segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

O melhor momento de sempre!

Com já vários lances de grande emoção este ano e outros anteriores, este superou todos eles, ao ponto de pensar constantemente no momento vivido.
A manhã era como tantas outras deste ano, não muito fria no meio de uma aberta entre dias de mau tempo. O terreno é de calhau rolado, onde provavelmente já correu água, vá-se lá saber se salgada ou doce, agora nascem estevas tão do agrado do pássaro.
O pássaro, esse já era conhecido, pois já tinha sido parado e errado uma vez, desta não sabia o que esperar, pois não estava certo se da ultima vez a tinha chumbado, rezava para que não.
Sabia onde ela gostava de estar, numa zona de estevas num planalto, o cão antes de lá chegar remonta com muita beleza e segurança e pára numa zona de muito bom aspecto, mas ao soar do beeper saem duas perdizes, já andam em casal, preparando-se para procriar, pelo que não atirei.
Levo o cão para a zona onde ela gosta de estar, pensando se o pássaro estaria ou não lá, se não estivesse é porque muito provavelmente a teria atingido e não a tinha cobrado, mas o Faruck a uns 40 metros do local habitual, começa a remontar e fica parado junto das estevas, eu rapidamente dou a volta e meto-me de frente para o cão, enquanto o beeper entoa aquele som indescritível, qual banda sonora de um bom filme, o cão não mexia, imóvel com o pássaro controlado que estava entre nós os dois, por entre as estevas vislumbrava o branco do cão, o pássaro de certo sairia para o meu lado e assim foi, sai direito a mim, fazendo aquele barulho típico das Galinholas que saem das estevas “pápápápápá” de repente vê-me e tipo avião da 2ª guerra faz uma manobra evasiva a não mais de 2 metros de mim, vira rapidamente mostrando-me o peito, o bico, as cores lindas que ostenta, deu para ver as risquinhas do peito, as penas brancas do rabo e se anilha tivesse quase dava para ver as inscrições, talvez hipnotizado por tamanha beleza e, depois de inverter a marcha e ter rodado novamente para cima do cão, erro-a com dois tiros, não queria acreditar que tinha errado aquele pássaro, tão bem trabalhado pelo cão. Que lance tão belo, tão intenso e especial, espero agora que ela se apresente mais uma vez e, que da próxima me dê com abate ou sem ele a mesma emoção que deu neste, porque, como dizem os bécassiers franceses, “caçar o mais possível, matando o menos possível” pois nada melhor que este lance para provar que também se têm emoções fortes mesmo sem haver abates, embora sinceramente este lance com outro final tivesse um outro sabor.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Com cheirinho a Natal.

