segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Diz-me como tratas os teus cães e dir-te-ei quem és.

Esta frase pode parecer estranha a muitas pessoas, mas o seu conteúdo é demasiado sério para fingirmos que não tem qualquer nexo nos dias de hoje.
Para mim assumido Becadero o cão é o actor principal a par com a Bela Ave, eu sou apenas um mero actor secundário que por vezes dá por finda a representação, pelo que tenho uma imensurável paixão pelos meus cães, tudo o que lhes posso dar não é comparável ao que eles me dão não só mas sobretudo no campo, um ladrar alegre e sincero quando chego a casa é para mim uma bênção.
Um cão bom ou mau merece o seu espaço a sua comida e o carinho de um dono dedicado, não podemos só parece-lo, temos sobretudo que sê-lo, não podemos ser cínicos de nos acharmos puros e distintos por defender uma causa e deixarmos para segundo plano os nossos cães, especialmente cães de Galinholas. Temos de cuidar dos nossos cães diariamente, têm de sair, têm de passear, de conviver connosco, de se sentirem felizes e acima de tudo nos concederem o papel de donos. Este papel é importantíssimo, um Cão de Parar é um ser mágico, maravilhoso, capaz de nos proporcionar momentos únicos, mas será que nós lhes proporcionamos momentos idênticos?
Será que aqueles cães que não saem o ano todo de um canil minúsculo, que não vêm a cara do dono durante semanas, onde quem lhes dá uma palavra ou aquele olhar cúmplice é a empregada ou a sogra, têm uma vida feliz fora das grandes arenas cinegéticas? Sinceramente não creio, um cão qualquer merece mais, um cão de parar nem se fala! Como se pode exigir de um cão que numa abertura tenha a resistência para uma manhã exigente de caça, quando está pesado, em baixo de forma com as patas assadas, pois há meses que só conhecem o cimento do canil.
Está na hora de sermos conscienciosos, de olharmos pelos nossos cães como eles merecem, de os vacinarmos atempadamente e não no dia de tirarmos as licenças, de lhes darmos campo, boa alimentação, não os deixarmos engordar e sermos para eles um companheiro no dia a dia e não somente quando deles precisamos, são como atletas de competição, requerem treino, boa alimentação, e um equilíbrio psicológico para que estejam preparados para as grandes jornadas, para que cada lance transmita a alegria única de um verdadeiro Cão de Parar.

Com ou sem a mão humana!?

Com muitos ou poucos defeitos, somos um país de pessoas civilizadas, ou pelo menos a maioria de nós gabamo-nos disso, o caçador auto-intitula-se e citando uma frase que agora pegou moda, “ecologista” concordo até que sejamos todos um pouco ou até muito mais conscienciosos da natureza, da sua fragilidade, do nosso lugar perante ela e das consequências dos nosso actos, o caçador moderno é diferente, não é melhor nem pior que o velho de pele enregelada de botas duras e frias, que via a caça e a natureza com outros olhos, que achava que a caça só por si era auto-suficiente e que para criar bem apenas carecia de bons ventos que lhe torcessem a bonança na altura devida e a chuva na abertura da geral. O caçador moderno por força da educação, da televisão da sua mais apurada consciência ecologista fruto de vários factores tem outra ideia, a caça carece da nossa ajuda para sobreviver ao ponto de nos permitir ter jornadas proveitosas sem colocar em perigo gerações vindouras. Os campos já não são cultivados, os invernos secos e a diminuição de terrenos de caça faz com que a mão humana seja fundamental, comedouros e bebedouros, são imprescindíveis, uma real consciência do numero de efectivos de cada espécie e delimitar o limite de abates é fundamental para uma actividade cinegética sustentada, por mais que isso nos custe.