-se do mar e viu que uma terrível tempestade afundava uma barca cheia de pessoas, e que todos os passageiros caíam entre as ondas embravecidas. O santo ajoelhou-se e orou por eles e milagrosamente os náufragos saíram sãos e salvos. Por isso mesmo os marinheiros têm muita fé a S. Huberto.
No ano 727 Deus anunciou-lhe que estava prestes a morrer, pelo que ao terminar a missa deixou os seus fiéis. “Já não voltarei a a beber deste cálice entre vocês”. Pouco depois adoeceu e morreu santamente, deixando entre as gentes a recordação de uma vida dedicada totalmente ao bem dos demais.

Santo Huberto morreu no dia 30 de Maio de 727.
Santo Huberto foi canonizado em 743.
O seu corpo foi exumado da igreja de S. Pedro, em Liége, em 825; embora morto há muitos anos o seu corpo estava em bom estado, provando a sua santidade a todos os que o viram

[1] Um outro santo, com o mesmo nome, celebra-se, pelo menos em França, a 30 de Maio.
[2] A lenda de Santo Huberto surgiu provavelmente entre os séculos XII a XIII, mas apenas aparece documentada no século XV.