A manhã despertou tardiamente, fruto de um céu escuro e chuvoso mas com cheirinho a Natal.
Por norma todos os anos dá-me um gostinho especial caçar neste dia, talvez o espírito se apodere de mim, talvez o facto de ter a família em casa a passar as festas e, levantar-me cedo antes de todos os outros, pegar no cão e ir para a caça tenha um sabor algo diferente.
Foi o que fiz mais uma vez, confesso que a noite foi mal dormida, sonhando e pensando no pássaro, por estranho que pareça pois a época já vai larga e o pássaro ainda me consegue tirar o sono. Tinha a forte convicção que este temporal tinha mexido com as Galinholas, que elas encostariam em zonas de pinhais velhos e mais abrigados para passarem por este mau tempo.
A volta seria a mesma, sozinho com o cão, equipado para a chuva pois essa sem dúvida estaria presente pela manhã e lá começamos nós.
Entro na mancha pelos passos do costume, o cão esse, já sabe a volta que tem a fazer, faz os cantinhos dele um a um, pois também ele tem as suas preferências, também ele sabe das crenças e dos pontos mais quentes, não mais de 10 minutos e já tocava o beeper, numa zona limpa, o que confirmava as minhas expectativas, mas não saía nada, tinha levantado pouco antes do cão ficar parado, mas pela forte expressão do cão dava para ver que aquele pássaro era real, era a minha vez de pensar, meti o cão nas zonas que sentia que ela poderia agora estar, ao longe vejo um pássaro a voar, mas dada a distancia não consegui descortinar o que seria, a minha ideia seria entre um melro e uma Galinhola mas, mais a atirar para o melro, continuei na procura daquele pássaro em particular, pois sabia que estava por ali algures, mas que não seria fácil pois era uma pássaro que entrara nessa mesma noite, não dominava o terreno e andava de levante à nossa frente, num típico comportamento defensivo.
Chegando ao fim da mancha e nada de pássaro, dou a volta e faço o terreno no sentido inverso e mais junto da extrema e para a zona que se tinha dirigido o suposto melro, é aí que o Faruck a pára por poucos instantes até que ela sai larga antes de me aproximar do cão, ainda atiro mas não lhe toco, mas pelo menos confirmava a minha ideia e a do cão que certamente não precisava de a ver para saber que ela existia. Vou então à procura dela, com a certeza de a encontrar novamente, pois o cão é muito forte na rebusca das Galinholas, não mais de 3 ou 4 minutos e aí estava ele parado com ela, acerco-me do cão mas já estava nas nossas costas, sai mas ainda assim larga cai ao primeiro tiro, pouco depois vinha o Faruck com ela na boca a dar ao rabo, para ele era também uma alegria, olhei para o relógio, tinham passado 45 minutos, três quartos de hora no encalço de um pássaro que nem eu nem o cão tínhamos visto, mas sabíamos ambos que ela estava por ali.
A volta agora seria a minha volta do costume, decido ir ver uma pontinha de mato que costuma meter um ou outro pássaro nas entradas, esta época já lá tinha morto uma, o cão caçava ao seu ritmo, forte como se não houvesse mato, faz um rasto e pouco depois fica parado, o pássaro sai largo mas é abatida facilmente e cobrado com a alegria do costume, estava radiante, 2 pássaros no sapatinho.
Tive ainda um outro pássaro, uma velha conhecida que já foi parada e errada varias vezes, o cão desta vez parou-a por 2 vezes, por duas vezes que se ouvia o beeper interromper o soar do vento nos pinheiros, mas pelas duas vezes que quando lá chego o pássaro já não estava lá, a zona é fechada complicada de andar, não lhe meti os olhos em cima em nenhuma das vezes, fica para outra faena.
No caminho para o carro, vinha a pensar, pensamentos típicos de quem anda a gosto no campo e tem dois pássaros cobrados. Olhei para o cão e via-o correr com aquele galope alegre dele, feliz, mesmo feliz, com a felicidade de quem gosta do que faz, alheio ao frio, à chuva, ao tojo e terrenos difíceis, eu pensava no que leva alguém a levantar-se da cama numa noite fria e chuvosa para ir para o campo, sinceramente não sei explicar, talvez quem sinta o mesmo que eu me entenda, mas de certo muitos acham-me maluco, acham que um pássaro tão pequeno de bico cumprido não vale tanto esforço, mas enquanto sentir o latejar do coração nas mãos serradas que seguram a minha bela justaposta quando a adrenalina se apoderar de mim ao soar do beeper, irei para o campo como se fosse sempre uma abertura!

Bom Natal e votos de boas caçadas a todos.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A beleza do primeiro abate.

A pedido de alguns dos seguidores do meu Blog, regresso aos meus relatos sobre as minhas jornadas, pelo menos um deles não precisa dos meus relatos, pois vive a meu lado os lances, ou melhor vivemos os lances um do outro, com entrega e respeito.

Após algumas jornadas desfrutando ao máximo de lances magníficos, aqui fica com um certo atraso o relato da jornada com o primeiro abate da época, aquele que fala sempre mais alto, pois são meses de espera, de angústia e, mais perto até alguma ansiedade pelo primeiro levante.
Com umas tantas jornadas precoces deu para ver que a época era sem dúvida uma época que começariam cedo os levantes, em Outubro já se ouviam noticias de levantes e no inicio de Novembro de abates, cedo também eu constatei que seria uma época diferente.
Na segunda jornada errei o primeiro pássaro parado pelo cão, numa manhã em que me parou 3 Galinholas e não logrei nenhum abate, apenas o companheiro abriu a época, eu fiquei a zeros, dando apenas para ver que os meses de interregno não levaram ao Faruck o seu jeito natural para encontrar, trabalhar e parar Galinholas pois, após tantos meses pára 3 Galinholas de entrada, sempre mais difíceis de parar e controlar, como se fossem pássaros de final de época, infelizmente duas não consegui sequer atirar e outra delas parada numa limpa a uns 200 metros de mim, que depois de bem bloqueada e com o beeper a tocar incessantemente, saiu-me a beijar o chão limpo, quase como um coelho, ainda lhe toquei com o único tiro que fiz, quase que caiu mas vá-se lá saber porquê ganhou fôlego e rodou para trás e foi passar a jeito do companheiro que a meteu no chão, e que assim abria a época, nesse dia o cão ainda me parou uma das de manhã novamente numa limpa, mas desta vez nem sequer deu para me aproximar, saindo o pássaro largo.

Bem mas deixando para trás momentos de gloria para o pássaro relato então a minha terceira jornada, a que fiz os primeiros abates.
A manhã era como tantas outras, com o coração cheio de convicção, a convicção que me faz levantar cedo para ir para o campo, a forte convicção de que viverei novamente momentos que só um “Becadero” entende. Desta vez sozinho no campo, acompanhado apenas pelo cão, como tanto gosto, fazendo as coisas somente à minha maneira dando as voltas a gosto, vivendo os lances na sua totalidade.
Comecei nem sei porquê um pouco mais acima da mancha habitual, mal saio do caminho e meto o cão na mancha, este começa a fazer um rasto muito forte, conhecendo o cão como eu conheço, percebi o que seria, não queria acreditar, um pássaro a abrir o pano, o cão alheio dos meus pensamentos fazia o trabalho dele, mas perderia o rasto do pássaro, àquela hora da manhã isto por vezes é normal, pássaros de entrada na borda de um caminho que ficam ali mal se mexem não deixando muitas pistas para o cão trabalhar, mas cada um saca os Galões que tem, foi o que fez o Faruck, fazendo então um lance digno de registo, o terreno é uma espécie de chapada ligeiramente a subir, o cão na base da mesma perdendo o rasto faz à velocidade alucinante dele um lance até ao cimo do terreno no limite do mato, vindo a lancear da direita para a esquerda direito a mim que estava na zona inicial onde ele sentiu o pássaro, a não mais de 20 metros de mim o cão faz uma derrapagem, ficando parado virado para o lado oposto de onde vinha, um pinheirito pequeno e um tojo mais alto escondiam um pássaro cansado da viagem que teimava em não sair, o som do beeper tocava conta de mim, ajeitei-me e o pássaro sai de uma forma atabalhoada, nitidamente fruto do cansaço, abatida ao primeiro tiro. 3 Minutos não mais, 3 minutos à Faruck e a nobre sensação do primeiro cobro da época, jamais esquecerei este lance, a inteligência do cão, que após ter perdido o rasto usou a cabeça e fez toda a mancha para encontrar um pássaro que ele sabia que estava ali.
Passado não mais de 5 minutos ali estava ele novamente parado, com uma das conhecidas dele, como velhos conhecidos defrontavam-se novamente, desta vez parada bem longe, o cão guiou mais de 30 metros de cabeça no ar, ainda assim o pássaro sempre a pés levanta-me larga, eu erro-a e vejo-a ir morrer indignamente nas mãos de um coelheiro, por estranho que possa parecer e sem me sentir melhor que ninguém, senti pena, quase luto por aquela Galinhola, por ter morrido de uma forma indigna e sem história, olhei pelo canto do olho e vejo o pássaro enpiolado pela cabeça, manchando de sangue umas calças camufladas, um triste cenário! Um forte suspiro e lá continuei lamentando a perda.
Era hora de pensar o resto da jornada, decido ir ver uma zona de entrada, que mete uns pássaros na entrada, o cão esse conhece cada tojo, cada pinheiro, e cada cantinho que a Dama gosta de se esconder. Imbuído nos meus pensamentos desperto com o Beeper a tocar, ali esta mais uma, acerco-me do cão e ele sai a guiar ficando novamente parado com o pássaro, sai tapada e erro-a, uma asneirada forte e a convicção de que o cão a encontrava novamente, pois bem não mais de cinco minutos e aí estava ele novamente com ela no nariz, perfeitamente controlada desta vez abatida ao primeiro tiro, não consigo descrever o que se sente ao ver o cão com ela na boca, é algo surreal, quase mágico, há tanto que não sentia esta emoção.
Mais umas voltas para tentar fazer as 3, e numa zona de tojo serrado, duríssimo para caçadores e cães, o cão faz a mancha toda no esconde e encontra com mais um pássaro, o rabo parecia uma ventoinha que só roda assim quando ele tem uma Galinhola pela frente, eu colado ao cão de mãos cravadas à arma esperava que ela saltasse a qualquer momento, mas não o cão bloqueia a Galinhola junto a uns pinhos pequenos, beeper a tocar, sentia o coração a latejar nas mãos que fortemente seguravam a arma, o cão, esse nem mexia, eu sabia para onde ela ia sair, só podia ser por ali, e sai mesmo, erro-a com os 2 tiros, não queria acreditar, como é possível isto, saiu-me até boa. Este pássaro curiosamente foi parada mais 2 vezes pelo cão mas sempre sem me deixar sequer atirar, até que algum coelheiro a deve ter abatido, deixei depois de a ver.
Uma jornada repleta de lances magníficos 2 abates e um trabalho de mestre do cão, que qual Vinho do Porto, melhora com os anos.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Vendo Pointer com experiencia em Galinholas.

Pointer Preto unicolor com 3 anos metido na caça Brava e com experiencia nas Galinholas. Com LOP e Afixo. Excelente nariz e morfologia, ligado e a caçar sem colar eléctrico.































quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O cão pára a Galinhola ou a Galinhola deixa parar o cão?

Quem pára quem?
Esta é uma duvida que assiste a muito caçador, serão os cães, os verdadeiros cães de Galinholas capazes de Parar as Galinholas todas ou nas circunstancias normais quase todas, tendo uma efectividade muito elevada, ou serão as Galinholas que se deixam parar pelos cães?
Eu penso que tudo tem a ver com a qualidade do cão, do seu nariz sensível e de uma inigualável experiencia nesta caça adquirida ao longo de anos de caça que, há mais pequena emanação, é capaz de a trabalhar e entrar em mostra com uma firmeza e convicção inacreditáveis. Claro que há galinholas que não se deixam parar, ou em condições ditas normais não se deixam parar, mas por vezes nestas situações cabe-nos a nós caçadores alterar a situação e dar uma perspectiva nova do lance ao cão, por vezes num pássaro arisco o simples facto de entrar-mos pelo lado oposto da crença faz toda a diferença e surpreendido já suporta uma mostra, pois o seu caminho favorito de fuga está agora “tapado”, sendo que estes exemplos são felizmente muito poucos.
Pelos cães que tenho acompanhado, alguns de muita qualidade, pelos cães que tenho, é com forte convicção que penso ser o cão quem domina o lance e não o contrário, são os cães que param as Galinholas e não as Galinholas que se deixam parar pelos cães, isto porque uma galinhola não escolhe um cão de entre muitos para a parar, pois que motivo há então se assim não fosse, um determinado cão meter um pássaro no ar e, outro cão parar logo a seguir esse mesmo pássaro, num segundo lance sempre mais complicado?!
Estas opiniões são muito pessoais, em conversa sobre este tema com Amigos Becaderos cheguei a uma conclusão muito curiosa, os que têm bons cães, pensam da mesma forma que eu, os que têm cães mais fracos nesta disciplina, mais novos ou inexperientes, são da opinião contrária, ou seja a opinião que temos baseia-se no cão com que caçamos, se é bom, forte e efectivo é o cão que domina o pássaro e o lance, se o cão é mais fraco damos a desculpa mais ou menos sincera de ser o pássaro que determina o lance e o seu desenrolar.
Acima de tudo o importante é divertirmo-nos com mais ou menos cão!